Chacais lutam por um osso qualquer, substancias químicas borbulham numa colher influenciada por um minusculo fogo fátuo, fratura de ossos, o primeiro vai-tomar-no cu é proferido em santos lábios, o caos de diversos acontecimentos passam numa torrente sem fim e A Ceifadora encolhida se lamuria num quartinho escuro. Colapsada entre tudo isso ela está preste a ruir.
Ela sabe as palavras que tem que dizer, mas é orgulhosa demais e o tormento continua.
Uma criança calva joga xadrez sozinha e o premio será a sua cura. Anjos tatuados a observam comendo Tacos e permanecem invisíveis e mudos, mas não inodoros, fato que tanto a criança quanto as enfermeiras já relataram em conversas casuais sentirem naquele quarto o estranho cheiro de comida mexicana. Todavia isso é banal, nenhum deles sequer reparou que toda a sua realidade é um cubo cristalino de gelo num mar de Vodka , e que o supremo deus os engolirá quando terminar de comer seus canapés?
-Eu errei, por favor façam parar- grita a Ceifadora chorando.
Para seu terror pessoal não há resposta, nem sinais de que elas virão. Sonha com a escapatória fácil e covarde dos mortais perante pressões que nunca compreenderiam. De repente uma duvida a assola ; e se os seres espirituais também forem sujeitos a pressões externas? Sabia que havia hierarquias até mesmo entre os chamados imortais, as reencarnações de Sentimentos, Elementos ou Mandamentos , que como ela haviam de obedecer Dogmas universais ou seriam severamente punidos, assim como ela estava sendo agora ( e para sempre?). Porem nunca tivera o prazer de os conhecer pessoalmente.
- O que mais querem que eu faça bando de cuzoes?
Temendo quais seriam suas próximas torturas mentais e físicas torna a olhar onde está , como esperado, nada mudou. Um cubículo de escuridão a prende nas trevas que nem a Morte poderia escapar. Tão simples e eficaz que a faz chorar novamente. Uma criança travessa que coloca uma mariposa dentro de uma caixinha , sim , essa era uma boa analogia , e torna a rir insanamente.
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-Oh céus, eu literalmente poderia ver isso por toda a eternidade - fala um Demônio observando grandes monitores.
-Eu também - diz o outro assistindo pornografia angelical enquanto comia Miojo.
- Aff, continua anti-profissional -comenta o primeiro ao perceber que seu parceiro não se referia a mesma coisa que ele. E, a proposito, péssima combinação essa que escolheu.
O outro simplesmente dá de ombros e continua.
- Se já terminaram com a palhaçada, senhores , hora de trabalhar de verdade- profere uma nova voz no recinto.
O Miojo cai sem grandes proporções no chão cinzento, e segue alguns minutos de embaraçosas explicações do ocorrido ao recém chegado. Contudo este as afasta com um breve gesto e aponta para um grande botão amarelo.
-Mas tão cedo Senhor? questiona um deles.
Quatro asas se abrem desproporcionais ao corpo em que estavam ligados, e toda aquela sala é engolfada por asas brancas.
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Um ponto de luz surge, deixando a Ceifadora receosa , quem a estava torturando era criativo, podiam muito bem colocar um mini sol ali dentro e torrá-la aos poucos. Qual é , não de ideias para esses caras, ela sugere pra si mesma mentalmente.
-Sugestão anotada , minha querida- fala um ser saindo do ponto luminoso que não parava de se expandir.
-Merda, não uma porra de anjo.
-Olha a boca mocinha, e para sua informação sou um Arcanjo.
- O que veio fazer aqui porra de Arcanjo?
-Você tem espirito garota, isso não se pode negar ,ha ha. Mas vamos ao que importa : sua punição.
-Mais?
-Ah isso foi um aperitivo, os Cascos Fendidos que a estavam observando estavam com ereções maiores que o Monte Sinai enquanto assistiam sua performance. Se bem que era apenas um e ele não estava dessa maneira por sua causa, argh. Ele sacudiu seus longos cabelos ao lembrar da cena. Estou demorando demais para chegar ao ponto...
