Amor a distância.

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     -- Juníper!
     A ninfa se virou e sentiu um sorriso quase rasgar seu rosto quando viu o sátiro, que ela não via a tanto tempo, se aproximar, trazendo algo nas mãos.
     Suas amigas soltaram risadinhas e rapidamente foram embora, dando mais espaço para o casal.
     Juníper correu na direção do namorado, jogando as mãos ao redor de seu pescoço e entrelaçando as pernas na sua cintura peluda.
     -- Grove. -- Sua voz saiu abafada, pois ela tinha afundado o rosto na curva de seu pescoço, sentido. -- Sentir saudades.
     -- Também sentir, Juní. -- Grove murmurou, se sentindo levemente culpado.
     Quando se tornou ancião do Conselho do Casco Fendido, recebeu vários benefícios com o cargo, mas recebeu malefícios também. Um deles era o fato de quase não ter tempo para a namorada: Tinha a obrigação de fazer grandes viagens para socorrer ninfas e sátiros que sofriam com o desmantelamento, tentar contém a onda de destruição que os seres humanos causavam na natureza e ajudar à organizar eventos importantes para os seres da natureza.
     Grove tinha medo de Juníper se sentir sozinha e abandonada, o deixando para procurar outro que pudesse dar à ela o amor e carinho diário que ela merecia. Mas a ideia de deixar Grove nunca passou pela cabeça da ninfa.
     Se ela se sentia sozinha? Claro! E, apesar de confiar no namorado que tinha, sempre tinha aquela dúvida... E se ele achasse uma ninfa melhor? Quem sabe alguém mais bonita e sedutora. Um espírito dos ventos sexy talvez, que pudesse o acompanha em suas viagens ao invés de ser obrigada a ficar presa numa floresta...
     Mas ambos jogavam suas inseguranças longe e apenas curtiam os momentos que podiam ter juntos.
     -- Vou ficar duas semanas no acampamento. -- Grove informou, colocando delicadamente Juníper no chão e depositando um selinho demorado em seus lábios.
     -- Sério? -- Ela perguntou, entusiasmada, seus olhos verdes brilhando de felicidade.
     -- Sim. -- O sátiro pegou uma de suas mãos e lhe sorriu carinhosamente, puxando-a para um pequeno riacho que tinha onde ela estava. -- Semana que vem vai começar o verão, quero ficar aqui para ver Percy e Annabeth. E... -- Ele sentou-se a margem do riacho e a puxou para seu colo. -- Também quero passar mais tempo com você.
     O sorriso de Juníper aumentou, suas bochechas ficaram esverdeadas como sempre acontecia quando ela corava.
     -- Grove, eu fico tão feliz q...
     -- Juníper? Ah, você estar aí! O que você...? -- A ninfa se interrompeu, quando viu a outra agarrada tão romanticamente com alguém. -- O que estar fazendo?
     -- Catando coquinho! Não é óbvio, Lilium? -- Respondeu, rispidamente.
     -- Pois para mim parece que você desencalhou. -- Ela retrucou, no mesmo tom. -- O que aconteceu com seu namorado imaginário? Qual o nome dele mesmo?... Green?
     -- Grove. -- O sátiro corrigiu, timidamente. -- Meu nome é Grove. E o que te faz achar que sou imaginário? -- Ele perguntou, estreitando os olhos e avaliando o espírito da natureza.
     Ela estava descalça, tinha cabelos loiros, olhos castanho claro, pele anormalmente amarelada, vestia um vestido tomara-que-caía dourado que realçava suas curvas e levava na cabeça uma coroa de lírios da espécie Lilium Parryi.
     -- Oh... -- A dríade levou a mão a boca, parecendo surpresa e envergonhada. -- Perdão! Juníper sempre falou muito de você... Mas eu nunca o vi na vida. Então comecei a achar que você fosse só alguém que a imaginação dela criou. Tanto tempo encalhada trás seus prejuízos, né? -- Grove e Juníper lhe lançaram olhares irritados. -- Bem, vou deixar vocês a sós, até logo!
     -- Quem é ela? -- O sátiro perguntou, observando a ninfa se distancia de forma saltitante.
     -- É a Lilium. Ela veio morar na floresta do acampamento faz quase um mês, parece que foi a única sobrevivente de um incêndio que ocorreu na floresta que morava antes. -- Juníper contou.
     -- Parece gosta de implicar com você. -- Ele observou.
     -- Ela não gosta, adora. Todos ficaram encantados com a beleza dela e sensibilizados com sua história. Bom, todos menos eu. Acho que isso a deixou com raiva, deve estar acostumada a ser o centro das atenções.
     -- Já conheci muita gente assim. -- Grove passou os braços pela cintura da namorada e afundou o rosto na curva de seu pescoço, aspirando de forma apreciativa seu cheiro inebriante. -- Desculpe.
     -- Te desculpar pelo que, bobinho? -- Ela perguntou, divertida.
     -- Por não pode estar do seu lado. Se eu estivesse aqui, aquela dríade não teria motivos para pegar no seu pé. -- Grove fungou. -- Você é tão linda... Poderia arranjar outro namorado melhor e...
     -- Ei! -- Juníper se virou para encará-lo, colocado as mãos em seu rosto e beijando a ponta de seu nariz. -- Eu te amo. Só preciso que lembre disso.
     -- Eu também te amo. Muito.
     Por que Grove e Juníper se amavam, e isso era o conforto que tinham quando sentiam saudades um do outro na distância que eram obrigados a manter.
    
    

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