CAPÍTULO 05

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- Elizabeth, você tem visita.

- Quem será que virá me ver hoje, Dennis? – Dennis era um dos meus guardas preferido, ele era engraçado e sempre tinha uma historia pra contar. Descobrir quem era a visita de hoje era uma tarefa árdua, muito árdua. Eu não tinha nenhum amigo nos Estados Unidos além do Oscar e dos guardas da prisão.

- Vai ter que descobrir sozinha. – disse Dennis dando uma piscadinha enquanto segurava a porta para mim passar. A sala de visitas não passava de um espaço retangular com uma divisória de cabines no meio. Avistei Oscar em uma cabine e corri para lá.

- Oi.
- Querida, como você está? – perguntou Oscar.

- Estaria melhor se estivesse comendo um bolo de cenoura com cobertura de chocolate. – falei rindo.

- Está com sorte, entreguei um para o guarda Dennis, ele disse que depois te dá.

- Ai Oscar, você é um anjo, obrigada. Eu não sei o que faria sem você.

- Provavelmente morreria meu amor.

- Não exagera, aqui nem é tão ruim. Tem alguma noticia do advogado?

- O de sempre, ele está analisando tudo em busca de alguma prova. – ainda era cedo para temer, só estava ali a quatro semanas.

- Oscar, obrigada. Como vão as coisas do outro lado?

- Não precisa me agradecer sempre que eu venho aqui. As coisas estão indo bem, finalmente estou conhecendo uma pessoa. Ele é incrível, mas gosta de carne. É tão difícil achar outro gay vegetariano.

- Ah Oscar, tem que aprender a aceitar os defeitos das pessoas. – Oscar riu e me falou um pouco mais do suposto pretendente. Depois nos despedimos e eu voltei para a minha cela, onde recebi uma generosa fatia do bolo de cenoura. Não sei se é por estar presa nos Estados Unidos, mas tenho certeza que no Brasil eu estaria dividindo a cela com umas vinte detentas e os guardas jamais me entregariam uma fatia daquele bolo.

Comi meu bolo e deitei um pouco observando o teto. Não era bonito, era cinza e padrão, mas não havia muito que fazer na prisão.
Diferente do Brasil, o sistema carcerário norte americano nos colocava para trabalhar, assim pagávamos pelo tempo em que ficávamos ali. Minha atividade preferida, a qual eu desempenhava nas quartas, era cuidar da horta. Assim eu poderia observar o céu e respirar ar puro. Eu gostava disso. No entanto, nessa quarta acontece algo inesperado, eu desmaiei e acordei no pronto socorro.

- Senhora Davis, está se sentindo bem? – perguntou uma enfermeira com nome de Mary.

- O que houve? – eu ainda me sentia um pouco tonta e estava enjoada. Ela me chamou de senhora Davis? Eu mereço, esse era meu nome de casada.

- A senhora desmaiou. Como se sente agora?

- Acho que vou vomitar. – eu vomitei mesmo, agua apenas. Não sei quando foi a ultima vez que comi. Nem sei quanto tempo eu fiquei dormindo.

- Vou chamar o medico. – ela disse isso e saiu, acho que ela ansiava por sair dali. Tentei me sentar e na tentativa notei que uma de minhas mãos estava algemada. Claro, ainda sou uma prisioneira. A enfermeira voltou com o medico e pela cara de pena deles, a noticia não era nada boa.

- Senhora Davis como...

- Só Elizabeth, por favor. – senhora Davis me irritava pra cacete.

- Bem, temo que na sua atual situação, a noticia não seja nada boa. – olhei para ele e estava duvidando do que poderia ser. – encontramos o hormônio gonadotrofina coriônica no seu sangue...

- E o que isso significa? Eu estou morrendo? – Porque se estiver a noticia não vai ser tão ruim.

- Esse hormônio é produzido pela placenta durante a gravidez. A senhora está gravida. – disse o medico sem mais rodeios. Eu sempre quis ser mãe, mas esperava que fosse em uma união estável, com um marido me apoiando e não fugindo da policia. E não esperava gestar uma criança dentro de uma prisão.

Onde Eu Recomeço? (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora