Começo.

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Cresci escutando ao meu redor de que pessoas nascem com algum talento nato. Umas sabem cantar, outras dançar, atuar, e no meu caso sei jogar futebol. E muito bem, diga-se de passagem.

Desde que me entendo por gente vivo com uma bola no pé, quebrando algumas janelas e objetos de decoração de minha mãe. Depois de ter quebrado a urna de louça que continha as cinzas da minha avó, minha mãe decidiu de uma vez por todas que eu estava proibido de jogar futebol, pelo menos dentro de casa. Foi então que ela me inscreveu em uma escola de futebol e foi lá que um olheiro me encontrou, me contratando com apenas dezesseis anos de idade para um clube sub vinte de Madrid, o Internazionale. Eu ainda morava em Vogogna, interior da Itália, e me mudar sozinho para Milão abriu minha perspectiva de vida.

Fiquei três anos no time, conquistando o campeonato mundial sub 21. Ganhei mais destaque e fui vendido para um outro clube, o Associazione. Mais dois anos ali e outro título com a minha ajuda, ganhamos novamente o campeonato mundial sub21.

Ao completar vinte e um anos já sabia que meu lugar não era ali e sim os times maiores e com mais torcedores. Levo o Internazionale e Associazione no peito, são os times que conseguiram me fazer chegar onde estou hoje.

No mesmo dia que completei vinte e um anos, assinei um contrato de quatro anos com o Real Madrid.

Christopher Vélez, 23 anos e meia do Real Madrid. Quem diria que tudo isso aconteceria depois de espalhar as cinzas da minha amada avó por toda a sala.

Me mudei para Madrid dois meses depois, com um apartamento próprio e um carro em meu nome. Conquistei a independência que sempre quis e melhor ainda, fazendo o que eu mais amava.

A fama de um jogador de futebol não é a melhor, isso já é balela. Nossos rostos e nomes estampam os tabloides de fofoca e nunca é comemorando alguma vitoria ou gol. Já cansei de me estressar com isso. Hoje eu simplesmente vivo minha vida, aparecendo ou não em revistas de fofoca.

Tudo isso valia a pena quando eu entrava em campo com o uniforme branco e dourado com meu sobrenome estampado atrás, recebendo o calor da torcida e dando o melhor de mim.

Eu estava em uma cidade nova, em um time novo, morando sozinho e tudo isso com apenas vinte e um anos, acho que foi por isso que quando me apresentaram o técnico, Alejandro Mancini, ele me convidou para jantar em sua casa, talvez para me deixar mais a vontade.

Bom, o que era para ser um jantar de um dia se tornou recorrente, e frequento sua casa pelo menos uma vez na semana.

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SEXTA FEIRA.

Sai do treino e fui para o meu apartamento, tomei um banho rápido, troquei de roupa e arrumei o cabelo. Fiquei pelo menos vinte minutos procurando pela chave do meu carro. Eu precisava arrumar esse apartamento urgentemente.

No caminho até a casa de Alejandro, recebi uma mensagem de Hannah confirmando minha ida a sua casa hoje. Eu tinha esquecido completamente disso. Digitei uma mensagem rápida desmarcando porque não estava com paciência pra aguentar os dilemas da vida de modelo.

Alejandro morava em um condomínio fechado, mas o porteiro já me conhecia então não se dava ao trabalho nem de anunciar. Estacionei na frente de sua casa e percebi uma movimentação estranha, já que ele morava com sua esposa Annie e Angel, a filha de três anos.

A porta estava entreaberta, então entrei sem avisar que estava ali. Reparei em uma mala encostada ao lado da porta principal e achei estranho, mas talvez Annie fosse viajar. Continuei andando e ouvi uma conversação vindo da cozinha, então fui até lá. Pensei que talvez Alejandro tivesse convidado mais algum jogador, mas ao virar e ver uma garota com Angel no colo soube que não era isso. Talvez uma babá? Foi a primeira coisa que pensei.

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