Introdução

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Nessa minha autobiografia, não vou falar de quando era pequena, tinha amigos e brincava de comidinha, até meus dias atuais.

Vou direto ao ponto.

E o ponto chave dessa autobiografia é a minha depressão, a minha ansiedade, minha autoestima e meu relacionamento abusivo.

Esse livro trará verdades, trará coisas jamais ditas em voz alta.
Revelarei meus piores e mais obscuros lados. Lados esses, que ninguém conhece, até agora.
Isso poderá me prender contra a parede, mas será libertador.

Então vou resumir para você:

Meu nome é Evellin, atualmente tenho 20 anos e nasci no interior de Maceió, em Alagoas.

Não me lembro de muito de quando pequena, apenas das pessoas que morreram, das que foram embora para longe, da solidão, das lágrimas e das feridas.

Não lembro das frases ditas e das ações que me feriram, mas as cicatrizes estão aqui para não me deixar esquecer.

E destas feridas, a maior sempre foi a minha mãe.

Nunca tivemos um bom relacionamento de mãe e filha.

Talvez nunca assuma, mas acho que no fundo, ela sabe que não soube ser mãe.

Mãe. O que mãe significa para você? É ela o seu porto seguro?
É a única pessoa que não te abandona quando todos não estão mais ao seu lado?

Até hoje procuro saber o que fazer quando sua mãe é quem lhe põe para baixo, te enterra no fundo do poço e te humilha.
Quando sua mãe, ao invés de ser tua boia para não afogar, é quem te empurra corrente abaixo.

Ela é uma dessas, então vê-se que minha infância não foi das melhores. E quando se cresce num lar desse, não se cresce com bons sentimentos.

A pessoa que deveria ser meu universo, faz do meu universo um lugar inabitável, vazio e cruel.

Mas tudo bem mãe, você também não foi criada com amor e por isso não soube dar. Eu lhe entendo e não a culpo mais por isto.
Mas, nós não somos nossas famílias. Por ser criados desse jeito é que devemos fazer diferente. Ela não fez. Então a culpo ao mesmo tempo que lhe entendo.

Mas quando percebi que não era feliz, que chorava mais do que sorria, que odiava mais do que amava, eu entendi que tinha depressão. E você era o grande motivo da doença.

E não estou falando que depressão é chorar e sentir raiva. Longe disso!
Mas percebi que era infeliz demais, e vazia demais também.
E quando se está assim, nunca se pensa que pode piorar.

Eu tinha 14 anos nessa época, quando descobri a depressão.

Lembro de estar deitada na cama, aos prantos, e falando o quanto aquele ano era o pior da minha vida.

Chorei muito por um tempo, parei, e senti ódio. Lembrei do que ela havia dito e voltei a chorar.

Foi aí que senti o vazio, a dor destroçando meu coração e um peso sob meu corpo.

E depois disso só piorou. Minha vida desandou e fiz as piores escolhas que poderiam ser feitas em uma vida.

E falar dessa parte da minha história dói, pois é uma ferida aberta que ainda sangra.

E dói arrancar o curativo.
Não queremos ver o que tem embaixo. Porque a ferida pode estar cicatrizando, mas também pode estar aberta e ainda afetando todo o seu corpo.

E dói.

É uma dor ininterrupta.

Pedaços de Uma Paixão (Minha Autobiografia)Onde histórias criam vida. Descubra agora