Alice Darson
— O que aconteceu com você? Você entrou no mar? Que cara é essa? – Minha mãe pergunta ao me ver entrar em casa. Minha família está sentada tomando o café da manhã.
— Entrei. — Me limito a falar, pois estou perplexa com tudo que aconteceu.
— Você é louca? Tem que fazer repouso. Não escutou o que o médico falou? – Mamãe continua a falar, mas eu simplesmente subo as escadas e a deixo falando sozinha.
Como posso ter entrado em pânico? O acidente deixou mais marcas do que eu havia imaginado. Simplesmente não tive reação alguma.
Se não fosse aquele homem a me encontrar eu não sei o que teria acontecido. E que homem! Não consigo tirá-lo da minha cabeça. Depois de um tempo analisando toda a situação sentada em minha cama, escuto alguém subindo os degraus.
— Alice, o que houve? – Minha mãe chega de mansinho sabendo que algo está errado.
— Nada não mãe, sei que errei ao entrar na água, realmente não estou preparada ainda. – Respondo.
— E essa cara? – Ela insiste.
— Que cara? – Tento parecer normal.
Mas é difícil enganar uma pessoa que te conhece a tanto tempo. Porém não irei contar nada do que aconteceu. Jacob ainda está do meu lado, olhando fixamente para mim, quase que me dedurando.
— Bom, acho que me enganei. Achei que algo tivesse acontecido. Mas pelo jeito você entendeu o que é repouso. Suas feridas nem cicatrizaram ainda. Então por favor, pelo menos por mais um mês, sem surpresas, ok? – Ela me dá um beijo na cabeça e sai.
Após um banho, abro a tela de meu notebook e começo minha caçada para saber quem é aquele homem. Tento me recordar de seu nome completo, mas só lembro de Matt. Procuro por ele em páginas de bombeiro nas redes sociais.
Olho pessoa por pessoa, mas não encontro nada. Depois de tanto tempo em cima disso, percebo minha obsessão e resolvo deixar para lá. Prometi para mim mesma que mudaria de vida e assim será. Procuro por máquinas fotográficas na internet, até que acho a perfeita e realizo a compra.
Lembro de minha primeira máquina profissional, vendi umas das minhas pranchas para comprar. Um pouco antes de entrar na faculdade. Mas antes disso já tinha tido contato com esse mundo com uma máquina normal. Minha paixão pela fotografia veio quando vi uma foto de minha mãe como modelo, eu deveria ter uns 7 anos. É até hoje a foto mais linda que já vi.
Ela tinha 18 anos, com sua beleza descomunal, seu lindos, loiros, lisos cabelos soltos ao vento. Estava em um parque, sentada numa pedra, com um lago de cenário e um casal de cisnes nadando tranquilamente; ao fundo uma ponte e arranha-céus, árvores em volta com folhagem rosada e folhas secas pelo chão.
Seu sorriso espontâneo de felicidade, aqueles olhos claros que hoje ganham charme com algumas ruguinhas, brilhantes de plenitude. Era intervalo de uma sessão de fotos para uma marca de roupa casual e o fotógrafo registrou esse momento, dela relaxada e feliz por estar fazendo o que ama.
Depois disso, peguei uma máquina de meu pai escondida e comecei a fazer fotos pela casa a fim de ficar igual minha mãe em sua foto tão perfeita.
Com os anos só fui aprimorando essa vontade de fazer fotos lindas e de ver pessoas felizes. Comprei livros. Pesquisei muito na internet. Adaptei meu olhar.
Até que chegou a hora de escolher o que fazer sobre o futuro e não vi mais nenhuma opção, me matriculei em Fotografia na faculdade.
É uma paixão, é um sonho, são registros que eu pretendo fazer sempre. Registros ao qual as pessoas possam olhar e saber da beleza do mundo. Do esplendor. Do simples. Até mesmo do caos.
— Alice. – Enzo bate na porta, fala calmamente meu nome e entra. – Que bom que você ainda está acordada. Um moço deixou isso aqui para você de tarde. — Meu irmão me entrega uma caixa e eu fico confusa.
De quem poderia ser? E o que tem dentro? Me faço essas perguntas na mente, mas não vem respostas.
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Com amor, Annalua
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Quando o mar nos uniu • Degustação
RomanceNa Carolina do Norte existe um lugar onde os sonhos têm vista para o mar. De leste a Oeste, Norte a sul, a ilha de Outer Banks é rodeada pelo oceano. Uma ponte separa do continente e quando atravessada, já começa a perceber que algo grandioso está p...