Pesadelo

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O nevoeiro havia descido, as estradas estavam turvas, mas dentro do carro o humor estava em alta, eu estava feliz. Hoje tinha sido a primeira vez em que os meus pais me deixaram ficar até tarde numa festa, com a condição de que eu ligasse para virem me buscar quando eu quisesse voltar.

Tudo tinha corrido bem, a festa havia sido um sucesso, vários garotos bonitos e o melhor... ninguém sabia quem eu era, ou o peso que o meu nome carregava.

O meu pai se contagiou com a minha felicidade, mamãe era a única que tentava nos trazer de volta à realidade.

Infelizmente, deveríamos ter dado ouvidos a ela...

A junção do nevoeiro mais a empolgação da minha conversa com o meu pai, contando tudo -ou quase tudo- que se passará na festa, fora fatal.

Fomos atingidos por outro veículo, fui jogado para fora do carro com o impacto do acidente.

A última coisa que lembro de ter visto, fora a mão ensanguentada da minha mãe, ela estava em meio de vidros. Me estiquei com muita dificuldade para tocar nela, tentando a acordar, mas fora o mesmo que nada.

Eu havia perdido os meus pais para um trágico acidente...

— Yoongi! –Gritei ao despertar de um pesadelo que não era meu.

Levantei e fui até ao quarto do garoto, ele se encontrava suado entre seus lençóis que estavam bagunçados, indicando que ele havia se mexido imenso.

— Yoongi, acorde. –Toquei nele, fazendo-o despertar.– Foi só um pesadelo. –Falei.

— Você sabe muito bem que não foi só um pesadelo.

Sim, eu sabia. Tudo aquilo fora real, ele estava relembrando a morte de seus pais.

— Vem, você precisa comer. –Me ajoelhei perto da cama, e puxei a gola do pijama.

— Você tem certeza? –Perguntou.– Eu não estou com tanta fome assim.

— Você costuma dizer isso quando tem fome. Vá em frente.

E mais um vez sou preenchido pela familiar dor de suas presas perfurando a pele sensível do meu ombro.

Taehyung, se dói tanto assim, então porquê você se presta a esse papel?

A questão é, eu sou tudo o que restou a ele, Yoongi perdeu os seus pais e desde um tempo para cá tem recebido ameaças dentro da academia de vampiros em que estudávamos, daí o motivo de nossa fuga. Não irei mentir, a ideia foi minha, certificar-me de que o príncipe estava a salvo era o meu papo já que me auto-titulei guardião de Min Yoongi, o único de sua linhagem até então.

Nós tivemos que aprender a nos virar fora da academia, eu sendo um Dhampir, consigo alimentar-me de comida humana, ela não me faz mal, mas a Yoongi sim, ele precisa de sangue para sobreviver e nem sempre conseguimos uma fonte viável, já que o nosso maior desafio vem sendo nos passarmos despercebidos entre os humanos.

— Eu me sinto péssimo por ter que fazer isso com você. –Disse após limpar a boca com a própria mão, tentando se livrar dos vestígios de sangue.

— Amigos são para isso. –Sorri, tentando o tranquilizar.

A realidade é que mesmo sendo doloroso, eu sentia-me bem com a sensação de estar ajudando o meu amigo de alguma forma, Yoongi era importante para mim e se necessário eu daria a minha vida para salvar a dele. É para isso que os guardiões servem, não?

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