Cap. 7 - Óculos escuros

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Consideremos que a nossa vida toda seja um jardim.

Neste jardim tem vários tipos de flores e plantas. Diversidade não falta. Mas, por alguma razão, as rosas vermelhas acham-se melhores que as outras flores. Por isso, fazem as outras flores murcharem de vergonha delas mesmas.

Onde quero chegar?  Simples.

Se você não for acreditar em tudo que dizem de você, você não vai sentir nojo ou vergonha de você mesmo sempre que vê o seu reflexo no espelho.

É questão de saber seu valor.

Você é perigoso quando tem uma epifania sobre você mesmo. Se você se conhece, você conhece a vida. E mais ninguém poderá dizer que não está certo.

Porque você sabe que está.

A maior arma contra as mentes-opacas, é a sabedoria que você tem sobre você mesmo. Quando você se conhece, quando você entende que mais ninguém é capaz de fazer por você o que você mesmo faz, você entende que enrolar a garganta com a opinião que terceiros têm sobre você, é inútil e ilógico.

Quando você se auto-orquestra para ser e sentir o que quer... uma plateia para opinar é inútil sem estar atrás das ribaltas. Você precisa de silêncio para si mesmo. Não de ribalta.

As rosas cinzas seriam os populares. Os idiotas mais preconceituosos do colégio. Inclua Lexi, Eldon e Quinn. No mesmo grupo, se encontram duas pessoas de pele negra, onde um deles é respeitado porque tem dinheiro, Logan, e o outro só é enturmado porque de facto joga nas competições, Paul.

  Não me incomodo por ser excluída pelo meu tom de pele, na verdade. Eu prefiro mil vezes estar sozinha do que com essas pessoas falsas e sem nada para oferecer.

As rosas azuis se encontram em outro lugar, o pequeno grupo de três pessoas, cujos nomes não sei. Mas não é segredo nenhum que todos os chamam de: "terroristas". Uma ofensa presente da turminha de Lexi.

E aqui está uma metade das flores amarelas, eu e Grace. As que não se encaixavam em grupo nenhum. Sentadas no refeitório. Grace olhando o que está acontecendo admirada. Tal como eu.

"Adilah é o nome dela, certo?" Pergunto e Grace assente ainda olhando ela passar.

"É a primeira vez que o colégio vê de facto o cabelo de uma muçulmana." Ela diz. Adilah anda graciosamente. Com sua nova saia de cheerleader e seu cabelo longo, possivelmente usando extensões.

Na minha primeira semana de aulas eu vi Adilah usando um hijab e se cobrindo mais, mas agora, ela exibe seus cabelos lisos num rabo de cavalo, desviando o olhar sempre que passa por pessoas usando um hijab. - As mesmas, mesmo sendo um grupo de três, olham para ela com horror nos olhos, e preferem não estar com todos os outros.

"Eles têm um clube. Onde eles convivem só entre eles, e muito provavelmente para falar sobre a religião, o bullying e o preconceito que eles sofrem. E ela, a Adilah estava no clube. Mas pelos vistos, ela saiu. E sua prima meio que curtiu disso." Grace diz e eu desvio o olhar dela para olhar minha prima mexendo no cabelo de Adilah e rindo com ela, como se conhecem uma a outra há ANOS.

"Não..." Digo sorrindo. "Ela simplesmente é tão falsa quanto é esta situação."


[...]


  Escrever um poema não deve ser difícil. O difícil é escrever um sobre alguém, principalmente quando há pressão. Sobre um amor romântico.

  Não que eu não estivesse interessada por alguém, mas como poderia escrever sobre um amor não correspondido que dói tanto quanto a regularidade que respiro? Como o professor pôde pedir uma coisa dessas? É um crime.

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