"Eu não posso"

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|Isabelle Miller|

Acordo com uma forte dor de cabeça, consigo abrir os olhos devagar e enxergar o lugar em que estou.

Um quarto grande, paredes cinza, estou com muita dor pra raciocinar direito.

Ouço a porta ser destrancada e fecho os olhos rapidamente, alguém se aproxima de mim, minha respiração Fica pesada mas não abro os olhos.

— Sei que não está dormindo.

Não me movo, nem abro os olhos.

— Você dormiu quase o dia inteiro, deve está faminta.

É verdade.. Me sinto fraca pela fome.

Abro os olhos devagar e encaro o homem parado em minha frente.

Ele tem cabelos escuros e olhos claros, um olhar penetrante que não consigo manter por muito tempo, desvio o olhar para meu corpo, ainda estou com as roupas da boate.

— Não vai falar nada!?

— Quem é você..? O-onde eu estou? O que estou fazendo aqui? Por que me comprou?

— Calma, muitas perguntas, bom, vamos lá, você estava a venda e eu a comprei, acho que não gostaria de ficar lá, pelo menos foi o que me pareceu.

— Tem razão..

— Qual o seu nome?

— Isabelle...

— Tome um banho e desça até a cozinha.

— Mas.. Eu não tenho roupas.

— É.. Falarei com Verônica, ela providenciará uma roupa para você. - Diz saindo do quarto.

— Espera, qual o seu nome..?

— James. — Fecha a porta.

Depois de tomar banho me visto com um roupão e fico esperando a senhora que trará roupas para mim.

Já se passaram minutos e até agora ninguém apareceu.

Será que devo ir atrás deles?

Caminho até a porta a abrindo dando de cara com uma mulher muito bonita por sinal.

Ela me olha de cima a baixo e dá um sorriso estranho.

— Agora eu entendo o porque não atendeu minhas ligações James! — Ela fala alto.

O homem que falou comigo aparece em seguida.

— O que? Não seja tola, não aconteceu nada aqui.

— Vai dizer que não trans..

— Cala a boca! — Ele a interrompe.

— Verônica vai demorar um pouco para voltar. Enquanto isso terá que ficar de roupão mesmo.

— Tudo bem.

— O que eu tô perdendo?

— Nada. Vamos Isabelle, precisa se alimentar.

Ele desce as escadas e eu o sigo até a cozinha, me deparando com uma mesa farta, minha barriga comemora com a vista.

Lá naquele lugar não tínhamos uma refeição adequada.

Me sento meio sem jeito e fico encarando os pratos.

— Fique a vontade. — Ele me incentiva.

Começo a me servir sendo a todo tempo observada.

— Você não vai comer também..?

— Eu já comi.

— Hum.. Ok.

— Me diz, como você foi parar naquele lugar? Dívidas?

— Não.. Eu.. Eu fui sequestrada..

— Sequestrada!? — Ele me olha assustado. — Achei que aquelas garotas estavam lá porque queriam.

— Bom.. Algumas sim, mas poucas, o restante.. Foram levadas a força.

— Eu fiquei muito confuso quando vi aquele senhor negociando a venda daquelas garotas. Mas depois fiquei sabendo que isso era "normal" , até policiais vão lá, por isso ninguém nunca denuncia.

— Muito obrigado por ter me tirado de lá..

— Sem problema. Você pode ir embora hoje se já estiver melhor.

— Não! Eu.. Eu não posso.

— Não pode? E por quê não?

— Eu não posso voltar.. Eu.. Me deixe ficar aqui.. Eu faço qualquer coisa.. Por favor..

— Calma. Não posso deixar você aqui, as pessoas vão querer saber quem você é, e o que é minha.

— Por favor.. Faço o que você quiser.. Só.. Me deixe ficar aqui. — Sinto meus olhos arderem, e se encher de lágrimas.

Ele passa a mão no cabelo parecendo pensar, e suspira fundo.

— Tudo bem. Mas não ficará por muito tempo, logo estarei vendo uma casa para você poder ficar.

— Muito muito obrigada.

— Agora termine sua refeição.


Continua

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