XXVII. Estrada

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Minhas mãos manuseiam o volante,
Da mesma forma que um dia
Tuas mãos manusearam o meu corpo.

O carro percorreia o caminho,
Com a mesma agilidade
Que minha língua percorreu a tua boca.

A estrada cheia de curvas
Faz minha mente lembrar,
Das curvas que teus lábios faziam
Quando você sorria pra mim.

E como se já não fosse o bastante,
Como se tuas memórias
Já não me cercassem a viagem toda,
A música que eu sempre te cantava começa a tocar...
Maldito seja o aleatório no som do carro.

Espero que o radar não registre a velocidade do meu coração acelerado.

Seguimos então,
Por caminhos diferentes.
Mas seguimos, ao menos,
Numa mesma direção?

Devo dirigir até você,
Ou devo dirigir ao esquecimento?

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