De fato, um labirinto interminável. Aquele ambiente ainda era desconhecido, e ela se encontrava perdida pelos corredores do castelo. Precisou parar e respirar fundo para reunir coragem e tentar acertar o caminho que levava a uma das alas das rainhas. Segurou a barra do vestido e, com passos lentos, seguiu pelo caminho à sua frente.
— Está perdida, Vossa Majestade?
— Sir Thomas, o senhor apareceu no momento certo — abriu um sorriso encantador para o homem ao seu lado. — Estou tentando encontrar o caminho que me leve ao quarto da rainha Cherry ou da rainha Luma. Minha sogra disse que elas irão me ajudar a aprender mais sobre o castelo e a corte.
— Se continuar seguindo e virar à esquerda, chegará ao quarto da rainha Luma.
— Ótimo, você pode me acompanhar? — O homem concordou e deu passagem para que Eve pudesse ir à frente, mantendo uma distância de dois passos, como exigia a etiqueta, enquanto a guiava com suas palavras.
A rainha seguiu na direção indicada até começar a ouvir as risadas das mulheres do outro lado da porta, misturadas a murmúrios maldosos contra uma dama, nomeada Charlotte, a ladra de maridos. Sir Thomas interrompeu as mulheres ao bater na porta e anunciar a presença de Sua Majestade, a terceira rainha.
— Por favor, entre, Eve Lins — a voz de Luma, permitindo a entrada, tinha um tom amável e agradável. Thomas se posicionou do lado de fora, enquanto Eve adentrava aquele quarto um tanto diferente. As paredes, de tonalidade cinza escuro, tinham alguns pontos dourados que lembravam estrelas. A cama grande era envolvida por cortinas de veludo preto, capazes de bloquear a luz do dia. Cortinas cobriam as grandes estantes, e, mesmo durante o dia, o quarto possuía uma sensação tenebrosa. Eve parou em frente às mulheres, que permaneciam sentadas com xícaras nas mãos.
— Peço perdão pela minha indelicadeza; não era minha intenção interromper um momento de descontração entre amigas.
— Oh, querida, não se preocupe com isso; estávamos falando sobre coisas aleatórias — disse a morena, colocando a xícara na pequena mesa à frente. — Condessa Tânia, que falta de educação não se levantar para reverenciar uma rainha. — A condessa levantou-se abruptamente e curvou o corpo.
— Não há necessidade disso — Eve ajudou a condessa a endireitar o corpo e, posteriormente, a se sentar novamente. — Soube que estava procurando um pretendente para sua filha mais jovem, condessa — preferiu mudar de assunto.
— Não há mais razão para essa procura, pois a filha de Tânia se casará com meu querido irmão, o comandante Agripa — respondeu a segunda rainha, no lugar da condessa. Luma fez um gesto para que Lady Márcia trouxesse uma cadeira, permitindo que a terceira rainha se sentasse.
— Oh, então a filha da condessa é uma jovem de muita sorte. Se casará com um dos homens mais cobiçados do reino — disse Eve, sentando-se na cadeira e sorrindo para a nobre ao seu lado.
— Tenho muito orgulho da aliança que será feita — Tânia possuía um sotaque forte, chamativo e elegante, diferente dos habitantes de Rikiblár. — Desejo que eles sejam felizes.
— É claro que serão felizes; Agripa certamente irá agradar Lady Amina — a segunda rainha não permitiu que a condessa continuasse a falar, interrompendo-a abruptamente. — O dote logo será finalizado, e teremos um grande casamento.
— Agradeço, Vossa Majestade — disse Tânia, com uma expressão contida, levando a xícara à boca para bebericar o chá. — É muito bom poder conhecer a terceira rainha de perto, mesmo em um cenário tão lamentável.
— Uma fatalidade, de fato... — Eve respondeu. Olhou para a veste de Luma; era a mesma da cerimônia fúnebre, porém desleixada: as mangas já não estavam abotoadas, o espartilho solto, os sapatos largados ao lado da cadeira, e os fios de cabelo em desordem. Uma expressão desconcertante se formou no rosto de Eve; afinal, uma rainha não poderia ser vista daquela maneira pelas demais pessoas. — E... Seu sotaque é diferente; a senhora veio do reino do Oeste? — Eve desviou o olhar para a condessa novamente.
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AS RAINHAS
Fantasy"Se a primeira fosse o suficiente não existiria uma segunda e uma terceira". Ser um membro da realeza nunca foi sinônimo de paz e luxúria, principalmente para alguém que jamais pensou que seria capaz de entrar. Como em um sonho bonito e cheio de ros...