I C E B E R G - O M E I O

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Terceira Semana. As primeiras semanas se passaram com uma rapidez muito grande, o tempo não parecia estar de bom humor com Beth. Trabalhos acadêmicos logo começaram a ser lançados sobre as mesas dos alunos. Trabalho, trabalho e mais trabalho. Já na terceira semana estava perdida, mas sabia que era de grande prestigio estar inserida em uma universidade tão gratificada e conceituada como a Fordham, pelo menos era o que pensava cada vez que seu corpo pedia uma folga. Apesar de estar lisonjeada, as células que compunham seu sistema nervoso estavam meio cansadas de trabalhar tanto. Beth era uma menina muito aplicada, gostava de destacar-se e apresentar seu melhor desempenho em todos os trabalhos. Trinta minutos de descanso? era uma eternidade, via como um tempo crucial para desempenhar várias atividades e dar andamento em seus trabalhos.

Debruçou-se sobre sua escrivaninha, eram exatamente quatro horas da manhã, paralisando sua leitura. No seu imaginário ela iria apenas dar uma pausa e fechar as cortinas dos olhos por alguns segundos, mas seu corpo exigiu mais; exigiu um descanso profundo, algo que não tinha a algum tempo.

E lá estava ele logo no amanhecer, o despertador, seu maior inimigo gritando como se o mundo fosse acabar; o cérebro de Beth já assimilava esse barulho a uma sirene do apocalipse. A jovem garota ainda abatida, cansada de tanto ler e de mover seus dedos diante das teclas do notebook, levanta da escrivaninha em um movimento de susto, corre então para trocar de roupa, fazer sua higiene básica e estrala a porta de saída com uma batida que significava desespero e atraso.

Quarta Semana. As noites em casa agora estão cada vez mais cansativas e reflexivas para a garota prodígio. Sentada sobre sua cama, ela visualiza o teto de seu apartamento. Branco, liso. É uma miragem perfeita para que ela possa criar e imaginar muitas coisas. Começa então a enfiar sua mão no baú do passado, puxando questões cuja as respostas eram as mais dolorosas possíveis. A garota levanta-se, vai em direção a cozinha, e enquanto esquenta seu café ela paralisa por um segundo e começa a admirar aquele lugar. Um lugar silencioso, calmo, quieto sem nenhum resquício de som ou de atividade humana além da dela. Logo aparece em seus lábios um sorriso de canto, que logo é desvinculado a ele por outro pensamento. Isso é um choque. Algo que ela tanto temia e ao mesmo tempo almejava estava diante de seus olhos. Almejava estar em uma grande universidade e temia aquilo, a solidão.

Por toda sua vida sentiu-se sozinha. Vivia passando de mãos em mãos de seus parente após a morte de sua grande protetora, eles a acolhiam por um tempo mas logo após davam uma desculpa para despeja-la. Os batimentos de Beth agora começam a aumentar, a ansiedade vai de seu estomago a sua garganta. Parece que sua conquista, que até então só apresentava boas coisas agora estava se mostrando com um lado obscuro também. O bule gritando avisando que seu café já estava fervendo, evaporando. E Beth estava lá, parada, com seus olhos fixados em um ponto aleatório da casa refletindo sobre tudo. Quando estica sua mão para tatear o bule, segura em sua parte de alumínio com firmeza. A ardência logo vem, e foi o que a trouxe ao mundo novamente com um susto.

O telefone toca, são cinco da manhã de um sábado. Beth acorda com a cara meia amassada ainda dos travesseiros, vai em direção ao aparelho e atende. Na linha uma voz familiar, mas que não se tem um reconhecimento imediato da garota. Quem está ligando é sua prima, Luanne, avisando que sua tia, que a cuidava, estava no hospital após ter sofrido um acidente de carro, estava alcoolizada e acabou chocando seu veículo sobre uma árvore. Beth não consegue ter uma reação imediata, ela fala para sua prima que vai ir até o hospital vê-la, mas sua prima contrapõe anunciando que não tem necessidade disso no momento, por saber que Beth estará muito ocupada e sem tempo. Luanne a acalma e diz que assim que tiver mais noticias do hospital irá avisar. Ela então desliga o telefone e se vê lá novamente, parada sem saber o que fazer. Suas mãos tremendo e seu estomago sentindo que a solidão estava se aproximando cada vez mais.

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