Capítulo 4 - Quando tive certeza

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Matt Davis

Estou nadando como de costume no mar de manhã cedo. Com essas ondas fracas nenhum surfista irá se aventurar. A praia está vazia do jeito que eu gosto. Estou aproveitando meus últimos dias de férias.

Mais uma vez mudei de cidade e vim para um lugar mais tranquilo e simples. Espero que haja menos trabalho também, pois não é nada fácil acordar no susto e ter que ajudar as pessoas.

Trabalhar como bombeiro é desafiador, mas muito gratificante. Anseio por novas aventuras, conhecer novas pessoas e lugares. Acredito que serei muito feliz aqui.

Em meio aos meus pensamentos vejo o mar agitado em um certo ponto a minha frente. Não consigo ver direito, pois coloco e tiro a cabeça da água nadando. Quando paro e vejo uma pessoa se afogando, nado ainda com mais força.

Chego e vejo uma mulher presa com seu pé de pato na pedra e penso que deve ser novata, pois seria muito fácil ela se desprender.

Ou aconteceu algo mais sério com ela. Desato seu pé e a pego em meus braços, carrego saindo do mar e a deixo na areia, começo a fazer massagem em seu peito e logo ela já cospe a água que bloqueava sua respiração.

A vejo com mais calma agora. Ela é linda, seus lindos, loiros e longos cabelos refletem a luz do sol, proporcionando um brilho estonteante, mechas mais claras pelo comprimento realçam ainda mais seus olhos claros com cílios compridos.

Seu cabelo molhado jogado para trás destaca seu rosto delicado, com traços angelicais e um corpo escultural. Parece uma sereia. Veste um maiô que a deixa tão apetitosa, mas coloco esse pensamento de lado e a auxilio.

Ela me olha com fixação, mas fala um tanto evasiva. Estou completamente vidrado nessa mulher a minha frente.

O jeito que ela fala e se põe de forma tão delicada me dá vontade de tê-la em meus braços. A forma como ela demonstra fragilidade me dá vontade de protegê-la a qualquer custo.

Há em meu coração uma sensação tão nostálgica, parece que é o certo estar com ela. Mesmo não sabendo as condições do mar, eu mergulharia de cabeça nessa mulher.

— Claro, estou sempre por aqui. — Ela fala, apontando para a praia com as duas mãos voltadas para cima. — Obrigada mais uma vez.

Sorrio sem graça e sigo meu caminho. Depois de uns metros olho para trás e ela continua me olhando. Acho que está assustada com o que houve.

Quando estou longe e não a enxergo mais, um vazio predomina. Mas segui para minha nova casa, já que minha natação foi por água baixo.

Fui a pé pela orla da praia admirando tamanha perfeição, e não digo das memórias daquela mulher maravilhosa, mas pela grandeza a minha frente, mar, areia, sol e nuvens formando desenhos pelo céu.

Cheguei até minha bicicleta e pedalei até em casa. Eu moro perto do farol. Comprei quando soube que seria transferido para cá. Logo me animei com a notícia da mudança, uma cidade calma como essa era do que eu precisava.

Chego em meu terreno, desço da bicicleta, abro a cerca branca que contorna toda a casa. Ela é simples, porém grande o suficiente.

A vista é o mais incrível, não como dessas casas na frente para a praia onde desce e já está na areia, ela na minha visão, tem um charme a mais.

É em um lugar mais privativo, mesmo que o farol de Hatteras seja um ponto turístico, minha casa fica a uns 100 metros dele, o que me dá privacidade o suficiente e existem poucas casas por aqui.

O mais incrível é que quando eu quero relaxar caminho até o farol e subo para ver a vista esplêndida. Entro em casa, esbarro em algumas caixas pelo caminho e avisto meu irmão jogado no sofá.

— Acabou as férias maninho, você precisa ir para casa agora. — Falo a meu irmão que passou um tempo aqui e me ajudou com a mudança. — Hora de voltar a Charlotte.

— Não mesmo, só quando você for embora comigo. Não tem porque você vir trabalhar e morar aqui. — Ele me responde com mau humor.

Mesmo tendo me ajudado, escutei o tempo inteiro que estava cometendo um erro.

— Você sabe que não posso voltar. — Respondo, fazendo-o lembrar de tudo que aconteceu. — E talvez eu tenha achado uma razão para ficar. — Falo lembrando daquele par de olhos em especial.

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Com amor, Annalua

Quando o mar nos uniu  •  Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora