Em um mundo sem cor

In(certezas)

EMMA

Especialmente aquela noite era estrelada e iluminada, Guilda e as crianças haviam acabado de dormir e estava caminhando pelos corredores com uma lâmpada nas mãos

Sinto a mão de Isabella no meu ombro, seu toque era macio mesmo com as mãos frias, igual o de anos atrás. Olho para trás e encontro os olhos negros de Isabella, os mesmos de Ray.

Por mais que ela tenha mentido para nós, depois de saber da verdade sinto que ela não tem culpa. Os demônios manipulam você e te obrigam a fazer oque querem, um verdadeiro inferno

ISABELLA: Minha pequena Emma... Olhando assim nem parece a mesma garotinha ingênua e doce de anos atrás...

EMMA: Eu sei... Mamãe... Estou fazendo o certo...  Mentindo para eles?

ISABELLA: Emma.... Eu sei que é difícil, por mais que não pareça eu sentia o mesmo quando era mama

EMMA: Amanhã Ayano será levado... Ele assim como Ray sempre soube da verdade... Mas eu não consegui o impedir... Eu vi como olhava para mim...

ISABELLA: Ele se aproximou justo de Ray não é?-- ela dá um sorriso fraco-- Oque tinha na cabeça de te dar um serviço tão pesado... Eu sinto muito

NORMAN: Ninguém mais será levado-- escuto Norman no fim do corredor, ele se aproxima-- acharemos um jeito de te tirar daqui!

EMMA: Norman... Mas se descobrirem que estou atrasando a colheita o selo...

Coloco a mão no número do meu pescoço, uma vez que quebrasse as regras o mesmo se romperia e eu seria morta sem piedade. Norman coloca a não sobre a minha e sorri

NORMAN: Vai ficar tudo bem Emma...Eu prometo que não irei deixar ninguém te machucar!

Seus olhos azuis brilhavam com a lâmpada que segurava nas mãos. Eu estava confusa, queria sair daquele lugar o mais rápido possível mas era impossível sair dali, nem mesmo Norman ou Ray conseguiria achar uma saída. Mas ao mesmo tempo estava feliz por estar na companhia deles

Isabella observa Norman e sorri, ele retribui de maneira gentil, como se não se importasse com oque houve no passado, ele havia a perdoado...

ISABELLA: Norman... Vendo você aqui, tão maturo mas continua tão gentil, e pensar que te obriguei a cumprir o serviço sujo naquele laboratório

NORMAN: Eu sei seus motivos mamãe, sei seu passado e oque você passou até chegar onde chegou... Ele... Ele me contou...

ISABELLA: Leslie? Leslie lhe contou não?

NORMAN: Sim...

ISABELLA: Fico feliz que estejam bem... Agora eu tenho que dormir, amanhã volto para o laboratório cumprir o trabalho de Leslie

NORMAN: Você vai assumir o trabalho dele? Mas...

ISABELLA: Eu confio o futuro dessas crianças a vocês... Fujam e sejam livres... esta é a minha última ordem!

NORMAN:  Certo...

Estava confusa, até oque sabia Leslie estava morto. Portanto era tarde demais para perguntar qualquer coisa afinal Isabella não estava mais lá.

Norman aperta meu ombro de maneira gentil e sorri para mim, estava confuso também mas sabia disfarçar

NORMAN: Você me prometeu un encontro não é?

EMMA: Bem... É,  eu prometi

Sorrio e acompanho Norman, seguimos pela campo perto a floresta, ele permanece calado mas sorridente

EMMA: Então Leslie está vivo?

NORMAN: Você sabia sobre ele?

EMMA: Isabella me contou

Aquela noite não sabia se acreditava ou não nela, mas seu olhar era tão sincero que não consegui pensar e acreditei, pelo visto Norman tinha contado com ele no laboratório

NORMAN: Ele trabalhava no mesmo laboratório que eu, ao enves de ser levado a colheita assim como eu foi obrigado a pesquisar um jeito de criar crianças artificialmente que não fossem capazes de descobrir o segredo do "orfanato"

EMMA: Crianças criadas artificialmente?! Isso é doentio!

NORMAN:  Eu sei... Mas eu não tinha escolha, não consegui fazer nada...

EMMA: Então ele está vivo?

NORMAN: Não... Ele morreu para que conseguisse fugir... Ele se sacrificou

EMMA: C-como?

perder alguém importante é uma sensação horrível e só quem já perdeu alguém sabe. Quando achei que Norman estivesse morto foi horrível. Mas agora uma faca atravessou meu coração

NORMAN: Quando Ray arrombou a porta ofegante antes que pudesse assimilar oque havia acontecido lembro de ver Leslie segurando o servo dos demônios e nos mandando fugir

EMMA: Entendo... Oque houve com Ray?

NORMAN: Ele matou um dos demônios, de algum modo descobriu como e conseguio me salvar

EMMA: Ele... Ele matou um demônio?!

Ele acena com a cabeça. A única vez que tentei matar um sai extremamente ferida, como Ray conseguiu?

NORMAN: Emma... Quando fui levado escrevi uma carta, uma carta para você, creio que seja justo deixa-la ler...

Ele me entrega a carta sem me olhar, como se estivesse com medo da minha reação ao ler ela, abro a carta

Emma... Prometemos manter contato antes de saber da verdade não é? Mas agora você nunca mais se lembrará de mim, tudo que construímos juntos será destruído e se tornará fria e calculista, seu sorriso desaparecerá, e eu ficarei aqui até o último momento de minha vida pensando em você... Eu te amo Emma, sempre te amei mas acho que é tarde demais para te falar isso. Eu ainda sinto as lágrimas que derramei aquela noite sem deixar que ninguém visse, de você tentando me salvar e eu recusando, da frieza nos olhos de Ray que escondiam a dor que sentia, eu sinto tanta falta de vocês... Eu só queria poder ver seu sorriso novamente Emma... Eu só queria que tudo voltasse ao normal...

Sinto uma lágrima escorrer lentamente de meus olhos enquanto lia, eu realmente havia me esquecido dele por um tempo mas não havia motivo para lamentar, eu me lembrava dele agora. Eu percebi que realmete o amava