Cap. 5 - Tijolos de algodão

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[Ouça com os fones!! Áudio 8D]












"Você me deu abrigo quando precisei
Você me mostrou amor quando não estava sentindo
Você me ajudou a lutar quando estava desistindo
E você me fez amar quando eu estava perdendo.

Eles me tirariam de sua mão

Ou eles tentariam, eles tentariam
Este é o murmúrio da terra
Este é o som da banda do amor,

Mãe."
- Isso é tão Solange!














Por muitas vezes, eu aconselho a mim mesma a não acreditar nas pessoas. Ou em situações.
Minha mãe foi traída pelo meu pai, pela sua irmã, e pela sua tia. Isso é o suficiente para acreditar que pessoas não são confiáveis. Por mais bondosas que sejam pra você... tudo acaba. E o que mais dói, é que quando acaba, você se culpa. Se culpa porque você sempre soube como se previnir... mas nunca se preveniu.

Nunca me acomodo em situações.
Mesmo que esteja correndo tudo bem, eu não me acomodo. Pois de uma hora para outra, simples palavras, atitudes ou gestos vindos da pessoa certa - ou errada - podem mudar tudo. Atrofiando sua maneira de pensar. Atrofiando sua mente. Corroendo seu corpo de noite. Tirando seu sono. Gastando sua dose de água salgada nos olhos. Molhando sua almofada e fartando seus ouvidos com músicas de melodia calma e letra triste.

Sim. Eu sei. E não passarei por isso. Não mais.

"Ela abriu os olhos!" London diz e eu tapo a boca com as mãos em surpresa.

"Eu tenho que a ver! Me leva por favor!" Imploro.

"Sol... Seu pai..."

"Meu deus London. Que se ferre ele. Eu quero ver minha mãe! Será que tá tão errado?" Pergunto irritada. London sorri de lado.

"Tá bem. Como você é insistente." Ele diz e eu dou pequenos pulos no banco do carro. Enquanto meu coração acelerava. Eu ia ver minha mãe! Depois de meses, ela finalmente abriu os olhos!

[...]


Quando o doutor me levou ao quarto de minha mãe, eu segurei minha vontade imensa de chorar.

Minha garganta ardia. As lágrimas queriam sair. Eu só conseguia lembrar dos momentos que passamos sorrindo. Do medo que senti quando ela não abria os olhos. Quando seu coração parou por cinco segundos. O medo da perda. Sem ter meu pai por perto na maioria das vezes... eu busquei o meu controle no meu diário. Me apeguei a objectos e acabei me educando, tanto academicamente como sentimentalmente, nos livros e nas experiências de minha mãe.

Eu me sinto tão pequena. Minha mãe está numa cama. Precisando de aparelhos para respirar. Como dói vê-la assim. Como dói não saber direito o que aconteceu com ela.

"Mãe?" Chamei baixo quando me aproximei de sua cama. "Mãe sou eu... Sol... A sua Sol.." Disse e derramei uma lágrima. A mesma lágrima que estava guardando. A mesma que estava me causando tanta dor. "Eu sei que a senhora consegue me ouvir. Então... Eu vou falar o que está acontecendo. Tá?" Respirei fundo e sorri. "Sabe? Tem um garoto... O Ryan... Ele me deixa realmente feliz e é o garoto mais especial do mundo!" Conto a ela e meu sorriso desaparece. "Mas está difícil sentir o que sinto. Sem a senhora... estou perdida. Eu não sei o que fazer para parar de doer mãe." Disse derramando mais lágrimas. "Eu Só quero que a senhora fique bem logo. Por favor mamãe."

Seguro sua mão e fico olhando seu rosto. Cada traço de seu rosto. As pequenas rugas já formadas, e até a ruga da testa, quando é franzida, eu olhei. Eu amo tudo no rosto dela. O seu rosto cansado de chorar. O seu rosto muitas vezes apresentado com um sorriso. O rosto que eu via sempre que precisava dela no meu quarto a noite. O rosto que eu imaginava quando estava sem ela por perto a noite. O rosto que sorriu confortante para mim na minha primeira menstruação. O rosto que mostrou alegria quando caiu meu primeiro dente. Eu amo a minha mãe. Mais do que tudo nessa vida.

Eu só peço. Por favor meu deus. Não tire ela de mim. Eu preciso tanto dela... Eu me sinto tão só. Tão perdida... eu só quero ser achada. Eu só quero a minha mãe.










[...]

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