O que fui eu fazer? ...

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        Depois de aquecer a água passei o chuveiro com água morna por todo o meu corpo como se fosse algum ritual de purificação, como se a água que antigamente era fria e escorria pelo meu corpo fosse de alguma forma impura e como se esta água morna agora desfizesse o mal.

- Diz-me no que estás a pensar - disse numa voz baixa, rouca e ao mesmo tempo suave ao meu ouvido, beijando-me o pescoço com um simples beijo doce e me rodeava com os seus braços pela minha cintura, fazendo com que sentisse mais vontade de o ter só para mim e a respiração dele no meu pescoço fez com que fica-se mais nervosa sem razão aparente. Não conseguia saber ao que se estava a referir.

- N - nada - não pareci nada confiante e ele reparou. Baixei a cabeça e fechei os olhos para conter as lágrimas e tentar pensar noutra coisa qualquer, e como não resultou mordi o meu lábio inferior, mentir não era o meu forte.

"Como é que posso remediar esta situação? Ele já desconfia de mim, e eu não sei como hei-de de lhe dizer que me sinto como uma prostituta reles" - respirei fundo, não podia deixar que este tipo de pensamentos me subisse á cabeça.

- Hmm? - passei-lhe o chuveiro sem olhar para ele, fazendo com que me sentisse algo vazia por já não me estar a tocar como à 4 minutos atrás - Não gosto que me mintam - colocou as mãos nos meus ombros, até o mais pequeno toque dele sob a minha pele faz com que tenha calafrios pela espinha abaixo, e desejo que me toque mais um pouco.

Yifan dependurou o chuveiro e num gesto simples agarrou-me nos pulsos puxando-me em direção a ele, fazendo com que me virasse, mas dei parte fraca e tentei evitar os seus olhos ternos e doces, e como se de repente o tecto branco da casa de banho de alguma forma se tornou mais interessante, mas todo esse meu esforço foi inútil, ele e as suas palavras meigas e algo engraçadas fizeram com que desse pequenas gargalhadas, e olhasse para ele cara a cara.

Não me lembro de ter começado a chorar, ainda tentei um sorriso, mas nem esse me saiu como planeado.

"Isto não me está a acontecer" - comecei a pensar - "Se isto se prolongar, vou ficar muito mal, e vou ter de lhe contar?".

- Hey! Calma não me digas que já tens saudades da pizza e da bebida - disse num tom baixo, e embora tivesse contado uma piada o tom dele era preocupado.

Sentia-me mal comigo mesma, e agora estava a fazer-me de vítima? Isto nunca me tinha acontecido...

- Conta-me o que se passa ____ - colocou as mãos no meu rosto limpando gentilmente as lágrimas que caiam.

Depois de uns breves segundos cheios de conforto, de palavras doces e meigas, ganhei coragem, e olhei-lhe diretamente nos olhos.

- Yifan ... Agora, depois do que fizemos o que pensas de mim? - a minha voz saiu trémula, por um lado estava cheia de medo de ouvir o que ele me tinha a dizer.

- ____ ! - na voz dele, agora era mais calma, suave, e ele sentia-se aliviado de alguma forma, a expressão de preocupação desapareceu do rosto dele - Não gosto de te ver chorar - abraçou-me como se de alguma forma me quisesse proteger.

Não podia acreditar no quanto cuidadoso ele estava a ser, na realidade pensei que depois de termos feito sexo, me expulsa-se de casa e nunca mais olhasse para a minha cara e me evitasse.

- Vou ser sincero contigo, eu nunca fiz nada disto ...

Quebrei com o abraço estava completamente chocada, como assim "nunca fiz nada disto".

- Nunca? - Não sei bem o que pensar, como se tratava de uma pessoa famosa, sempre pensei que tivesse uma espécie de namorada, mas que ninguém soubesse.

- Nunca, normalmente, não baixo a minha guarda tão facilmente, nem fazes a ideia de quantas raparigas fãs já me pediram para estar com elas... - olhou para mim - Mas não desta forma, apenas para passear com elas, ou até jantar - colocou a mão no pescoço, como se tivesse envergonhado por me ter dito que esta experiência também era completamente nova para ele. - Mas não sei, quando te vi, jurei que eras uma fã zangada ou algo parecido, mas quando falaste para mim e não sabias quem eu era isso de alguma forma influenciou-me a querer estar contigo, mas nada como quando te vi a pintar o meu quarto.

- E vem ai um mas ... certo? - mentalmente já estava preparada para mais uma desilusão e levar uma chapada da verdade na cara.

- Porque haveria de haver um mas? - olhou para mim e sorriu e aquele gesto fez-me derreter por dentro, queria ver aquele sorriso mais vezes, na realidade queria acordar no dia a seguir e vê-lo a sorrir assim - Gostei de ti, simplesmente, és uma rapariga determinada, concentras-te no teu trabalho, é ironicamente um pouco distraída, alegre, simples e o mais importante foi não me tratares como se fosse uma estrela.

Por momentos senti-me aliviada, mas mesmo assim o que é isto fazia de mim? Senti os seus braços em torno da minha anca, e a puxar-me para um abraço amigável e ao mesmo tempo carinhoso, naquele momento não consegui controlar-me e como era mesmo o que estava a precisar acabei por corar um pouco e por três razões:

1. Achava Yifan super atencioso e muito amigável e preocupa-se comigo o que não condizia nada com o estilo dele.

2. Ainda estávamos ambos nus, na banheira.

3. Senti algo a tocar-me e só podia ser o seu "instrumento".

"Porque estou a pensar neste tipo de coisas?"

- ____, não quero ser rude, ou tu ficares a pensar que sou um pervertido, mas se continuarmos assim por muito mais tempo, vamos acabar por repetir o que fizemos. - Não lhe conseguia ver a cara, porque estava nos meus ombros. Mas foi a prova da minha desconfiança.

- Hmm? Pronto ok - quebrei o abraço e virei-me para a frente - Onde tens o gel de banho? - nas prateleiras não estava nada que indicasse ser gel de banho, embora vivesse na Coreia desde os meus 7 anos, sempre fui muito distraída e raramente distinguia champô de gel de banho, o que é estúpido porque as letras são diferentes.

Senti as mãos de Yifan no fundo das minhas costas, e um cheiro de mentol no ar, respirei fundo e fechei os olhos, não sei explicar bem porque me estava a sentir daquela forma, mas o certo é que o toque de Yifan provocava-me sensações que nunca tivera e isso fazia com que o desejasse mais e mais, como se apenas o toque dele não fosse o suficiente, até o sentir a fundir-se comigo, a rir-se para mim e a dizer coisas doces e engraçadas só para mim.

- Ahhhh ... - soltei um gemido, e a culpa era toda dele, as mãos percorriam as minhas costas, pescoço e as minhas coxas - Yif... an ...

- ___! Não voltes a fazer isso! - encaixou a cabeça nos meus ombros, quase como forma de redenção, ou então como forma de tentar controlar-se.

- Do que estás a falar? O que é que eu fiz? - não fazia a menor ideia do que falava, em momentos anteriores já me tinha dito o mesmo mas continuava a não perceber bem, o que estava a pedir.

Yifan ... Wu?Onde histórias criam vida. Descubra agora