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Eu estava com frio. Meus pés pareciam congelar toda vez que a brisa fria daquele jardim infestado de flores, batia contra meu rosto e consequentemente fazia com que minha derme aquecida, se tornasse um cubo de gelo.

Mas não importa, pois eu estava com você. A música que escapava de seus fones mal posicionados em seus ouvidos, o barulho da grama sendo esmagada entre seus dedos, os grilos tocando algo especial para aquela noite, seus cabelos voando e batendo em suas costas, e sua risadinha boba, me faziam esquecer de que eu já não sentia mais as pontas de meus dedos.

Eu levantei da minha cama naquela noite, com seu pedido baixinho e tímido para que fôssemos dar uma volta no jardim que sua mãe nunca havia deixado ao menos chegar perto de suas preciosas plantas.

As risadas cúmplices; sabíamos que estávamos fazendo algo escondido. Os dedos entrelaçados firmes, nosso coração batendo forte em nossa caixa torácica, a respiração saindo sem nossa permissão e a adrenalina de estar com meu bem mais precioso.

Lembro-me que, seus pés ficaram coçando depois que voltamos para a cama, e eu lavei e cuidei de você direitinho. Eu me sentia realizada e só as estrelas eram testemunhas disso, e nós somos amigas, então isso se tornará um segredo.

— Obrigada.

Eu não sei o motivo real da sua gratidão. Mas eu sabia o meu, então por isso, ao invés de lhe agradecer em palavras, eu deitei seu rosto em meu peito para que pudesse sentir meu coração lhe agradecendo, pois nada era mais sincero que meu amigo e velho coração.

desculpe por não ter te beijado. mas era óbvio
que eu queria.