Sentimentos são uma maldição.

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Dia 1 de julho, Segunda-feira, 18:17.

Como disse anteriormente, apenas Lucas pode ir na minha casa depois da aula. Como estava um clima muito quieto, Lucas deu a ideia de assistirmos um filme e eu fui fazer a pipoca. Quando voltei pra sala com a pipoca, ele estava olhando o catálogo de terror da Netflix, e eu gritei com ele:
- Seu louco, o que tu tá fazendo no catálogo de terror?! Você sabe que eu morro de medo desde aquele dia na sua casa - Eu disse me lembrando do ocorrido de 4 anos atrás.

•Flashback on.

Dia 17 de novembro, Sábado, 20:14.

- Eduardo! Minha mãe já fez a pipoca, vamos assistir logo o filme! - Gritou Lucas da sala, pois eu estava na cozinha de sua casa pegando os refrigerantes. Assim que eu o escutei, falei que já estava indo e para ele ter paciência, e Lucas como é ansioso disse:
- Então anda rápido, eu já dei play no filme!

20 minutos depois°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•°

- Eu deveria ter ficado na cozinha! - Eu disse, com a voz fina em um tom de medo. Lucas havia colocado o silêncio dos inocentes, sabendo que eu tenho pavor de sangue! Eu ainda faço ele pagar, mas no momento só consegui me segurar em seu braço e fazer a pior expressão de medo que eu conseguia.

Lucas disse que ia ao banheiro e eu fiquei na sala. Mas é aí o grande problema, eu não sou burro e fiquei atento a qualquer tipo de coisa que pudesse acontecer, exceto aquilo. Lucas tinha uma máscara de brinquedo do vilão do filme, que eu realmente não lembro o nome; o filme me deixou com tanto medo que eu não prestei atenção em nada. Lucas voltou do banheiro usando a máscara do vilão, me assustando, e eu não dormi mais naquela noite.

Flashback of

- Eu tive pesadelos por dias com aquele filme sabia?! - disse indignado e ele começou a rir. Mas enfim, o filme começou. O filme não me deu tanto medo, mas deve ter sido pelo fato de que eu passei o filme todo conversando com Lucas, o que me confortou bastante. E foi nessa conversa que Lucas resolve me perguntar:
-Então, Edu...
-Então o que? - Eu respondi de imediato.
-Você tá gostando de alguém? - O tom na voz dele era de naturalidade, talvez fosse uma forma de não me deixar tão desconfortável. Eu neguei com a cabeça, e ele rapidamente fez outra pergunta.
- Mas, e aí? Você gosta de meninos ou meninas? Ou dos dois?
" Como esse menino consegue me perguntar uma coisa dessas com essa naturalidade?! " - Pensei tentando formular uma resposta.
- Bem, eu não sei direito ainda, mas acho que gosto de meninos. - Respondi de forma tímida, não sei de onde tirei coragem pra responder, mas eu respondi! E Lucas novamente faz uma pergunta:
- Você já beijou um menino? - Digo que não.
- Você sente vontade de experimentar, Edu? - Eu afirmo que sim, e já começo a ficar ansioso e nervoso, mas eu tento me manter calmo. Afinal, quando seu melhor amigo gato, que você acha que sente algo por ele te pergunta uma coisa dessas, como você acha que eu agiria?!

E então ele se aproxima e segura meu rosto, e antes que eu fizesse qualquer coisa, ele fala:
- Relaxa, ok?
- Ok - respondo tentando parecer calmo, e falhando miseravelmente.
E então, a fanfic que eu crio todo dia antes de dormir com meu melhor amigo, em parte se realiza. Lucas me beijou, e não era apenas um beijo, era o melhor que eu poderia ter. Nossos lábios pareciam ter sido feitos um para o outro. Seu gosto era doce e me acalmava, além de sua mão que me confortava ainda mais. Mesmo eu não tendo beijado tanto assim para saber, aquele era o melhor beijo que eu já experimentei. Fui do céu ao inferno quando ele separou o beijo e me pergunta:
- Você gostou? O que você sentiu? - Ele disse envergonhado pelo que acabou de fazer. Eu, ainda chocado, respondo:
- É claro que gostei, mas eu não estava preparado. - Nós dois rimos.
- E, não é de hoje que eu venho sentindo algo que... - Paro de falar quando escutamos o barulho da porta. Minha mãe havia chegado.

Lucas cumprimentou minha mãe, e falou que estava muito tarde, então precisava ir logo pra casa. O que não colou muito, afinal ele mora na mesma rua que eu. Minha mãe ofereceu para ele ficar pra jantar e dormir aqui esta noite, pois ela ligaria para os pais dele para avisar; Lucas apenas disse que precisa pegar algumas coisas em casa e logo voltaria.

