6º Acto

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Local quarto, lampada apagada, música alta, melancolia no ar. Não sei quando passei a ter esta rotina mas, é incrivel como é tão indiferente para mim é como se as coisas que um dia me foram prazerosas hoje não passam de uma coisa comum agora. Já faz tanto tempo que não falo com meus amigos, como será que eles estão? Provalmente devem me odiar agora. Me sinto tão vazio é como se que por cada vez que eu quisesse o encher ele fica maior...que merda.


- Mano - diz a doce voz de História me acordando para a realidade


- História nós já falamos sobre isso, tens de bater a porta


- Desculpa mano

- Qual o motivo deste alvoroço todo?

- Ahm sim o almoço está na mesa

- Está bem já vou

- Tá bem mano não demora ou vou comer sua comida

- Tá tá sai do meu quarto miséria


É incrivel como ela sempre consegue colocar um sorriso na minha boca. Estamos apenas eu e ela em casa os pais ainda estão a trabalhar como sempre não que eu me importe. Estando na mesa em um almoço silêncioso a História não parava de olhar para mim, e isso me estava a incomodar então revolso perguntar:


- Tenho alguma coisa na cara?

- Mano quando é que tu e o Domingos voltaram a falar um com outro? - diz olhando-me fixamente

- Eu..ahm...eu não sei História

- Mas vocês não são amigos? Como amigos podem não se falar?

- Mas você tirou o dia para me infernizar né?

- Estou só a perguntar mano

- Bem maninha não é assim tão simples

- Como assim?

- As vezes nós cometemos erros, e as vezes a quem consegue perdoar e a quem não

- Mas ele vai perdoar você mano

- Hum? E como podes ter tanta certeza disso?

- Bem vocês são amigos não é? Amizade não é bem mais do que uma palavra?


...


Depois de falar com a História voltei para o quarto pensativo sobre o que ela disse. Fiquei ai detado na cama, perdido nos pensamentos e sem que me apercebesse caio em um sono profundo.


Quando desperto são por ai 22 horas e tal não sei dizer ao certo mas, já estava bastante escuro. Vou andando pela casa e me apercebo que já estão todos a dormir, a História até dormiu com o comando da tv, fala sério!? Vou a cozinha e pego um bidão de água ficar tanto tempo a dormir deu-me cá uma sede, enfim sem mas nada o que fazer volto para o quarto, e assim que entro vejo o telefone por cima da mesa do computador, e fico a pensar em Domingos e na Anete, um aperto grande se fez em meu coração, minha mente já estava uma confusão, as palavras "será" e "talvez" não paravam de de passar no meu pensamento como dois passaros desgovernados. Com muita hesitasão e esperando o pior pego no telefone e primeiramente ligo para Anete, o telefone chama e quando eu menos esperava... ela não atendeu, então volto a ligar novamente para ela ao todo foram dez chamadas e em todas elas eu só pude ficar na expectativa de que ela podesse atender, porém a esperança já havia morrido. Sem sucesso resolvo deixar uma mensagem, " Anete eu sei que as coisas não estão bem entre nós mas, se um dia conseguires me perdoar e quiseres falar comigo podes ligar-me a qualquer hora, desculpa". Com certeza as palavas mais hipocritas que já disse, porque na verdade eu não estava a espera que ela fizesse isso, porque por mais que doa eu já havia me conformado com a sua perda, oito anos de amizades jogados no lixo por oito minutos de conversa que hirónico. O desgosto de dez chamadas não atendidas foi tanto que atirei-me na cama e adormeci sem ao menos tenta ligar para o Domingos. Adormeci, frio, gelado como a água do Mar em tempo de Cacimbo.


***


Na manhã seguinte quando desperto trato da higiene como alguma coisa e vou a mediateca, já estava aborrecido de ficar em casa por causa da droga da pausa que me foi dada desde que saí do hóspital. Fico lendo um livro qualquer só não ficar no vázio até que quando olho adiante vejo Domingos entrando, então paro de ler o livro de imediato e me levanto para ir ao encontro dele, mas... ele estava acompanhado de algumas garotas, como de costume. Por hésitação pousei livro onde estava sentado e sai do local, me sentia um fraco, issome fez perceber que ainda havia remorso em mim, muito mesmo. Pego a minha mochila e quando chego ao portão ponho os Phones e ponho a tocar "let me die" de Lil Happy Lil Sad, e vou caminhando sem rumo só ouvindo a música me perdendo em sua melodia, viajando em seu sentimento, meditando em sua letra até que quando dei por mim estava na paragem de táxi, então pego um táxi para a Shopprite curtindo os meus Sadsongs.


Quando chego a Shopprite eu me pegunto "mas eu estou aqui a fazer o que?", que merda detesto andar desnecessáriamente, mas como já estava lá vou para o Hungry Lion e peço uma a fatia de Pizza e um refrigerante. Enquanto esperava pelo meu pedido não matrimonial, fiquei a pensar nos bons momentos que passei com Anete e Domingos e já não haveria de passar provavelmente, não é engraçado que para construir algo ou alguma coisa nós levamos tanto tempo mas para destruir só precisamos de um estalar de dedos, como o Thanos na HQ de Guerra Infinita.


- Jovem aqqui está o seu pedido

-Ahm... obrigado - digo voltando ao mundo


Enquanto dava uma crocante mordida a Pizza lembrei da minha mãe, ela diz sempre qu este tipo de "porcaria" vai me matar cedo, eu digo "tudo que mata engorda". Enquanto bebia um pouco do refrigerante eu não pode acreditar no que aconteceu asseguir. Era o Domingos a entrar e eu penso " não fode'' , e no embaraço acabei por me engasgar com o refrigerante o que chamou a atenção dele, e ele ficou a olhar para mim e eu com os olhos vermelhos, a tosse forte e a vergonha na cara por ter pessoasa rirem-se. Endereito-me e limpo a bába que tinha saído devido a tosse. Ele fica a olhar seriamente para mim como se estive com raiva de alguma coisa, ele olha para o lado esquerdo e diretio uma vez de cada e volta e andando em minha direcção uma cara endurecida o seguia, ate que ele chega a na mesa onde eu estava, esperando o pior ligo o modo frieza só para me previnir.


- Posso me sentar aqui - diz com uma voz grossa

- Estamos em um país livre não

Ele senta-se suspirando um leve "há"

- Como estás El ?

- Indo Domingos e tu?

- Vou bem

E ficamos assim olhando para o lado vezes sem conta, até ele se levanta

- Ok fica bem então

-Dom espera

Ele olha para mim fixamente

- O que foi ?

- Senta aí

E ele senta-se...

- Olha Dom eu não sei por onde começar

- Começa pelo mais El

- Bem... é assim...


#O que importa é o Love(amor)

#Continua

Manual do SuicídioOnde histórias criam vida. Descubra agora