especial: e s p e r a n ç a

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No instante em que seu olhar ardeu em mim, eu senti o desafio que seria você. Você acha que fui ingênua, não é? Acha que eu não sabia com quem eu estava lhe dando, acha que eu não sabia o quão fundo eu teria que ir pra te alcançar. Pois tenho uma novidade pra você: você estava errado sobre isso. No instante em que senti o teu perfume, e seu sorriso sedutor se direcionou a mim, eu sabia que eu deveria apenas continuar, como se nunca tivesse tropeçado nesse abismo. Mas você lançou o desafio, e isso te fez irresistível pra mim. Porque eu queria te mostrar até onde eu seria capaz de ir, e quão forte eu poderia ser. E eu abracei você por completo, e foi como deitar em lâminas afiadas, cada vez que eu forçava mais, machucava mais. Mas isso me encorajava, porque finalmente você estava vendo o quão fundo eu ia por você. E por um instante, eu senti tanta esperança, que praticamente me tornei a própria. Eu me sentia sua esperança. Eu sentia que era capaz de te tirar do abismo. Mas você, você não queria sair do abismo, porque como você mesmo disse, você não está no abismo, você é. E você, conhecendo cada parte de mim como ninguém, resolveu dar o golpe mortal e, parabéns, você conseguiu matar a esperança. E mais uma vez você venceu. E por dias eu fiquei caída no seu abismo, não por querer, mas porque o golpe foi tão profundo, que eu não conseguia levantar. E em um relance, eu percebi que mesmo você vencendo, parecia não estar satisfeito. Será que percebeu que ninguém jamais irá tão fundo por você como eu fui? Não sei, não importa mais, porque eu fui fundo o bastante para saber que pra você, não há esperança.

Esperança

E. Albuquerque

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