lágrimas de sangue

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     Depois de tanto desespero, enfim voltei a exergar. E meu profundo desejo passa a voltar para a cergueira, pois o que eu vi foi terrível.
    Parece que ao morrer me lançaram naquele lugar. Era uma pilha imensa, de corpos. Tantos homens mortos...que não dava para contar. Eram todos que eles haviam executado.
    Um tempo se passo, e meu olfato voltou a funcionar. O lugar fedia e muito. Fedia a sangue, decomposição, urina e merda. E eu creio que eu era parte dos motivos para isso.
    Eu estava aterrorizado, e queria mais do que tudo, sair dali. E parece que eu estava voltando aos poucos a funcionar. Tudo que eu podia fazer era esperar. Não que eu queria fazer isso,mas não tinham outras opções.
    Mais um tempo e tornei a ouvir. E o que escutei foi o barulho de mais corpos sendo lançados. E eram ainda mais do que e imaginava. A maioria dos corpos eram frescos. Eles estavam provocando uma real atrocidade. Não pensei que era possível matar tanta gente de uma vez.
    Depois, meus braços. E o que fiz foi dar o trabalho de me arrastar entre os corpos, em busca de uma saída. O que é muito complicado, quando se tem apenas um deles, e quando ele está tão ferido que parece que vai se disintegrar.
    Agora minhas ...quero dizer, minha perna.  E o restante de meu corpo. Continuei me arrastando. Meu corpo estava ferido demais para andar normalmente.
   Enquanto eu arrastava meu corpo em pleno desespero. Mais um de meus sentidos voltou, e eu comecei a sentir muita dor. Mas depois de tudo que eu passei, aquilo era como a picada de um mosquito. Era apenas um incomodo, então eu prossegui, com ainda mais dificuldade, porém prossegui.
    Para ser sincero, eu não sabia para onde ir, mas ao mesmo tempo, sabia. É como se_não sei_meu instinto, algo no fundo de meu cérebro, soubesse para onde eu deveria ir. Mesmo que eu não me recordasse onde era esse lugar. Eu confiei em meu desepero...confiei que ele me salvasse, de mais dor.
    Então, depois de meia hora naquela situação, algo estranho aconteceu. Era como se um raio tivesse atingido todo o meu corpo. Fiquei paralisado, sem ação, e sem compreender o que acabara de acontecer.
  Meu corpo esquentou, e começou a sair fumaça. E doeu, doeu muito. E quando a dor passou, eu não estava realmente curado, mas meu braço, e perna perdidos, eu os tinha novamento. Eu não pensei duas vezes, fiz toda a força que podia,ele levantei.
    Minhas pernas estavam bambas. Minha cabeça, estava estourando de dor. Mas eu continuei tentando, e fui andando enquanto me apoiava nas paredes. Demorou um tempo até que eu achasse uma escadaria. Eu, por fim, subi as escadas.
    Tinham guardas, mas eu não tinha forças para ataca_los. Eles tentaram me impedir, mas aquele raio voltou, os atingiu e me curou ainda mais. Que raio era aquele? Não sei,eu simplesmente prossegui.
     Eu andei e andei. Até que por fim cheguei a uma velha casa. E me lembrei de quem pertencia: a um parente querido, ao meu tio.
    Bati na porta, demorou, mas ele me atendeu. De início fez a expressão de desentendimento, mas rapidamente me levou para dentro de casa.
    Me sentei no chão cansado.  Enquanto isso ele ficou me encarando por um bom tempo. Fez a expressão que alguém emocionado teria feito, e se segurou para não ter que admitir que avia chorado.
    -Isso é....um milagre enorme!_Enfim, pronunciou_Como é possível garoto?
    -Eu..._Travei ao falar, não sabia o que tinha acontecido, não compreendia_Eu não faço a mínima ideia...
    -Como assim garoto?_Perguntou_Deve ter tido outro plano brilhante.
    -Tio..._Falei o seu nome, com um tom que demonstrara claramente o meu desespero.
   -Ah...diga garoto.
   -Eu perdi alguém não é?
   -O que quer dizer com isso?
   -Desculpa. Minha...mente, ela está confusa. Naou tenho quase nenhuma recordação, tirando que eu fiz alguma coisa errada e fui preso.
    -Oi!?_Expressou confuso_Você, naou fez nada de errado garoto. Você sofreu uma injustiça, isso sim.
   -Então me ajude a saber que injustiça é essa...por favor.
    -Você lembra da Laura?
    -Laura....
    Ao dizer este nome, minha mente entrou novamente, em choque. Memórias vieram a tona, memórias que eu preferia ter deixado enterradas.
    Eu vi, enquanto sentado naquele canto. Era uma casa em chamas, e uma bela mulher saindo dela com uma criança. A mulher era Lucy, minha esposa. A criança, pequena e dócil, era Laura.
    Minha mente ainda estava confusa, mas dava para ver, meras imagens, embaçadas porém, compreensíveis. Um Homem estranho a matou, ele a matou a sangue frio.
    Aquilo me despertou enorme triste, e eu chorei. Calado, apenas lágrimas, mas não conseguia parar. Meu silêncio foi interrompido uma simples pergunta:
   -Se lembra!?
   -Era...Laura era_Minha voz estava baixa. Não conseguia falar com tanta tristeza_Laura,Laura Laura,Laura,Laura_So conseguia repetir seu nome.
   -SE LEMBRA DA LAURA?_Gritou. E este grito foi o que me deu a resposta.
    -Laura... é...Minha filha.
    -Que bom que se lembrou_Respondeu_A menina merece que ao menos o pai, a tenha em conciencia. Que ela... descanse...Em paz.
   -Não faz sentido...
   -O que não faz sentido.
  -Eu só me lembro do dia de sua morte. Não lembro de nada da mi há filha. Mas...estou triste e .... chorando.
    -Lágrimas de sangue...
    -O quê? O que... é isto?
    -Não precisa ter lembranças para estar triste. Ela está marca em você, como a cor do seu sangue, porquê ela é sua família. Ela era o seu bem mais precioso, não dá pra mudar isso. Por isso a tristeza está marcada. Isso são lágrimas de sangue.
    -O...o que devo fazer_Perguntei, ainda em lágrimas.
    -Deve reter suas memórias perdidas. É que deve fazer.
    -Porque, é importante.
    -Claro que é! Ela está viva em nossas memórias. Eu a tenho viva,aqui e aqui_Falou enquanto apontava para o coração a a cabeça.
    -Você a tem aqui_Colocou a mão sobre a região do meu coração_ Mas não a tem aqui_ Apontava a minha cabeça.
    -É as outras coisa que sabe?
    -Você já sofreu de mais, para um dia só. Deixamos que você descanse, está bem? Amanhã se puder, eu lhe conto mais.
   -Todo bem.
   -Arrumarei sua cama e sairei para comprar  ingredientes e pegar um pouco de lenha. As  poucas felicidades da vida devem ser aproveitadas. Vamos comemorar o seu retorno para casa.
    Ele saiu. Eu estava tão mau, e tão cansado, que nem me dei conta, mas não fui para cama. Eu dormi ali mesmo, naquele chão. Eu não sabia o que estava por vir, tinha coisas piores do que o dia seguinte na  minha mente. Seria um grande e desagradável, dia. Talvez o menos, longo e desagradável que estaria por vir.

    

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