- Árvores de borboletas

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Todo dia, bem cedinho meu mestre vai até as árvores da vida para olhar e cuidar. Levantei cedo, fui ao banheiro limpando as evidências do sono com as mãos, escovei meus dentes e lavei o rosto, olhei no espelho, minha pele era branca, meus olhos castanhos e meus cabelos mudam de cor com as estações do ano, agora ele estava num tom azul.
Sai às pressas vendo que horas eram e eu ainda não tinha feito o café da manhã, preparei um pouco de chá com torradas, uma comida não tão pesada logo de manhã para acalmar os nervos para um longo dia de trabalho, pois isso era necessário para a aprendiz da vida, andei pela casa com a bandeja até me deparar com uma enorme porta de vidro que dava acesso a estufa onde se encontrava as árvores, meu mestre estava sentado, olhando o tronco de uma velha e grande árvore.

- como elas estão? - perguntei colocando a bandeja na mesinha ao seu lado.

- estão precisando de um empurrão hoje - ele deu um largo e bonito sorriso que por sinal devolvi o gesto com outro.

- será que estão assim pelo inverno que começou? - perguntei

- quem sabe - ele deu de ombros, mas tinha certeza que ele sabia o motivo - acho que está na hora - ele anda até a árvore e bate com a mão fortemente em seu tronco, fazendo um enxame de borboletas saírem, era uma explosão de cores, tão lindo que quase perdia o fôlego ao ver - cada cor representa uma personalidade diferente e sua intensidade significa como sua vida está naquele momento, bem, mal, a beira da morte, no começo da vida, elas dizem tudo o que precisamos, é só saber onde olhar.

O mestre se afasta da árvore, as borboletas pareciam folhas coloridas que migravam de galho em galho, nunca ficando parada em um lugar só, algumas planam pelo ar até cair no chão, geralmente é as que estão no topo da árvore.

- Julia venha aqui - ele nunca havia me chamado pelo nome antes, o que será que eu tinha feito?

- o.. oi mestre - falei aos gagejos.

- estenda a mão! - ele estava sério, nem tive tempo de pensar.

- ok - ele colocou algo gelado e fechou minha mão, andando ele sai do meu campo de visão. Ansiosa abri a mão, para minha surpresa ali havia um broche de borboleta de cor azul cintilante.

- mas só mestres da vida podem usar broches como esse, não é mestre? - me virei a procura de seus olhos, mas não tinha mais ninguém alí, olhei na casa e em seus arredores, estava sozinha e era a nova mestre da vida.

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