Introdução

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Notas da autora: Essa fanfic também é escrita pela @Sorensenmargot (https://www.wattpad.com/user/Sorensenmargot) todos os créditos a ela também. 


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No início de tudo, onde a vida começou e o destino passou a ser escrito, Liu Kang olhava para a grande ampulheta atentamente, desde que assumiu a responsabilidade de guardião das areias do tempo, tentou o máximo possível aliviar certos fardos e mudar algumas tragédias que ocorreram com pessoas queridas. Obviamente, fazia o possível para ser justo com as escolhas que tinha; claro que sentia-se culpado boa parte do tempo por alterar a vida de uma pessoa pois tudo parecia egoísmo e abuso de poder.

Aquele caso em específico durava mais que o necessário, já não sabia a quantos dias e horas estava ali, havia perdido um pouco da noção do tempo desde que começou a mexer com ele, por mais irônico que isso seja.

Dentre todas as pessoas que conviveu, acompanhou e passou a cuidar de uma maneira indireta, Hanzo é o que mais chamava a sua atenção.

Sabia o quanto o ninja sofreu em sua vida, ser o Scorpion destruiu um homem de bom coração, assim como as visões de vingança e honra ficaram deturpadas, tudo que ele lutou por décadas perdeu o sentido. Tentou por várias e várias vezes encontrar uma pequena brecha para que toda a tragédia do Shirai Ryu não ocorresse, pensou em vários instantes, pequenos segundos que poderiam ser alterados...porém, tudo que arrumava parecia piorar três vezes mais a realidade, era como se o Mestre Hasashi precisasse passar por tudo aquilo.

Após muito procurar, questionar e debater consigo mesmo, percebeu que não poderia alterar as dores de Hanzo e, muito menos, mudar o seu destino cruel. Entretanto, percebeu que era possível dar a ele algo que aliviasse o seu fardo de alguma maneira, alguém que fosse seu consorte e um ponto de paz em meio ao inferno.

E finalmente, Liu Kang, o antigo campeão do Plano Terreno e Protetor das Ampulhetas do Tempo, deu ao Grão-Mestre do Shirai Ryu, uma irmã mais nova.


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Voltar para o mesmo lugar depois de todos esses anos era assustador, tudo parecia diferente e sua vida não se encaixava em canto algum. Se recordava de ter saído em missão para o Shirai Ryu, contrariando seu irmão e o antigo Grão-Mestre e, quando voltou três meses depois, tudo era apenas ruínas, cinzas e sangue.

Não sabia para onde ir, seu coração estava destroçado ao pensar que seu irmão, seu sobrinho e cunhada provavelmente estavam mortos e que não estava ali para ajudar. Foi egoísta, imatura e irresponsável ao sair portão afora ignorando as consequências de seus atos.

Por quase vinte anos viveu escondida em um pequeno vilarejo, trabalhou muito duro para sobreviver e assim, nunca mais tocou em sua espada e kunai, esquecendo-se de que era uma das maiores ninjas de seu clã.

Até um dia, acabar encontrando um homem cego portador de uma espada carregada de espírito de seus ancestrais; tinham muitas coisas em comum, inclusive ter perdido pessoas para as lutas sem sentido que travavam. Nunca entendeu muito bem a razão de sentir-se tão à vontade para compartilhar com ele sua história, na realidade, jamais imaginou que poderia sentir um resquício de vontade de ser uma ninja.

— Me chamo Akemi. - Estendeu as mãos para ele. - Akemi Hasashi.

— Hasashi? - Perguntou surpreso. - Você é parente do Grão-Mestre Hasashi?

— Isso é algum tipo de brincadeira com o nome da minha família? Meu clã está morto, assim como meus familiares. - Disse, ressentida.

— Se seu clã for o Shirai Ryu, saiba que ele está vivo. Hanzo Hasashi o reergueu.

— Hanzo? Meu irmão está vivo? - O Interrompeu, com seus olhos cheios de lágrimas.

— Está. - Foi a única coisa que Kenshi conseguiu dizer.

