Capítulo 6

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Fecho meus olhos novamente, e sinto o ar sumir de meus pulmões, sinto um alito quente perto do meu rosto e meu corpo se arrepia.

- Tudo bem? - Ele pergunta tão perto que sinto seu cheiro, não é um cheiro ruim, parece cheiro de orquídea.

Não falo e ele se afasta para olhar a armidilha em minha perna.

- Isso está feio, vou tentar arrancar.

Não consigo pronunciar palavra alguma porque a dor é intensa e o medo ainda mais.

- Vai doer. - Diz e puxa com toda a força arrancando aquela armadilha de dentes da minha perna.

Meu grito ecoa, e minha visão se embaça. Olho para o céu, ele está azul, tão azul quanto a cor de meus olhos e sinto a vida sendo sugada do meu corpo.

A neve cai, e vejo de longe uma mulher vestida de branco. Olho para minha perna e não sinto dor, não vejo ferimento e estou em pé, longe de confusão. Me aproximo da mulher com caltela com medo de ser mais um deles, e ela se vira para mim. Ela também tem olhos azuis e cabelos amarelos quase ouro, seu sorriso é lindo e ela abre seus braços sem dizer uma só palavra me agarrando em um abraço apertado. Observo-a por uns segundos me afastando.

- Quem é você? - Pergunto sem entender onde eu estava e o que estava acontecendo.

- Tudo ficará mais claro minha pequena. - Diz ela com um enorme sorriso no rosto.

- O que? - Não sei quem ela é, e ela não me diz mais nada quando enfim acordo de um sonho profundo.

Abro meus olhos lentamente e eles ardem. O lugar clareia e vejo que não estou no castelo. Estou dentro de uma pequena cabana de parede de madeira, olho para minha perna e ela está enfaixada, ainda sinto dor, mas não tanta, solto um pulo quando vejo uma mulher ao pé da cama.

- Calma, não vou te machucar. - Diz ela gentil.

Me sento no canto da parede com medo.

- Quem é você? - Pergunto num tom desafiador para mostrar que não estou com medo, mas na verdade estou apavorada.

- Meu nome é Hanna, sou médica e estou cuidando do seu ferimento.

- Você é Larks também? - Pergunto grosseiramente.

- Digamos que sou uma amiga. - Diz ela com um sorriso no rosto.

Fico a encarando por uns segundos.

- A quanto tempo estou aqui?

- Desde ontem a noite, você está com um ferimento grave na perna, pensei que teria que amputar. - Ela sorri, e eu continuo séria. - Tudo bem, você não tem senso de humor.

- Que horas são? Preciso ir embora...

- De geito nenhum, você está fraca e ferida, não vai conseguir sair daqui assim.

- Não vou ficar aqui, agora virei prisioneira de vocês?

Ela não me responde, e agora está mais séria.

- Só estou dizendo que você não está bem, não está sendo prisioneira de ninguém aqui.

- Não mesmo. - Diz um homem na porta com os braços cruzados.

Não tinha percebido a chegada dele, mas me lembraria dele até se ele estivesse de costas. Era o mesmo homem que me salvou dos loucos. Seus olhos era negros, tão negros que não era possível ver sua pupila.

- Pode ir embora a hora que você quiser, mas não sei se vai chegar muito longe assim. - Ele se aproxima e me encolho ainda mais sobre a parede.

Meu coração acelera quando percebo que estou a sós com ele.

- Vai me matar? - Pergunto e vejo que foi uma pergunta mais sem noção que já havia feito na vida.

- Não. - Ele responde sem fazer qualquer expressão no rosto, não sei se está bravo, ou irritado. Sua expressão é uma só e me bate uma curiosidade sobre aquele homem.

- Então posso ir?

- Pode. - Ele faz um gesto para a porta.

Mexo a perna e ela dá uma pontada me obrigando a fazer uma careta.

- Achamos seu cavalo na floresta, ele está pronto para te levar de volta para o sul.

- A que distância estou do sul? - Pergunto.

- Uma distância considerável, poderia está morta agora...

- E por que não estou?

- Porque não somos assim...

- Aqueles Larks não pareciam ser muito amigáveis.

Ele dá um suspiro.

- Aqueles Larks não são da nossa aldeia.

Fico em silêncio. Não entendo, pensei que só tinha uma única aldeia Larks.

O silêncio toma conta do recinto até um outro homem entrar no quanto.

A Lua em seu Olhar Onde histórias criam vida. Descubra agora