Capítulo 3
Heloisa
Os pais de Adele eram de Israel, porém eles moraram muito tempo em Dubai, nos Emirados Árabes, isto antes deles virem para o Brasil quando ela era apenas um bebê. Eles procuravam uma vida melhor para a família que começavam a se formar longe dos conflitos que o país de origem enfrentava. Escolheram o Brasil por ter alguns parentes já instalados aqui. Porém, foram morar longe deles e do lado da casa dos meus pais e assim tornamos uma grande família. Uma era extensão da outra.
Foram os meus pais que os ajudaram a aprender o português e o senhor Lior a entrar no mercado de trabalho. Cinco anos mais tarde, após se estabelecerem, veio a Liam para aumentar a família. E nós crescemos juntas.
Eu e Liam tínhamos a mesma idade, íamos juntas para escola e estudávamos na mesma sala de aula. À noite, todos os dias na casa deles uma nova classe de aula se formava para aprender o idioma da família. E eu aprendia a língua como quem brincava de escolinha. Às vezes, a própria Adele que nos ensinava, outras, a mãe ou o pai. Apesar de ela ter cinco anos a mais que nós, sempre fomos amigas e brincávamos juntas.
Muitas vezes, eu me achava muito importante por falar uma língua diferente das outras pessoas. E aprender outros idiomas foi naturalmente na minha vida. Hoje com 23 anos falo francês, inglês, hebraico, árabe, italiano e espanhol. Eu e Adele optamos pela arquitetura e a Liam seguiu outro ramo, mudou de cidade para fazer relações exteriores. Viaja bastante e vai formar um ano depois de mim por essa razão.
Entrei na universidade aos 17 anos no curso de arquitetura e Adele se formava. Ela teve grande influência na minha escolha, pois nossas brincadeiras sempre seguiram nesta linha, a construção civil. Comecei a estagiar no terceiro ano de faculdade em uma pequena empresa de designer de ambientes. Depois em uma empresa de móveis planejados e agora nesta grande empresa onde ela trabalha. Aqui tenho oportunidade de seguir carreira, mas para isso preciso ser boa naquilo que faço. E modéstia parte, eu sempre fui muito esforçada.
Conheci o Victor, há cinco meses, e começamos a namorar há dois. Algumas atitudes dele me incomodam, principalmente em relação aos estudos e suas responsabilidades.
Ele cursa engenharia aeronáutica. Pelo que sabia, sempre foi ótimo aluno, mas está se envolveu com uma turma que não quer nada com os estudos e por isso perdeu algumas matérias que vai prejudicá-lo formar no tempo certo.
No início, quando fui apresentada a ele eu fiquei bem empolgada, achei-o bonitinho e interessante. Gostava de sua conversa e assim nos tornamos amigos. Depois de sairmos juntos, com a turma e algumas vezes sozinhos, ele me beijou. Após o beijo perguntou se eu queria ser sua namorada. Aceitei, talvez pelo motivo de ser meu primeiro relacionamento com pedido de namoro.
Mas agora... Não sei dizer o que acontece, pois não é mais a mesma coisa. Não tenho vontade de baladas, cinemas e aquelas festinhas em repúblicas. Tudo eu acho chato. E claro, ele reparou e anda me questionando. Já até pensei em terminar com ele, mas por não gostar de magoar ninguém, enrolo. Afinal nunca passei por essa situação.
Tenho certeza, que se ele conhecesse alguém seria a melhor forma de terminarmos e eu não ter que tomar essa atitude.
Minha amiga Atena, com quem eu divido apartamento me diz: — termine antes da formatura para não estragar seu álbum. Não tem nada pior que ver ex e família numa mesma foto.
E eu pensava seriamente nisto.
Eu saí da casa dos meus pais para morar sozinha antes de completar 18 anos. Tudo foi muito novo e difícil, pois cresci cercada de pessoas queridas. Cuidávamos uns dos outros. E Liam não ir para a mesma universidade foi um baque, eu me senti abandonada, mas não deixei de seguir os meus sonhos por medo.
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A intérprete e o CEO (Completo na Amazon )
RomanceConvido você a adicionar meu novo livro: A intérprete. Um romance entre Heloísa e Danilo, ela estudante de arquitetura e estagiária numa empresa de construção civil. Ele, engenheiro civil, presidente desta empresa onde ela faz estágio. Um encontro...