— Eu te suplico, me leve até ele.

Akemi não era alguém que se deixava levar por emoções e muito menos gostava de agir acreditando nas palavras de um desconhecido, mas dessa vez tinha que arriscar em ter fé no espadachim cego. Arrumou suas coisas, colocando pela primeira vez em vinte e cinco anos o traje ninja do seu clã escondido no fundo do armário;sentiu vontade de pegar sua katana e kunai novamente, treinar arduamente para trabalhar com seu irmão.

Retornar era mais dolorido do que imaginou, não apenas por falhar em segurar suas emoções após ver o Shirai Ryu em pé, e sim pela preocupação ao pensar que talvez seu irmão não a aceitasse, ou quem sabe, não a perdoasse por ter vivido todos esses anos escondida.

Estaria sendo hipócrita se não dissesse que não sonhou com Hanzo, com o destino cruel que sua família sofreu nas mãos de seus inimigos. Se culpou por sua irracionalidade da época, ter sido tola e não lutado ao lado de quem devia.

Quando escutou a história de Kenshi sobre o Scorpion seu coração se apertou, relembrou de algumas noite sonhou e acordou assustada demais para compreender que aquilo era um pedido de socorro, não um mero pesadelo. Em todos Hanzo gritava de dor, pedia sua ajuda e suplicava para não ser abandonado; era doloroso vê-lo tão fragilizado.

Tentou afastar as lembranças quando entrou nos jardins ardentes e viu as folhas vermelhas no chão misturadas com as higanbanas, percebeu alguns homens a observando confusos, principalmente por seus trajes serem tão parecidos com os do Grão-Mestre.

Olhou para a frente e viu a entrada do templo, uma figura imponente vestida de amarelo descia pelas escadas, sendo saudado por cada um dos ninjas ali presentes. Segurou o ímpeto de correr até ele e abraçá-lo, sabia que não era o momento adequado para isso.

Quando Hanzo viu a mulher parada ao lado de Kenshi, cessou seu movimento e observou os traços característicos, a roupa tão idêntica a sua...

Não, não podia ser...estava ficando louco.

— Kenshi, quem é ela? - Perguntou, finalmente se aproximando e esperando que sua resposta fosse a que gostaria de ouvir.

O espadachim olhou para ela, a incentivando a se apresentar.

Akemi retirou a máscara que cobria seu rosto, contendo as lágrimas que se formavam em seus olhos.

— Olá, irmão. - Disse, e isso foi o tempo de vê-lo se aproximar e abraçar fortemente.

Não conseguiu segurar a vontade de chorar como uma criança no abraço do irmão, as lágrimas escorriam em uma forma de redimir sua alma por todo tempo perdido, até mesmo de alívio por perceber que ele jamais a desprezaria.

— Akemi...é mesmo você? - Hanzo a apertou em seus braços com medo daquilo ser uma mentira.

Por todos os anos acreditou que ela havia morrido em batalha ou no grande desastre do Shirai Ryu, como pode não procurá-la? Ter ficado tão imerso em sua vingança cega que não cogitou que a sua irmã pudesse estar viva.

— Sou eu, Hanzo. - Chorou, como a muito tempo não fazia. — Me desculpe, eu...

— Não peça desculpas, você voltou e isso que me importa. - A interrompeu, a soltando do abraço e secando suas lágrimas. — Nós temos tanto para conversar, quero tanto te ouvir falar sobre todos esses anos.

— Eu sei....- Suspirou, segurando as mãos dele fortemente. — Eu não irei mais embora.

— E eu não permitiria que fosse. - Respondeu, a puxando para seus braços e a abraçando novamente. — Obrigado por trazê-la de volta. - Se dirigiu a Kenshi, que apenas acenou para o Grão-Mestre.

Daquele dia em diante, Scorpion teve certeza que os Deuses Ancestrais finalmente responderam as suas incansáveis preces, Akemi estava de volta e dessa vez, não a deixaria ir embora novamente. 

Fire and Ice: Outros caminhosWhere stories live. Discover now