Dias de tranquilidade (1. Flashback)

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Flashback on

Em Tottori... (Dia 12) 

O ar estava parado e pesado sobre a deserta rua das cidades de Tottori. O céu era um lençol cinza coberto de nuvens que pareciam querer transformar-se em chuva mas não conseguiam reunir forças para isso. Os olhos azuis da figura celeste de rosto jovem e sereno, fitava o deserto árido de longe, e seus piores pesadelos voltavam em flashes, torturando-o incansavelmente.

Nesses últimos dias aninhado na magnífica casa de Eloísa, tentou persistentemente comunicar o paraíso, enviando rezas, suplicando para enviarem ajuda, informando os anjos de que houve uma emboscada. O céu estava morto? . Quantas vezes fez essa pergunta a si mesmo?

- Só mais um vez...- sussurrou, sua voz demonstrava desesperança e frustração.

Matthias fechou os olhos, se concentrou, e o silêncio pairou eternamente no quarto.

Enquanto isso, Eloísa levava uma tigela de comida para seu amigo sobrenatural, assegurando-lhe que seus pais não suspeitassem da segunda refeição. Se aproximando do quarto ouviu as palavras recitadas em enoquiano, uma expressão apreensiva se formou junto ao cenho que se estendeu, palavras que ela desconhecia era pronunciadas. Será que estava invocando algo ?. Embora estivera com medo, continuou ouvindo por trás da porta.

Quando as palavras acabaram e o silêncio prevaleceu. E seu nome foi pronunciado em português:

- Já pode sair de trás da porta, Eloísa...

- Que bom que acordou! - a garotinha tentou disfarçar, mesmo com os poderes de percepção do anjo.

A simulação da garota foi tão fofa, suficiente para fazer Matthias soltar um riso legitimo.

- Ei! Baka! Não ria! - praguejou apontando o dedo, enquanto seu rosto avermelhava-se.

....

Matthias puxou sua refeição mecanicamente, e puxou a tampa deixando sair o aroma do sukiyaki preparado pela mãe de Eloí.

- Itadakimasu! - disse antes de começar a refeição, batendo as mãos e pressionando o hachi no meio.

- O que foi aquilo? Aquelas palavras - perguntou Eloísa, curiosa, observando o loiro dando a primeira colherada.

- Era enoquiano, a língua dos anjos - Matt respondeu mastigando, quase cuspindo.

Era bem irônico na verdade; um Querubim cativante, perspicaz, e ainda por cima angelical. Mastigando imprudentemente, sem formalidade alguma.

- E..estava enviando uma mensagem? - indagou sentada a frente do maior de corpo robusto.

- Estava..baldadamente - dissertou soltando um profundo suspiro.

- Como assim? O céu não ouve você? - quis saber mais.

- É...ou os anjos estão desprezando minhas orações - respondeu pacificamente, embora estivesse queimando em chamas de raiva por estar sendo ignorado pelos próprios companheiros. - Como consegue? - mudou de assunto repentina e simplesmente.

- Como consegue o que? - os olhos verdes de Eloísa encararam atentamente os azuis do Querubim.

- Como consegue ser tão responsável? E esperta?

- Estou acostumada a ser deixada sozinha em casa, meus pais andam muito ocupados, ele é empresário, ela é chefe de cozinha. além disso, eles viajam o tempo todo - exprimiu dando ao quarto um vasto sentimento de tristeza e desapontamento.

Os Sete Líderes do InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora