32ª Semana

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Os dias seguintes eu não me sentia muito bem, estava preocupada com o bebê. Minha barriga endurecia do nada e ficava assim por um tempo. Eu mexia com ele, mas não tinha uma reação, até que ele voltava me deixando mais aliviada.

Eu não queria forçar nada com meus pais, que ainda se mantinham em suas bolhas de tristeza, mas no dia que fiz trinta e duas semanas, me aproximei da minha mãe na cozinha e contei a ela o que estava acontecendo. Ela não escondeu a preocupação e ligou para o médico, marcando uma consulta para dali a três dias.

- Há quanto tempo vem sentindo isso? - ela pergunta depois de desligar.

- Alguns dias. Cinco, eu acho.

- Minha filha, porque não falou antes?

Fico a olhando por um tempo, toda a preocupação ali, como se jamais tivesse se distanciado de mim.

- Não queria interromper o tempo que precisasse para absorver a mentira que criei. - digo pro fim.

Ela suspira com pesar.

- Novamente não segui as palavras de Deus e deixei você sozinha, não é mesmo? - ela me puxa pra si e me abraça - Não me deixe seguir por esse caminho novamente.

Sinto os olhos marejarem e abraço ela de volta.

- Não terá que seguir, pois eu jamais mentirei ou farei algo assim de novo.

Ela assente e ficamos abraçadas por um tempo. Depois ajudo ela com o almoço e conto sobre Matheus ter se afastado de mim e dos sentimentos dele, que um dos motivos por eu ter contado toda a verdade, mesmo que tardia.

Quando meu pai chega em casa conversamos com ele e novamente ele perde perdão, me isentando de ter que me sacrificar para pagar pelos custos que eu dei com minha mentira. Ainda teria que pagar as coisas, mas só depois que estivesse estável e pudesse arrumar um emprego de verdade. Minha mãe me ajudaria com isso, cuidando do bebê.

No dia seguinte, pela tarde, eu estava deitada no sofá, mamãe estava no andar de cima, passando roupa e meu pai ainda estava no trabalho, quando a campainha toca. Levanto devagar e vou até a porta. Lucas está ali, parado e me olhando. Engulo em seco e cruzo os braços.

- O que quer? - tento parecer dura.

- Eu não consigo mais dormir. - ele confessa - Precisamos conversar.

Quase não pensei nele na última semana, e mesmo assim, ao o ver, Daniel mexe e meu coração acelera. Me perguntava quanto tempo precisaria ficar longe dele até que esse sentimento ao menos perdesse a intensidade.

- Vamos lá pra calçada, minha mãe está em casa. - digo fechando a porta.

Ela não gostava de Lucas por ele não aceitar assumir a criança, e ainda estava ressentida comigo por não querer colocar ele na justiça por isso. Eu apenas não conseguia fazer isso.

- Aquela conversa na pizzaria me deixou maluco. - ele fala quando chegamos na calçada - Eu sou mesmo pai dessa criança?

Fico o olhando por um longo tempo sem saber como responder aquilo.

- O que te faz pensar que não? - vou por outro caminho.

Ele passa a mão na cabeça, olhando pro lado antes de me responder.

- Olha, eu fui um babaca, tá. Eu sei disso agora, mas... foi tudo muito rápido. - seus olhos ganham um brilho de tristeza que jamais vi antes - Quando você me contou aquilo foi como... sei lá, nem sei dizer o que senti, mas isso ficou na minha cabeça por dias, eu não queria acreditar. Uma criança... no momento em que estava enfrentando a barra lá em casa!? Meus pais surtariam se soubessem.

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