Meu nome é Júpter, e sabe aquela garota estranha encolhida num canto qualquer? Aquela sou eu. Roupas esfarrapadas, cabelo curto bagunçado, com um livro em mãos que achei na biblioteca, sobre alguma coisa interessante.
--- Anda logo Júpter! Para de ficar isolada escorada no muro. Vem andar, movimentar essas suas pernas.
--- Você sabe que eu tenho que estudar. Além do livro ser ótimo, ele ajuda na gramática e eu preciso melhorar a minha escrita.
Miguel revira os olhos se sentando ao meu lado até o intervalo terminar. Ele era bem bonito. Seus olhos castanhos com leves traços negros, realçavam seus cabelos encaracolados loiros. Me perguntava o porque dele andar comigo.
Logo o sinal tocou encerrando o intervalo.
--- Agora vamos pra sala, vem!--- diz me ajudando a levantar.
hoje terá um seminário de português. Estou morta de tanto estudar, não posso perder essa nota.
--- Ei Júpter… Eu queria te convidar para ir a uma festa comigo hoje à noite…você pode ir? Se quiser eu pergunto para a dona Ana sem pensar duas vezes.
Dona Ana era minha avó, ele a conhecia a pouco tempo, mas os dois se deram bem de primeira, precisam ver quando blefavam no truco, ele parecia ser o neto dela.
Não estava tão empolgada pra sair, não gostava muito disso me achava estranha e só tinha roupas velhas. Eu estava nessa escola graças a bolsa que consegui. Claro que arranjei um emprego. Eu trabalhava de empregada na casa da dona Suzete. Não ganhava muito, mas não passávamos fome.
--- Eu não sei, não tenho roupa pra ir a uma festa dessas que você vai. Desculpa. --- Disse entrando na sala sentando na penúltima cadeira, Miguel sentou logo a minha frente, com o rosto nublado.
--- Ei escuta, seu aniversário é semana que vem não é?--- Disse com um sorriso simples.
--- Sim. Por que?--- Os olhos de Miguel logo brilharam travessos. ---Aaaa…Nem pense nessa hipótese, eu…
--- Pare de bobeira Júpter. É só um presente, sem contar que eu não esqueci o bolo que fez pra mim. Vai aceita…
Por um minuto fiquei pensando sobre tal possibilidade.
Logo sou interrompida pela nossa gentil professora de português. Um arrepio me percorre dos pés a cabeça, lembro do seminário e tento lembrar tudo que estudei, eu tinha ansiedade muito elevada, estava prestes a ter um colapso, quando sinto uma mão em cima da minha.
---Calma, vai ficar tudo bem você estudou. Eu confio em você!
Aquelas palavras me fizeram lembrar de tudo que havia estudado. Miguel era meu melhor amigo e o único também. Eu era bolsista em uma escola de pessoas podres de ricas.
A professora começou com o seminário. Estava tentando me acalmar e já tinha certeza que conseguiria uma boa nota.
--- Senhorita Sunev, sua vez, queira vir à frente.--- Disse olhando sua prancheta e colocando a nota de quem havia apresentado.--- Senhorita Júpter Sunev?
---Haaaa… Sim! Me desculpe senhora Ikast.
Me levanto com o peso de olhares maldosos sobre minhas costas, caminho até a senhora com cabelos tingidos de preto, tentando esconder seus teimosos fios brancos. Seus olhos demasiados verdes, escondidos atrás de lentes transparente, se cravaram em meu uniforme em frangalhos me deixando ainda mais nervosa.
Chego a frente da sala, respirando profundamente. Olho para o garoto, qual me passa confiança, e com certeza tirarei nota máxima nesse seminário!

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Sequestro
RomanceEu era apenas uma garota do segundo ano, feliz em uma escola boa, e com um amigo único. Morava com minha avó que era a melhor pessoa que já existiu. Ela era trabalhadora. Cuidou dos três filhos sozinha e hoje, cuida de mim. Eu era feliz antes daqu...