-Concordo.
-O caso é que você fugiu de suas Sacras obrigações , curando quando não é sua função, e arrumando uma guerra suburbana com as Discórdias que envolveu uns quatro departamentos diferentes para limpar essa sujeira . E deve saber mais que todos como é uma bostinha ter que trabalhar com departamentos diferentes como o senhor pau duro de hoje. Enfim, todos notamos com essa sua recente empreitada que está enfadada de suas funções e quer partir numa bela aventura solo (o que resultou em suas pequenas punições), mas o que não deve saber é que o estrago que fez não pode ser totalmente consertado, e talvez isso envolva mais tempo e trabalho em conjunto com seres nojentos. Devido a isso o Alto Comando me enviou para , por assim dizer, cortar suas asinhas enquanto pensamos em futuras e longas torturas com vossa senhoria, incluindo quem sabe um minusculo Sol torrando-a por uns milhares de anos, claro.
- Que ótimo, alem de cuzoes não tem criatividade.
O Arcanjo riu como uma criancinha com as mãos levemente apoiadas em seus lábios.
- Gosto mesmo do seu espirito. Enfiando seus longos braços no ponto luminoso que voltara a ser pequeno ele tirou a Alabarda que por milhares de anos coletou almas mortais. Milhões, bilhões, ricos, pobres, crianças, velhos, todos sem exceção ela apenas cumpriu com o proposito forçado a ela.
-Ceifadora, eu a exonero de seus serviços- poucas palavras seguidas de um estalo violento e a Alabarda agora estava em duas metades aos seus pés.
Ela apenas fitava incrédula sua preciosa arma aos pedaços como um galho seco. E esquecendo-se de suas recentes torturas foi para cima dele. Dois segundos, alguns grunhidos e seus pés não tocavam mais o frio chão da sala escura. Veloz e fria a mão segurou seu pescoço sem dificuldade enquanto ela engolia seus palavrões, e seu agressor dizia:
- Que bom que veio até mim, poupa-me o trabalho de ter que ficar correndo atras da senhorita. Seu dedo indicador brilhou na ponta e ela sufocou mais um pouco enquanto via tudo impotente. Passando o dedo luminoso em sua testa com destreza ele apagou seu Mandamento da Morte, tirando suas obrigações de Ceifar almas e escrevendo outra coisa por cima.
Quando solta do férreo aperto a gravidade que funcionava até ali fez seu trabalho e ela tombou cansada como nunca antes estivera.
-O que fez comigo , filho de uma puta?
-Eu não tenho mãe, só para que saiba- ele abafou mais uma pueril risadinha e continuou : Respondendo sua pergunta, lhe dei um nome Mortal, apesar de você ser um Espirito, e isso te deixa pouca coisa mais forte do que um recém morto. Um espirito vagante qualquer. Tomaria cuidado por aí.Principalmente evitando contato com as hostes de Discórdias, que todos sabemos lhe odeiam.
- Muito bom, cortando as minhas asinhas ,eu riria se não doesse tanto. Mas por que deveria me esconder de qualquer um quando eu nunca mais sairei daqui?
- Mas é claro que vai. a sua próxima punição não será imediata. Entenda que no momento não estamos lidando apenas com as transgressões de uma ex Ceifadorazinha ralé .Da forma que está agora não pode fazer muita coisa e nem com sua antiga forma jamais poderia sonhar em fugir do Alto comando. Ou seja, você é tao inútil que podemos deixa-la livre até podermos lidar de acordo. Resumindo: suma da minha frente Diane.
O choque de ser chamada assim só não superou as placidas nuvens ao seu redor enquanto caia num abismo azul e branco.
Diane. Diane. Diane.
Então , esse é meu fodido nome,mas que gracinha. ha ha. Fechou os olhos e continuou a cair.
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Death
ActionUma ceifadora entediada é uma comédia ou perigo para as almas que busca? Há somente ela entre o caminho que tem que cumprir? Descubra nesse conto.