Nosso último adeus

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RAY

Caminhava pelo bosque com o olhar fixo nas nuvens, o tempo havia passado mas ainda estava com uma dor forte do peito, preocupação, insegurança, raiva e medo eram os únicos sentimentos que provavam que estava vivo.

Hoje Ayano seria levado, no entanto diferente do imaginado, sua expressão mais cedo não demonstrava medo ou tristeza, estava disposto a morrer, quem sabe também ache que a morte era melhor que viver nessa mentira e ver todos irem embora e ficar sozinho.

Ele havia me dito mais cedo que estava contando comigo para salvar as crianças, dar a elas um lar de verdade e não uma mentira. Estava certo de que conseguiria mas aos poucos isso parece impossível, o plano de Anna estava quase pronto e era ótimo mas nem tudo pode ocorrer como dito.

Anna estava disposta a lutar conosco e deixar as instruções a outro mas a impedi, é extremamente difícil matar um demônio e não podia arriscar.

Olho em volta, perto do orfanato pude ver as crianças com olhos marejados e Emma entregando uma mala para Isabella, havia ouvido falar que iria embora mas não quis acreditar, por mais que estivesse mentindo para nós ainda a via como uma mãe...

Vou até elas, Isabella dá um sorriso fraco e me abraça forte, senti suas lágrimas e apoiei minha cabeça no seu ombro, segurei as lágrimas enquanto ficávamos em silêncio

ISABELLA: Sinto muito... Eu não poderei me redimir pelos meus erros...

RAY: Você já fez oque pode

ISABELLA: Ray... Quero que saiba que por mais que tivesse um objetivo por trás, sempre te vi como meu filho.

RAY: Você também sempre será minha mãe, eu te perdoo por tudo que fez, fiquei ao seu lado porque sabia que não era oque queria fazer

ISABELLA: Obrigada... Eu sempre vou te amar Ray... Não importa se quebrar as regras, e eu sempre vou te apoiar!

RAY: Isabella...

ISABELLA: Tenho que ir... Por favor salve essas crianças, por mim...--Ela sussurra

RAY: Pode contar comigo!

Ela acena para os outros e começa a caminhar, Emma apoia a mão no meu ombro e sorri

EMMA: Nos veremos de novo

RAY: Com certeza...

Horas depois: 17:40h

Estava mal, não podia negar, mas também expor isso para os outros implorando por ajuda ou chamando atenção não mudaria, tentei parar de me cobrar demais e resolvi jogar pedras no rio como fazíamos quando pequenos.

A culpa por não conseguir salvar Emma e Guilda me fez começar a tornar medidas drásticas quanto a minhas ações, ser mais calculista e pensar demais em tudo, isso fez com que começasse a me auto pressionar e querer todos em minha proteção.

Escuto passos vindos até mim, era Norman, Emma estava logo atrás com um olhar aterrorizado

EMMA: Por que...? Por que não nos contou que estava mal? Por que mentiu Ray? Nós eramos melhores amigos...

RAY: Exatamente... Eramos, ou melhor... Vocês eram... Eram inseparáveis e eu era apenas um simples amigo

NORMAN: Como assim? Ray nós te amamos, nunca nenhum de nós se importou mais com outro!

RAY: Não seja ingênuo! Você nunca se importou comigo! Agia sem pensar porque amava Emma e nunca me ouvia!

EMMA: Ray se acalme...

RAY: Cale a boca! Parem de se fazer de vítima! Vocês tem um ao outro não precisam de mim... Aé, sem mim vocês não conseguirão matar um demônio... Por isso vieram me ver...

NORMAN: Está errado! Nós estamos aqui porque nos importamos!

EMMA: Escute ele Ray... Se não me importasse teria deixado você se matar aquela noite...

RAY: Se se importasse não me deixaria sozinho com as crianças. Se se importasse, Norman, não teria se rendido.

NORMAN: Você não está entendendo... Por favor nos deixe te ajudar, você não precisa fazer tudo sozinho

RAY: Eu não preciso que sintam pena

EMMA: Egoísta!-- Emma grita com os olhos cheios de lágrimas-- Como você acha que eu me sinto com isso tudo acontecendo?!

NORMAN: Viu? Você fez ela chorar, assim como fez Anna chorar.... Você é um monstro Ray

RAY: Um monstro? Realmente você está certo, então deixem o monstro sozinho--Dou as costas e sinto Emma me puxar

EMMA: Ray por favor... Se você ir ficaremos tão sozinhos... Norman não falou por mau... Ray nós te amamos, por favor não nos deixe...

RAY: Não se preocupe, o plano está de pé, iremos te salvar

EMMA: Do que adianta ser salva mas perder um amigo como você

NORMAN: Ray...

RAY: Eu só preciso de um tempo

Começo a caminhar ignorando o resto dos argumentos de Norman e Emma

De noite: 22:00h

Chego no abrigo e vou encontrar Anna, queria me desculpar por faze-la se preocupar, pensei nas palavras de Norman e Emma, talvez possa os desculpar, agi por impulso, sei disso mas eu precisava respirar

Entro na casa, todos estavam com olhares horrorizados, Anna estava com os olhos marejados, vou até eles

RAY: O que foi?!-- seguro os ombros dele

ANNA: Sinto muito Ray...--Ela me abraça e começa a chorar

RAY: Onde está Thoma?

DOMINIC: Ele... Ele foi pego

RAY: C-como?

ANNA: Eles nos acharam... Eu não consegui fazer nada... Me desculpe..

RAY: Os demônios atacaram?!

MARK: Sim...

RAY: Anna... Não se culpe... Eles são fortes demais...

ANNA: Mas eu...

RAY: Você está ferida?!

Vejo o sangue em sua camisa,um corte próximo ao estômago, seguro ela e a deito no sofá, Julie vem com alguns remédios e instrumentos medicinais

JULIE: Vou tratar de seus ferimentos!

Me sento no chão observando os pés, eu havia falhado em protege-los, eu fui fraco? Eu devia estar aqui, os deixei sozinhos...

RAY: Como sabiam onde estávamos

NAT: Alguém contou nossa localização

RAY: Está dizendo que há um traidor entre nós?!

NAT: Exatamente...
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CONTINUA

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