O Plano A, I & Inefável

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Eu comecei criando a Luz. A Luz, sou eu. É minha verdadeira essência. Assim que tive força o suficiente para surgir, o universo clareou, e minha primeira criação "viva" foram os anjos.

Criei minha família, cada um com uma característica única. Conheço cada anjo, querubim e serafim existente nesse universo.

Eu sou Deus.

O Jardim do Éden nada mais era do que uma maquete do que eu planejava realizar com o resto do mundo que estava criando, mas, foi tudo pelos ares, como podem perceber. Adão e Eva me desobedeceram, fugiram,  evoluíram, e seus descendentes – vocês – criaram as tais "florestas de pedra", com prédios, ruas ridículas e times de futebol piores ainda.

Meus planos não eram esses. As coisas seriam muito melhores se eu tivesse optado pelo plano A e não o plano I.

Adão e Eva teriam seus filhos, eu criaria mais humanos, Lúcifer treinaria os descendentes dos mesmos e os ensinaria tudo o que fosse necessário, o arcanjo Raphael governaria enquanto eu estivesse fora, balanceando tudo ao lado de Aziraphale. Os outros anjos não seriam tão arrogantes, pois seria um governo sábio, pois ambos seriam uma perfeita balança. Os humanos cresceriam tendo todo o conhecimento à sua disposição, junto da natureza e as forças celestiais. Seriam felizes enquanto eu estaria transformando e criando outros planetas com outras espécies vivas.

Parece confuso? Deixe-me explicar detalhadamente.
               

Meu plano nunca foi ficar aqui na Terra cuidando de vocês. Eu criei esse mundo para ser governado por outros – dois outros, em específico – enquanto eu viajaria por aí, conhecendo e criando coisas novas. Voltaria para a Terra quando tirasse férias – a cada três ou quatro bilhões de anos – e tudo seria organizado.

Então Lúcifer decidiu iniciar uma rebelião. Não aceitou o fato de que ele seria o professor e mestre do entendimento humano. Queria governar no lugar de Raphael e Aziraphale – já falarei deles, tenha paciência – fez a cabeça de quase ⅓ de meus filhos.

Eu não tive escolha. Como mãe, sei o que é melhor para minha família. Eles tiveram que cair. Lúcifer no poder seria suicídio, o primeiro suicídio em massa da história. Eu não poderia permitir isso.
Então eles caíram, e meu plano A com viagens e criações começou a se despedaçar.

Porém, decidi continuar. Criei o céu, terra, vegetação, o restante do universo, e por aí vai. Nesse ponto Raphael ainda estava ao meu lado. A ideia de criar nebulosas e galáxias partiu dele. Ele dizia que o brilho o faria lembrar dos olhos de seu amado.

Lúcifer, vendo o amor presente em Raphael, decidiu puxá–lo para a queda. Enganou meu filho, dizendo que eu planejara matar Aziraphale assim que terminasse tudo.

Raphael não tardou a erguer a espada contra mim. Com muita dor, fiz o que foi preciso.

— Eu não quero me rebelar, Mãe. Sempre a amei. Sabe disso. Mas não vou permitir que encoste em Aziraphale. – ele me dizia entre lágrimas, tirando a espada da bainha, pronto para a luta. Estávamos a sós.

— Meu filho, me diga, você o ama?

— Mais do que qualquer coisa.

— Você o ama mais do que ama a mim? – Eu já sabia a resposta. Eu o criei assim. A matéria prima usada em Lúcifer foi o conhecimento; em Metatron a sabedoria das palavras; e Raphael teve sua essência divida com Aziraphale. Usei amor. O mais puro e santo amor. — não irei matá–lo, irei testá–lo. Testarei todos. Anjos, demônios, e humanos. Você sabe disso. Contei isso a você quando lhe criei.

— Eu disse... o amo mais do que tudo. – respondeu pausadamente e ergueu a espada contra mim.

Eu não planejava baní-lo. Bastava que ele não erguesse a espada. Bastava que escolhesse a paz. Mas o desespero falou mais forte em sua mente.

Foi nossa última conversa antes de Raphael se transformar em Crawley.
Meu plano A rastejou lentamente junto com ele.