Como minha mãe estava bastante cansada, decidi fazer o jantar (e particularmente, meu bife acebolado é uma maravilha!). Mamãe foi tomar banho e eu fiz o jantar, quando Lucas chegou com as coisas que iria precisar : escova de dentes, roupa limpa, uma toalha e um carregador de celular (ele não precisou trazer cobertor, sempre temos um reserva em casa, para as visitas). Comemos muito, e minha mãe falava sobre o trabalho e eu e Lucas sobre a escola. Minha mãe foi dormir, pois ela disse que iria sair mais cedo no dia seguinte e eu subi para o quarto com Lucas. Mas antes pegamos alguns suprimentos: salgadinhos, refrigerantes, uma barra de chocolate que eu havia comprado para comer sozinho, mas como ele estava ali resolvi dividir com Lucas. Sabíamos que tinha aula no dia seguinte, mas não nos importamos e decidimos virar a noite.

E como adolescentes comuns, fizemos muita besteira. Passamos trote pras lojas aqui perto, e mesmo sendo tarde da noite, algumas delas atenderam. Escutamos música, jogamos um pouco de vídeo game e jogávamos verdade ou desafio enquanto comiamos a comida que trouxemos.

Ele gira a garrafa, e eu sou o primeiro a perguntar.
- Verdade ou desafio?
- Hm... Verdade. - Ele responde, porém eu fico em dúvida naquela momento. Não sei exatamente o que perguntar, e não tenho coragem de falar sobre o ocorrido de horas atrás. Mas, enfim pergunto:
- É verdade, que já sentiu atração por alguém do nosso grupo? Não precisa dizer que é. - Sinceramente, essa pergunta talvez tenha sido bem desnecessária, e foi, afinal de quê isso importa? Eu apenas falei para continuar a brincadeira.
- Sim é verdade, e agora é minha vez de perguntar. - Lucas estava bem animado, por isso senti medo do que  viria a seguir.
- Verdade ou desafio?
- Desafio - Eu não queria que aquilo ficasse repetitivo, mesmo sendo a segunda rodada, por isso escolhi desafio. Mas acho que esse foi meu erro e meu acerto.

Lucas pensou um pouco e finalmente decidiu.
- Ok, você vai ter que jogar as próximas duas rodadas sem uma peça de roupa.
- A não Lucas, você tá brincando né? - Eu disse com muita vergonha. Eu tenho um corpo bonito, eu gosto muito dele, mas a vergonha não era por isso, era por estar ali, na frente dele.
- Não, eu não estou. Pode tirar. - Acabo concordando e tiro a camisa, e ele fala:
- Você tem um corpo lindo, não tenha vergonha. - Ele disse tentando amenizar a minha vergonha, mas aquilo me deixou ainda mais vermelho.

As rodadas foram acontecendo até que cansamos e decidimos nos deitar, mas não para dormir, apenas ficarmos conversando. E foi aí que caiu a ficha, eu tenho uma cama de casal, e eu não sei o que passou na cabeça da minha mãe pra ela ter comprado uma assim, é bom afinal tem mais espaço, mas eu teria que dormir na mesma cama que Lucas. Nunca tive problema nenhum com isso, afinal isso aconteceu mais de uma vez, porém depois que eu comecei a me sentir desse jeito com ele algumas coisas mudaram. Mas fui pegar um cobertor pra ele e ficamos deitados. Eu resolvi conversar, e perguntei pra ele se ele já havia ficado com muitos meninos, e ele me respondeu que nunca foi de ficar com muita gente, mas já ficou com uns 3 meninos.
- E aí? Como foi? - Temos intimidade o suficiente para eu perguntar essas coisas também.
- O primeiro não foi muito bom, eram as nossas primeiras experiências com o mesmo sexo, porém com o segundo já foi um pouco bom, mas eu sentia que faltava alguma coisa, acho que intensidade. E o terceiro, foi você. Esse foi o melhor, acho que pelo fato de eu achar o que estava faltando... foi doce, intenso, mesmo que tenha sido um gesto delicado. - Ele não olhava muito nos meu olhos, ficava olhando pro teto, talvez pensando no que dizer, porém nunca lhe faltavam palavras. Eu sou bastante observador, eu percebia até os mínimos detalhes, eu sempre gostei muito disso em mim, tornava as coisas menos passageiras pra mim. Isso meio que sempre me fez aproveitar e perceber muito mais coisas em vários momentos, e aquele era um desses.

- Edu...? Já tá dormindo? - Neguei - Você tá tão calado, imaginei que estivesse. Eu já tô com sono. - Disse o mesmo passando um braço envolta da minha cintura e adormecendo logo em seguida, e eu também. A presença dele além de me deixar ansioso e com um turbilhão de emoções na cabeça, ele me relaxava, estar com ele era confortável.

CONTINUA...

Muito obrigado por lerem, e eu não aguentei a ansiedade e decidi postar o segundo capítulo ainda hoje, não esqueçam de votar na fic!

Beijos, até o próximo capítulo!

Eu não preciso dizer para amarOnde histórias criam vida. Descubra agora