*As frases entre aspas e com o travessão se referem às vozes que a personagem escuta, graças a esquizofrenia. Boa leitura!*
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Já viu alguma vez uma pilha de dominós caindo? Um atrás do outro, em uma ordem bonita e satisfatória aos olhos. Os barulhos se repetindo em sequência, a porcelana caindo sob uma superfície qualquer. Quando você vê vídeos de dominós caindo na internet, muitas vezes eles formam desenhos bonitos a cada peça que se vai. Tem sempre aquela música emocionante de fundo, te fazendo sorrir pra beleza daquele vídeo. Mas na vida real os desenhos não são tão bonitos assim. Se caem uma, duas, três, cem peças. Tem gente que acaba deixando cair cada uma delas, todas suas peças se vão.
Morrem? Não, claro que não! Sobrevivem? Acabam sobrevivendo, sim. Vivem? Não. Deixam de viver.
Sou, então, um pedacinho de dominó na vida. Pedacinho que cai e levanta, pra cair de novo. Cair de novo pra sentir doer. Caio. Caio porque dói. Caio porque é divertido. Os dois ao mesmo tempo. Uma, duas, três peças vão caindo. Cair, caio, levanto, caio, me transformo em desenho. Pecinha de dominó bonita, desenho bonito no chão.
Clima ambiente. 13 de junho, manhã de quinta-feira. O sol do dia machuca os olhos, então as cortinas se mantêm fechadas. Tapete macio no chão, pés flutuando nas nuvens. O sofá é confortável e dá uma vista de frente agradável para o coração.
A xícara de café quente levava fumaça aos lábios dele, lábios que são um belo horizonte brilhando e cantando ao chamar meu nome. A capa grossa do livro que ele lia brilhava em suas mãos. Leitura convidativa essa a dele, com os olhos prestando atenção a cada letra.
"— Ele é real?" — Ouvi uma voz no pé do ouvido.
— Não sei.
O peito dele subia e descia numa respiração forte e bonita. Seus lábios começavam um sorriso alegre para a página cheia de detalhes, e a cada instante eu só conseguia fechar os olhos e pedir pros céus pra eu poder ler com ele. Mas as peças de dominó estão caindo dentro de mim. As lágrimas e desenhos estão se formando. Estalos de cada peça de porcelana se espatifando aqui dentro. Se quebrando, me quebrando.
O tempo passa e isso dói.
Clima ambiente.
13 de junho.
Manhã.
Manhã.
Manhã.
Quinta-feira.
"— Não vai dar tempo... " — As peças iam caindo cada vez mais.
Doía. E quando eu olhei pra ele uma última vez antes de quebrar minhas peças por inteiro, ele sorriu pra mim. Sorriu pra mim. Sorriso bonito. Ler o sorriso dele é a coisa mais divertida. É divertido porque dói, dói como o inferno.
Divertido.
Divertido.
Me quebre, me divirta, me mate, me desenhe, me grite, me monte... me ame.
Lágrimas.
Cigarros com fumaças de mentirinha.
" — Ele é real?"
— Não sei.
" — Ele não é real?"
— Só se eu for real.
"— Você é real?"
— Sou real.
" — E ele, é?"
— Tanto como eu.
*Capítulo Betado por: @antaresstae @MarsGrapphics
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Cronofobia • knj
Fanfiction"O quão real eu sou pra você?" •Cronofobia: Medo ou pavor do tempo. •Esquizofrenia: Distúrbio que abriga mentes dos que vêem pesadelos de olhos abertos. 🦋 1° livro da Série Fobias • Cronofobia • Peare Coffee • Gateau • Suspense • Kim Namjoon ShortF...