"Que lindo"

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|Isabelle Miller|

Depois dele ter saído, fico por um bom tempo sentada na cama, que tediante.

Será que devo sair..? Que mal tem afinal!?

Abro a porta do quarto e ando devagar pelo corredor até chegar a escada, desço os degraus encontrando a senhora que me comprou roupas.

— Oi..

— Oi menina. Está entediada?

— Na verdade sim. — Sorrio.

— Essa casa é grande, mas não se tem quase nada pra fazer aqui.

— Entendo..

— Mas tem um jardim enorme lá no fundo, você vai gostar.

— E eu.. Posso ir até lá?

— Claro! É por alí. — Ela aponta para a porta dos fundos.

— Obrigada.

— Qualquer coisa me chama.

Sigo até a porta e logo estou no jardim.

— Que lindo.

É um jardim enorme todo gramado, tem uma árvore mais a frente e alguns tipos de flores espalhadas.

Vou até a árvore e me sento debaixo dela, é tão bom o cheiro das flores, esse lugar.. É tranquilizador.

Me deito sobre a grama e fico olhando para o céu.

A algum tempo estava em casa, com minha família, e aí eu acordo em um prostíbulo.. Aquelas pessoas..

Fecho os olhos e sinto lágrimas descerem lentamente.

Papai.. Como sinto a sua falta..

Meus amigos.. Mamãe, Isadora..

Me sinto sendo observada, me sento novamente e olho ao redor levando meu olhar até a casa e o vejo na varanda me olhando.

Ele está com uma toalha ao redor da cintura e um copo na mão.

Desvio o olhar para baixo e me levanto rapidamente saindo dalí.

•••

Se passaram algumas semanas desde que vim para cá, estou sendo tratada bem, só é extremamente solitário aqui.. James passa o dia no trabalho, ou no quarto, ou no escritório, quase nunca o vejo, e nem trocamos muitas palavras, só o básico.

Visto um vestido e desço para a cozinha, Verônica está preparando o jantar, ela é minha única distração aqui, passo o dia conversando com ela.

— Olá Verônica.

— Oi menina, como está?

— Estou bem..

— Entediada?

— Muito. —Falo me sentando

— Imagino, você fica aqui nessa casa dia todo, nunca pisou o pé lá fora, não é de se esperar né.

— Mas tá tudo bem.

— O jantar está pronto, eu já vou indo, até amanhã Isabelle.

— Até, tchau Verônica.

Fico sozinha na cozinha, escuto a campainha tocar.

Devo atender..?

Toca de novo.

Me levanto e vou até a porta, respiro fundo e a abro.

Um entregador.

— Olá boa noite, casa do Sr Taylor!?

— É aqui.. Mas ele não está.

— Poderia assinar aqui!? — Ele me estende uma prancheta e eu assino. — Prontinho, aqui está.

— U-um cachorro!?

— Sim.

— Tudo bem.. Obrigada. — Pego o cachorro e fecho a porta.

É tão pequeno que quase cabe em uma só mão.

— Você veio me fazer companhia!? — Ele está dormindo.

O levo para meu quarto e o coloco na cama.

Quem será que mandou..

Escuto passos subindo a escada.

Abro a porta dando de cara com James.

— Que susto! — Coloco a mão no peito.

— Por que se assustou? Estava aprontando por acaso?

— N-não.. É que..

— Que..?

— Chegou uma coisa pra você.

— Contas?

— Não, entre. — Lhe dou passagem para o meu quarto.

Ele entra e fica confuso.

— Onde está?

— Alí. — Aponto para minha cama.

— Ah não.. Quem mandou isso?

— Não sei.

— Droga, o que eu vou fazer com um cachorro?

— Não está pensando em devolve-lo está!?

— Eu não sei cuidar nem de mim, veja lá de um bixo.

— Eu cuido dele.. — Falo baixinho.

— Você?

— Sim..

Ele suspira frustrado.

— Tudo bem.

Soltei fogos dentro de mim.

Nunca tive um bixinho de estimação, vou amar cuidar de um.

— Obrigada!

Continua

Minha Por ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora