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Vi no celho franzido, na expressão que murchou cambaleante sua necessidade de esquecer, eu não sabia ao certo o que o incomodava, mesmo que pudesse ter uma boa noção. Afrouxo os dedos ao redor do seu pulso pequeno, um sorriso mínimo surge no canto dos seus lábios ao aproximá-los dos meus.

Seus passos trôpegos contrastam com a firmeza dos meus, sua atitude decidida na oposição da incerteza das minhas.

Perito em cada etapa, resfolegando aos seus toques, lento e gradual, sua saliva é quente e sua boca aconchegante. A embriaguez desinibe e desacelera os movimentos, tornando uma tortura prazerosa admirá-lo entre as minhas pernas, trazendo à tona cada ínfima parte, as quais ele bem sabe que ainda possui o controle.

Os gemidos abafados escapam pela garganta, minha cabeça a ponto de explodir prestes a liberar toda a pressão lentamente bombeada por Jimin. Vir para ele é um misto de alívio e culpa, saborear sua língua com meu gosto atrelado ao vinho é excitante e errado. Tudo aqui é, nós somos.

Quando o silêncio retorna, juntando-se a nós na companhia de certa melancolia, eu vejo seus olhos cintilarem na meia luz do abajur de luz esbranquiçada, temeroso ao perguntar:

— Dorme comigo?

Um suspiro longo em reposta. Ele reconhece as derrocadas silenciosas no ar que escapa pesadamente por meus pulmões, em palavras que não se formam, mas assentem.

Sua cabeça repousa em meu peito, adormecendo agarrado a mim no embalo da respiração tranquila que mal se faz audível.

Ele te chutou, idiota, lembra-se disso? Meu inconsciente joga na minha cara, mas estou ocupado, distraidamente deslizando os dedos por seus cabelos — antigos hábitos são difíceis de abandonar — os olhos encontrando seu rosto sereno buscando a paz que um dia fora capaz de transmitir.

A realidade é uma merda. A vida é fodida.

Sem pregar os olhos até o dia clarear, desvencilho-me dos seus braços, abandono seu cheiro, o calor esvanecendo à medida que desgruda de mim e fica para trás, em tudo aquilo que prometo não permitir voltar a acontecer.

Não quero que me ligue porque sente muito, porque está triste como tudo acabou ou bravo consigo mesmo. Você me machucou... estou finalmente bem e gostaria de continuar assim.

don't call | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora