[- 18 de fevereiro de 2491 -]
Eu devia parar de me martirizar tanto. Não importa quantas vezes eu tente mudar, o que foi feito no passado definiu todo o meu presente. É a teoria do caos me assombrando: deixe de piscar por cinco segundos e cause a cegueira na raça humana cinquenta anos depois. Foi burrice achar que não seria o mesmo, mas me acostumei tanto a ele que esqueci de tudo e só quis me dedicar ao que tínhamos no pouco tempo que nos restava. Ainda assim, estraguei o meu presente e a vida dele.
Simplesmente, não posso seguir em frente e considerar como um mero aprendizado quando por cinco anos tenho encarado o túmulo de pedra corroído pelo tempo e coberto de musgo, um dos poucos ainda de pé em sua cidade natal no dia de seu aniversário. Queria poder voltar e consertar, porém seria o mesmo que o matar de forma diferente. Já calculei as probabilidades, as lacunas e eventos favoráveis, contudo, a única solução seria não ter ido ao passado em primeiro lugar.
Meu orgulho me levou à minha própria perdição. A viver um dia após o outro sem propósito algum. Eu geralmente conto a ele o que fiz durante o ano, mas, desta vez, eu não fiz nada. Passei trezentos e sessenta e cinco dias trancado em meu quarto remoendo e desistindo a cada minuto.
O moreno dos cabelos ondulados era único em seu falar, sorrir, agir e pensar. Em pouco tempo, eu já me encontrava encantado com ele. Mas eu não devia tê-lo conhecido, apesar de ter sido inevitável. E pensar nisso não conserta o erro, não muda o fato de ter perdido o meu amor.
[- 23 de julho de 2018 -]
Aterrisso num matagal. Quase torço o pé, mal equilibrando o cilindro conversor de antimatéria e o de oxigênio em minha mochila, no entanto, a queda não foi evitada. Meu cérebro parece chacoalhar no crânio, a luz do sol está forte demais e pontos pretos pairam à minha frente. Fecho os olhos para controlar meu organismo agitado por adrenalina e energia remanescente no traje sintetizado a partir de ligas de titânio. Minha pulsação acelerada e meu ofegar geraram o calor e o suor escorrendo por minha testa. Aperto o botão de destrave e puxo a pequena alavanca na lateral esquerda de meu corpo, fazendo com que o macacão se solte e seja sugado para a bolsa nas costas. Livro-me do peso, respirando fundo o ar quente e seco do local. Acabo tossindo no processo, mas consigo me acostumar ao ambiente depois de longos minutos.
Sento-me, alisando o cabelo. Se meus cálculos estiverem certos, devo estar em Ilsan. Muitas informações já se perderam, então é difícil saber com precisão como as coisas eram há mais de quatrocentos anos. Só o fato de estar aqui já é um grande feito.
Há sessenta anos, viagens temporais foram proibidas por questões de ética e, principalmente, preservação da história. Entretanto, eu não pude permitir que os "Senhores Atômicos" desmerecessem quaisquer antecedentes não provenientes das grandes metrópoles. Pessoas de fora desenvolveram equipamentos e sistemas que embasam as sociedades atuais. Meus ancestrais são alguns deles. Não podem ser esquecidos por "nobres" mimados que roubam invenções de quem se esforça. Nada que os foi mostrado bastou e, já que é assim, estou aqui para pegar a prova mais válida de todas.
Pelos registros, ela foi enterrada com um dos meus tatata-reticências-avô e nunca foi encontrada após o início da nova era, em meados do século vinte e dois. Dois mil e dezoito foi o ano antes da mudança geológica nas placas tectônicas, causada por um asteroide que nunca conseguiram abater, alterando o solo. É o limite que ouso voltar.
Pego em um dos bolsos o display com a contabilização do tempo que tenho para concluir minha missão – dez dias. Abro o mapa holográfico. O relevo mudou bastante ou eu não estou em Ilsan. Especificamente, Ilsandong é onde devo ir. Na "casa da floresta" descansa um Kim importante, com algo de valor ainda maior para mim.
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My time with you • Namseok
FanficNamjoon é um orgulhoso cientista que decide ir atrás de prestígio e viaja no tempo para o obter. Contudo, conhece o exótico Hoseok, por quem se apaixona, desvia do objetivo e se vê preso em um beco sem saída, arriscando seu presente e o futuro do ou...