Eu estava arrasada. Veja bem, não foi uma simples rebelião: foi a destruição de uma família. Minha família.

Senti culpa. Decidi sair de cena por um pequeno intervalo de tempo. Somente por três horas deixei Gabriel no comando das coisas, afinal, ele era um bom garoto. E eu precisava criar uma boa base para Adão e Eva fora do Jardim, ainda não havia acontecido, mas fazia parte do Plano I a traição de ambos. Eu sabia que iriam comer do fruto proibido.

Meu bom garoto decidiu apagar a memória de todos. E isso definitivamente não fazia parte do meu plano I.

A inveja também tomava conta dele, creio eu. Gabriel criou um esquadrão: selecionou os anjos de quem mais era próximo e os chamou de arcanjos. Samael* seria um dos arcanjos se não tivesse caído. Ele e Gabriel sempre foram muito próximos. A queda de Lúcifer quebrou a todos nós.

O então Gabriel Arcanjo roubou a memória de todos os seres vivos que sabiam que eu destinei A Criação para Raphael e Aziraphale. Seria uma catástrofe se houvesse mais um motim exigindo uma troca de "presidentes". Gabriel achou mais seguro para sua posição de poder deixar Aziraphale cuidando de um dos portões do Jardim do Éden. Implantou memórias novas para que o mesmo pensasse que foi criado justamente para aquela função, e, por falta de armas, entregou a ele a antiga espada de Raphael.

Agora deixe-me esclarecer: Eu sabia que Adão e Eva comeriam do fruto. Raphael havia me dado a ideia de deixar as maçãs na Lua, mas caso eles não quebrassem as regras, não haveria criação para Aziraphale e Raphael tomarem conta, já que Lúcifer levara meus principais soldados para a queda eminente.

Meu plano então seria deixar Raphael e Aziraphale no controle, e, hora ou outra, as coisas iriam se ajeitar, pois ambos seriam justos e gentis com todos os seres do planeta – incluindo os anjos caídos –. Seria um triunfo.

E então Raphael caiu, o que me obrigou a mudar as coisas novamente.

Aziraphale ficaria no controle de tudo, e encontraria Crawley, o mesmo perceberia seu erro, se arrependeria e sua Graça Angelical seria devolvida, mas não mudaria sua aparência. Ele continuaria com os olhos de cobra, e juntos governariam justamente. E eu seguiria com meu plano de criar o restante do universo. Tentaria a sorte com outros planetas.

Mas então, o bonito Gabriel Arcanjo apagou as memórias de Aziraphale e todos os que o conheciam. Acredite, se os seus filhos aprontassem o que os meus filhos aprontaram, você também ficaria furioso.

Então dei início ao Plano Inefável – acabei usando uma palavra muito bonita que Aziraphale havia criado para definir seu amor por Raphael. "É tão forte e magnífico que não consigo colocar em palavras. É inefável." Ele dizia muito isso. – e aparentemente as coisas começaram a dar certo.

Quando voltei do meu passeio após criar algumas coisas para os meus filhos desobedientes, encontrei um simpático anjo no portão Leste, Gabriel Arcanjo no ápice de seu poder, e uma espada flamejante desaparecida.
Foi a gota d'água, mas eu não podia voltar atrás.
Eu acabei assistindo Crawley interagir com seu amado. Ele tinha noção de que Aziraphale não se lembraria dele, mas decidiu tentar a sorte. Ele ria apaixonado toda vez que lembrava que Aziraphale havia entregado sua antiga espada para Adão e Eva.

E assim, o Plano A falhou, o Plano I começou a dar certo, mas falhou também, e o Plano Inefável funcionou perfeitamente, mas com muita história "por trás das câmeras" como vocês mesmo dizem.

Mas obviamente, meus planos também acabaram envolvendo o inferno. Tive que fazer duras decisões para colocar as coisas no lugar.

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*Samael era o antigo nome de Lúcifer antes de cair. Seu nome de anjo.

Ok... Gostaram? É uma ideia boba mas que fermentou por horas na minha cabeça. Dependendo do feedback eu continuo

   Seja stan de Deus, a TODA PODEROSA

   –Anael





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⏰ Última atualização: Jul 07, 2019 ⏰

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