O dia amanheceu nublado assim como seus pensamentos. A culpa a consumia de tal forma que o estômago contorcia. Entendia seus motivos para não querer vê-la, mas ela precisava tanto, como iria suportar? Pelo outro lado, ele tentava sem sucesso seguir seu orgulho. Ele ansiava em vê-la, e não era para ouvir suas desculpas e sim para olhar em seus olhos e obter as respostas de que precisava para seguir em frente.
- Se ainda quiser falar comigo, estarei passando por aí por volta das 12h.
Sentia seu corpo tremer enquanto á esperava digitar, como se ela estivesse com o celular na mão esperando sua mensagem.
- Ok, me avisa quando estiver descendo.
Os segundos pareciam infinitos, ela trocou de roupa duas vezes se sentindo frustrada por não ter lavado a roupa preferida. Escovou os dentes, arrumou os cabelos e passou um batom claro, andava de um lado para o outro enquanto contava os minutos.
O carro parou um pouco à frente de sua casa, entrou em silêncio, ambos não se olharam. Ele apenas seguiu sem saber ao certo o destino. Poucos minutos depois, quando os olhares se encontraram, o sorriso apareceu. Como? Por questão de segundos os dois haviam se esquecido dos últimos acontecimentos. O coração batia tranquilo, apesar da respiração ainda descompassada, o sentimento era de alegria em vê-lo e ao mesmo tempo o nó se formava quando ela pensava na iminente despedida. A conversa era divertida, às vezes algumas trocas de olhares rápidos. Seguiram para um lugar calmo, longe da agitação da cidade, não muito longe uma passagem que dava acesso às duas cidades, lugar para caminhada e pelos belos eucaliptos um ponto turístico dos fotógrafos.
O silêncio retornou, quando enfim ela começou, seus olhos marejados, ele mudou de assunto rapidamente, não suportava vê-la assim, pediu insistentemente para que ela segurasse o choro, se segurou várias vezes, a vontade que tinha era de abraça-la. Já havia obtido suas respostas e pensava em como resolver aquela situação, passou pela mente acelerar com o carro e fugir com ela, mas depois pensou em como ela reagiria racionalmente sempre pensando nas outras pessoas menos nela. Ela sabia que não importava o que iria falar, ele não iria entender, porque na verdade nem ela mesmo entendia. A situação em que o rumo da sua vida tomara a prendia de uma forma inexplicável.- Como você me pediria em casamento ?
Ele já havia pensado a respeito algumas vezes.
- Não sei, acho que tipo: - Quer casar comigo?
Ele amava quando ela revirava os olhos em desaprovação.
- Quero me casar na capela da fazenda, que ainda não vi, mas sei que será lá e de preferência pela manhã.
- Meu Deus! Olha sobre o que estamos conversando. Disse sorrindo, enquanto a imaginava vestida de noiva caminhando em sua direção.
Por longos minutos os dois pareciam ter se esquecido de tudo, ele havia conseguido fazê-la sorrir e os assuntos eram vários. As horas se passaram e ela sabia que havia que voltar, não havia falado nada do planejado, mas não sentia mais a necessidade, apenas queria aproveitar cada milésimo de segundo ao lado dele e pela primeira vez em anos, ela encostou a cabeça em seu ombro, ele baixou o banco e colocou a cabeça dela em seu peito e com o outro braço a envolveu. O mundo poderia parar ali naquele momento, pensou ele. Ela acariciava suas mãos e em cada toque as sensações que sentia eram como tocar as notas musicais do mais belo e afinado piano. Ficaram ali não se sabe por quanto tempo, quando ela se virou, não para levantar, mas para que suas mãos chegassem em seu rosto. Ele beijou de leve sua testa, sentindo-se o homem mais feliz. Um feixe de sol apareceu, podiam ouvir os pássaros ao longe, ela fechou os olhos enquanto ouvia seu coração e os sons da natureza, a melhor melodia já ouvida. Ela sentia-se tão segura e amada e estranhamente era como estar em casa. Quando por fim ela se levantou, os olhares se encontraram, a pupila parecia saltar, os olhares se comunicavam. Embora ele desejasse tanto sentir o gosto daqueles lábios, se reteve por medo, pois a conhecendo pensava que se arrependeria, mas como resistir? Os olhos dela diziam que sim. A respiração estava descompassada, o corpo ardia em um calor inexplicável porque era bom.
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Infinito e Além
RomanceSim Renato Russo, o infinito realmente é um dos deuses mais lindo. Só em pensar em sua imensurável imensidão e que fazemos parte dessa imensidão, e mais ainda que somos seres infinito. Já parou para pensar? É você e você infinitamente, eternamente...