Abre a porta do passageiro me pondo num carro esporte preto, logo entra e começa a dirigir. Olho a paisagem tenho a sensação de estar longe de casa, a vegetação era extremamente verde e uma leve brisa gélida toca minha pele. A estrada seguia em Uma linha curvilínea.
-- Você faria qualquer coisa pela sua avó, não é?
---Claro que sim, ela cuidou de mim quando todos me jogaram fora. ---Digo séria.
--- hum... Sabe o que eu pensei? Sem você pra trabalhar como sua avó vai ficar?--- meus olhos encharcaram e o fuzilei com um olhar intenso, expelindo ódio em forma de lágrimas que rolavam.
[...]
Chegamos em uma casa velha no meio de uma floresta de coníferas, o frio predominava. A casa estava quase caindo aos pedaços, duvido que aguentaria uma chuva. Descemos do carro, era um lugar até bonito. Minha vó amaria passar um tempo aqui.
Ele parou a minha frente e não entendi.
--- Essa é sua casa agora. Você limpa, cozinha e faz o que tem de fazer, certo?--- Me olhou sem expressão aparente.
Balanço a cabeça positivamente, confirmando. Eu não quero ser castigada, mas eu vou arranjar uma maneira de sair daqui e voltar para minha avó e para minha casa.
---Por que me sequestrou? você mesmo disse das condições em que me encontro. Sabe que não tenho um centavo furado.--- Não me responde, porém sinto que o raptor se mantém calmo.
Fomos caminhando até chegar a porta ele sempre segurando meu braço com uma arma em sua cintura, eu reparei no momento em que entrei no carro, por isso não tentei fugir, tenho medo do que ele pode fazer com vó Ana.
--- Você fará o almoço. Depois pode limpar o quarto que você escolher ficar.--- disse abrindo a porta da casinha de madeira.
--- Tudo bem.--- Que coisa estranha, ele é bipolar? Ou só me assustou para obedece-lo? Parece mais educado... Estranho...
[...]
Entramos, não era minúscula como pensei, tinha mais cômodos que minha casa.
Tudo estava em um estado deplorável caindo aos pedaços. A sala era o primeiro cômodo, havia apenas um sofá de dois lugares, uma pequena mesa de madeira que sustentava uma tv de tubo antiga. As teias de aranha tomavam grande parte do local, duvidava até mesmo que aquilo que cobria a janela, se tratava de uma cortina pelo acúmulo de teias presente.
--- Pronto! Você está no melhor lugar que poderia estar. Agora vou te mostrar a casa.--- disse com um sorriso frio.
O segui pela travessia da sala, um corredor bem amplo se dividia em dois. Ao lado esquerdo estava três portas de madeira de cada lado e uma um pouco mais afastada, ao final do corredor. Provavelmente o quarto dele seria ali. Continuei a segui-lo, passamos para o corredor da direita que dava para cozinha. Era até arrumado, um fogão antigo vermelho com a pintura desgastada ficava na estreita lateral da parede, uma pia com pouco espaço, sequer uma louça suja, uma pequena mesinha ao centro com duas cadeiras empoeiradas, a geladeira tradicional, branca.
--- Você pode começar a limpar aqui, e faça o almoço. Eu vou estar na sala. Melhor não fazer besteira garota, você sabe o que pode acontecer.
Balancei a cabeça em sinal de confirmação. Ele saiu me deixando respirar melhor. Comecei a remexer nas coisas, por enquanto só observaria para ter uma noção do espaço. Não posso agir por impulso estragando toda a probabilidade de fuga, mesmo sendo quase coagida pela ansiedade.
[...]
Limpei a poeira que já formava uma crosta dura sobre a mesa e logo fiz a comida como ele me disse, macarrão com carne moída foi o que encontrei na geladeira. O cheiro estava inebriante, minha barriga roncava, não tinha comido nada desde... Desde quando? Essa era uma boa pergunta.
Ele adentrou me tirando dos meus pensamentos confusos e matemáticos sobre a quantidade de tempo dormindo naquele determinado local desconhecido. Veio em minha direção e uma coisa que eu temia era que ele encostasse em mim novamente. Me afastei do fogão indo de encontro a geladeira, o seqüestrador esboçou um leve sorriso sarcástico passando por mim e indo direto para o aroma que fazia meu estômago gritar.
Olhou a comida como se fosse a coisa de maior valor presente, bom pra mim sem sombra de dúvida era, minha barriga estava implorando por aquele banquete. Virou sua atenção para mim enquanto meus olhos permitiam que minha mente fantasiarem aquela gostosura do macarrão em meu prato. Quando percebi vi que o mesmo me olhava, podia jurar que tinha visto por um segundo um olhar de ternura na face rígida do moço.
um som rouco preencheu todos os lugares possíveis da cozinha me fazendo enrubescer.
--- Me desculpa moço, foi sem querer, estou morrendo de fome... Faz... Bom eu nem sei quanto tempo faz, mas pelas minhas cont...--- me interrompeu
--- Ha haha ha haaaaa! Você parece uma criança! Tá explicado a sua roupa debaixo. Sequestrei uma débil mental... Que falta de sorte.--- Retiro tudo o que disse sobre a ternura. Ele era um idiota que não aceita posturas divergentes.
--- E daí? Esse é o meu jeito! Problema se não te agrado, eu gosto de ser diferente de pessoas superficiais. Sou simples e não me importa usar essa calcinha de ursinho, minha vó a fez com muito carinho. E eu não estou aqui pra agradar ninguém, muito menos você!
Não sei de onde veio coragem para despejar todas essas palavras ao homem enraivecido a minha frente. Sua mão vem de encontro ao meu rosto, me fazendo cair rumo a mesa. O medo me consumia. Não olhei para ele, mantive minha atenção ao chão.
--- Você vai conhecer outro canto da casa agora...
Me arrastou para fora da cozinha ainda caída, tentei segurar a cadeira e outras coisas que passavam por mim, porém foi em vão. Vislumbrei a panela no fogão com meu ex-almoço, e me dei conta de que comer não era a coisa a se pensar agora. Para onde ele está me levando? O que irá fazer?
--- Me solta! Onde você está me levando? --- Já estava fraca pela falta de alimentação. Em alguns minutos já estaria inconsciente com um doido varrido como diz minha vó.
--- Cala essa maldita boca! Não ficou claro que sou eu a quem você deve agradar? Mas, mesmo sendo bondoso e deixando você escolher um bendito quarto você me desobedece Júpter. Agora vamos ver... O quarto onde vou te colocar... Tenho um perfeito em mente. --- ele foi em direção a última porta do corredor perto da sala. Era um sótão. Frio, escuro, sujo com insetos horripilantes e ali seria meu quarto. Ótimo, ganhei na loteria --- Pronto princesa, fique a vontade aqui, faça amizade com suas semelhantes. --- disse me jogando com muita força, bati minha perna num móvel velho de madeira. O homem bateu a porta e a trocou. Estava muito fraca, não conseguia armar palavras, se quer uma frase. Fiz a única coisa que conseguia. Chorar.
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Sequestro
RomantizmEu era apenas uma garota do segundo ano, feliz em uma escola boa, e com um amigo único. Morava com minha avó que era a melhor pessoa que já existiu. Ela era trabalhadora. Cuidou dos três filhos sozinha e hoje, cuida de mim. Eu era feliz antes daqu...