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O niilismo é um princípio ativo na história. Sempre esteve aí, ainda que não o tenhamos querido, está em todas as partes e não está em nenhuma. É um universo cujo centro está presente em tudo e cuja circunferência não aparece, como diria Pascal. Porém, desta vez se aproximou demais da porta. Ele bateu, e deixamos o "mais inquietante de todos os hospedes", por ser a "renuncia radical do valor, do sentido, da possibilidade de desejar".
O niilismo, além de um fenômeno histórico, é antes de tudo, um modo de ser do homem que está no reto caminho de sua afirmação, é a experiência fundamental do homem que quer "superar a si mesmo". Não é, portanto uma corrente filosófica a qual se poderia aderir, mas é a condição de finitude própria do homem. É necessário sobreviver á dor da negação, pois "o niilismo é o conhecimento de um contínuo desperdício de força, a agonia do em vão". O perfeito niilista não é crítico, não é filosofo, não é capaz de dar e por sentido a realidade. Assim não estariam imersos num jogo entre a afirmação do abismo e o poder transcendê-lo? Em todo momento está ligado ao presente, não se volta para o passado, nem mira o futuro. O niilismo, assim, como negação de um mundo verdadeiro, de um ser, poderia ser uma divina maneira de pensar.
A superação do niilismo não consiste em "encontrar" novas metas ou crenças, porém em cria-las. Trata-se de mostrar como a superação do niilismo é possível mediante um ato produtivo do homem, ou ainda através de uma ação artística. Se o mundo em si já não tem sentido, deve dar-lhe um novo por meio de um ato criador. Criar é o valor supremo, pois aquele que cria pode desenvolver livremente todas suas potencialidades. São, portanto, necessárias, a força e a potencia próprias do artista para pode transcender que não há verdade, que não há fatos, que não há nada "em si". Nietzche observa ironicamente: "quem nada cria, cria um nada". Criar liberdade para um novo criar. A arte assim como criar é uma força superior oposta a toda vontade de negar a vida. "A arte e nada mais que a arte! É a única que torna a vida possível, é a grande tentação que convida a viver, o grande estimulante para a vida. A arte como a única força antagonista superior diante de toda vontade de negar a vida, a arte diante de toda negação da vida, a arte como anticristã, antibusdista, atiniilista por excelência (Nachalass)". Os fracos preferem que tudo termine, porque são incapazes de oferecer novas alternativas.

Esse capítulo é um resumo do artigo: www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S2216-82422018000300011&Ing=en&nrm=iso&tlng=pt

Mapeando Minha MelancoliaOnde histórias criam vida. Descubra agora