3. Chove Chuva ou Se Me Lembro Faz Doer

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Inspirado no filme Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo

1 dia (e algumas horas):

Hoje foi uma segunda. Eu levantei e fui trabalhar. Quando terminei com ela, eu achei que o mundo fosse parar. Mas não parou. Hoje o despertador tocou as seis e eu me lembrei que tinha que levantar e ir trabalhar. Também me lembrei que ela sempre acordava as oito, duas horas depois. Quando dormíamos juntas o meu alarme tocava e eu me atrasava porque ficava brincando com ela e seu humor que variava, colocando minhas pernas entre as dela embaixo das cobertas.

Vai trabalhar, Vitória. Ela dizia. E eu ia, sorrindo.

Eu andei por mais tempo que o necessário pelo centro naquela noite. Dei uma olhada nas vitrines, nas pessoas. Tentei não me lembrar.

Mas a mãozinha dela entrelaçando os dedos nos meus.

Que inferno.

3 dias:

Eu vi ela de relance hoje. Sai de lá antes que fosse tarde. Mas não é como se eu não tivesse procurando, de qualquer jeito. Me acostumei a ir nos mesmos lugares que ela ia. Eu vejo os amigos dela e quero falar com eles, mas todos me lançam o mesmo olhar de pena e confusão. E eu não sei também. Não sei o que dizer a eles. É uma pena mesmo acabou a gente se dava muito bem quem sabe não tem chance da gente tentar se acertar?

5 dias:

Tem certeza que tu não viu?

Ela tinha vindo buscar as coisas que deixou na minha casa.

É um livro didático roxo. Eu expliquei. Se tivesse aqui eu teria visto.

Ela tinha certeza que havia deixado o livro que usava de base pro TCC ali, largado no apartamento.

Eu me lembrei que ela costumava estudar na minha casa. No meu sofá, na minha cama. De camisetão e calcinha. Ela reinventava a bossa-nova enquanto eu digitava meus documentos.

Ela costumava agir como se fosse parte da casa. Deixava os sapatos junto à porta, sua cópia das chaves na mesinha ao lado da porta. Ajeitava o cabelo no espelho, mudava minhas almofadas de lugar.

Agora Clarice andava pelo lugar cinzento, tentando se livrar dela mesma. Ela achava que as coisas funcionavam assim, que ela podia controlar como todo o resto do mundo a via. Que se ela quisesse, podia se deletar de dentro de mim.

Ela trouxe uma samambaia pra dentro do apartamento. Porque no dela era ruim pra plantas. Ela deixava sempre a cafeteira ou a chapinha ligadas. Ela sempre esquecia de apagar as luzes. Eu costumava me estressar com isso. Mais de uma vez, deixei que aquilo virasse uma discussão desnecessária. Agora eu implorava a ela que esquecesse mais coisas largadas pela casa. Que ela se perdesse entre os móveis, qualquer coisa. Ela podia botar fogo em mim.

6 dias

Ela voltou procurando pelo livro. E quando dei por mim, estava desbotoando a calça dela. Minha mão deslizou com dificuldade pela calça apertada, e ela sorriu enquanto nos beijávamos porque sempre tive dificuldade com calças e botões. Meus dedos finalmente chegaram aquele espaço macio e úmido entre as pernas dela, que gemia de volta dentro da minha boca. Ela gemia meu nome e pedia por mais enquanto eu a provocava. Ela me jogou na cama e subiu em cima de mim, tirando meu short de pijama e rebolando em cima da minha cintura. Eu tirei a camiseta que ela vestia e coloquei as mãos em seus peitos, as pontas duras dos mamilos entre meus dedos enquanto ela jogava o pescoço branco pra trás.

Sempre fui fã de sexo de reconciliação. Eu pulsava de prazer e sentimentos não resolvidos, meu corpo implorando pra dizer a ela que nada daquilo era aceitável e que eu precisava que ela gritasse meu nome uma última vez.

BABY - E outros contosOnde histórias criam vida. Descubra agora