Ele foi como uma doença silenciosa, veio devagar, sem ser notado e foi tomando espaço. Fazendo seu lugar. Quando me dei conta já estava completamente contagiada, a doença tomou conta de mim, e como os enfermos da negra peste, me arrastava pelas ruas sem saber até quando resistiria. Precisei de uma quarentena, daquelas fortes mesmo. A doença, depois de algum tempo virou um sussurro, um ruído baixo e constante que aos poucos ia ficando mais distante. Não importa muito. Ainda que eu me afaste da área de contágio, continuo a senti-la, lá longe, distante de mim, mas ainda presente. Como o ruído de um rádio velho que não encontra a estação certa, mas cujo o dono tem tanto medo do silêncio que se recusa a desligá-lo. É triste ter medo de si mesmo.
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outros jeitos de falar em silêncio
PoesíaA mente fala. O corpo fala. A gente não fala quase nada de tudo aquilo o que diz. A gente ainda não aprendeu a se escutar, a entender que falar não tem nada a ver com usar a boca. Quase sempre, nem precisamos dela. Falar tem a ver com ser, tem a ver...