Capítulo 2

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Thomas

Eu estou entediado. Bom, acho que tédio não é a palavra certa. Eu estou cansado dessa vida de não levar muita coisa a sério. Pode não parecer, mas isso cansa.

— Thomas, posso ficar aqui hoje? — Camila pergunta, voltando para o quarto.

Na verdade, eu acho que ela mantém a esperança de que eu vá mudar. Coitada, ela já devia perceber que isso não vai acontecer tão cedo. Eu não sou romântico, eu não falo palavras doces ou faço juras de amor. Na verdade, eu sou um grosso quando se trata de mulher. Eu dou o que elas querem, e elas, o que eu preciso, e é só. Eu não quero e nem estou disposto a oferecer mais.

— Não, você não pode ficar, eu vou sair daqui a pouco — falo com desinteresse.

Ela me olha decepcionada, mas não diz nada; já está acostumada a isso. Sem falar nada, ela se levanta e começa a se vestir. Fecho os olhos, um pouco cansado. Estou quase pegando no sono quando ouço a porta bater.

Bocejando, levanto-me e vou tomar um banho. Prometi aos meninos que iria na festa de boas-vindas aos calouros. Bom, eu sou meio que obrigado a ir, já que paguei metade da festa.

Visto a primeira roupa que aparece, pego a chaves do carro, tomando uma respiração profunda, vou até a porta, checo se está tudo trancado e vou para essa bendita festa.

Assim que chego, encontro Marcelo e Heitor bebendo. Os dois parecem tão distraídos com alguma coisa que nem reparam quando eu me aproximo.

— E aí, o que estão fazendo parados? Desistiram de pegar mulher? — pergunto rindo, fazendo os dois me notarem.

— Estamos admirando a paisagem. — Um deles diz com um sorrisinho.

Sigo meu olhar para onde eles estão olhando, e por alguns segundos sinto todo o ar do meu corpo sumir.

Encostada à bancada da cozinha, está uma ruiva mais do que espetacular. Ela está com um vestido vermelho que realça seu cabelo da mesma cor. Parece uma deusa.

— Alguém já foi falar com ela? — pergunto interessado.

— Eu fui, mas levei um fora muito gentil. — Marcelo revira os olhos.

Ela está quieta, ainda encostada ao balcão. Ela tem um olhar perdido enquanto encara alguma coisa. Olho para o mesmo lugar que ela e vejo um cara jogando charme para a Kelly. Eu conheço essa, é uma vadia das boas.

Volto meu olhar para a ruiva, que agora olha para frente com uma expressão desconfortável. Não demora muito para o cara para quem ela estava olhando se aproximar dela.

Os dois parecem discutir. Caminho na direção deles quando ele segura seu braço. Não sei o que deu em mim, só sei que preciso ir lá. Ela se solta e sai de perto dele tão rápido que não olha para frente e dá um belo esbarrão em mim.

Quando ela levanta o rosto para me ver, surpreendo-me. Ela é ainda mais linda de perto.

Vejo que ela ficou afetada por mim; a maioria das meninas ficam. Seu olhar sobre mim me deixa excitado; ela não sabe controlar seu olhar de cobiça e nem sua boca quando faço perguntas. Ela parece envergonhada por sua reação, despede-se e se vira para ir embora.

Merda, não posso deixá-la partir, não antes de saber seu nome.

Invento uma história sobre uma aposta, tudo porque o que eu mais quero agora é beijar essa sua boquinha rosada.

Ela parece acreditar, porque aceita me beijar, contanto que eu divida o dinheiro com ela. Para beijá-la, eu daria até mais do que ela pediu.

Quando tenho sua permissão, não perco tempo e tomo sua boca para mim. Quando meus lábios encostam nos dela, é com certeza a melhor sensação do mundo.

Beijá-la é um delicia, e ela parece se perder no beijo tanto quanto eu. Quando ele começa a ficar mais quente, o mesmo idiota que esteve discutindo com ela a puxa pelo braço, afastando-a de mim. Os dois começam uma nova discussão e, pelo que eu entendo, o filho da mãe é ex-namorado dela, que diz que não quer mais nada com ele. O palhaço olha para ela em choque.

É, bonitinho, acho que você perdeu.

Estou quase indo embora dali, quando ela me olha, dá um sorriso lindo, manda-me um beijo e viras as costas, indo embora.

Antes que eu possa me controlar, saio correndo atrás dela, deixando o idiota lá sozinho ainda digerindo a ideia do término.

Perco-a de vista por alguns segundos, mas quando saio, vejo quando ela está prestes a entrar em um táxi.

— Ei, ruivinha? Espera! — grito, fazendo-a me olhar com um misto de confusão e curiosidade.

Ela fecha a porta do táxi e cruza os braços, esperando eu me aproximar.

— O que foi? Veio dar meu dinheiro? — Sorri.

— Ainda não peguei seu dinheiro, mais assim que pegar, ele estará em suas mãos, mas enquanto não tem dinheiro, posso te oferecer outra coisa. Quem sabe uma carona? — pergunto com segundas intenções.

— Desculpa, mas não posso aceitar. — Dá de ombros.

— Posso saber o porquê? — pergunto curioso.

— Não costumo deixar que estranhos saibam meu endereço. — Morde os lábios.

— Prazer, Thomas Bressini — digo, estendendo a mão.

— Olá, Thomas, Mariana Veller — diz, apertando minha mão.

— Pronto, não sou mais um estranho. Posso te levar para casa?

— Não. — Ri.

Solto um suspiro frustrado.

— E seu telefone? Isso eu posso ter? — Não vou desistir.

Ela parece pensar um pouco antes de confirmar com a cabeça.

— Consegui alguma coisa, pelo menos — falo enquanto anoto seu número.

— Tchau, Thomas — diz, começando a se afastar.

— Até logo, Mariana! — grito antes de ela entrar em um táxi.

Quando ela entra e o táxi some de vista, sinto um vazio estranho no peito.

Não sei por quê, mas preciso ver essa menina de novo.

Parte De Você - Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora