Capítulo 2

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Depressão...

Não sei defini-la, e nem sei se existe definição para tal.
É uma síndrome muito complexa para pôr em palavras e conseguir descrever o que se sente.

Eu percebi a depressão com doze anos, e a vi se agravando aos quatorze.
Quando estava fora de casa, me sentia viva, mas dentro dela, o mundo tornara a ser escuro e tudo em mim se tornava vazio.

Meu conforto, infelizmente não era minha família, pois nunca me entenderam, e nem se esforçaram para isto.

Fora de casa eu podia dar sorrisos sinceros, podia me expressar e colocar as dores para fora. É só isso que um adolescente quer.
Queremos ser compreendidos.

Mas um dia tiraram isso de mim.
Tiraram tudo o que me formava humana, e a queda foi dolorosa.

Eu estava namorando, e minha mãe descobriu. Não sei porque, mas ela viu isso como um insulto.

Ela me tirou imediatamente da escola, da igreja e de qualquer lugar social.
Me trancou em casa. Virei prisioneira.

Não podia sair nem para ir ao supermercado. Não podia ter contato com nenhum celular e nem com internet.
Eu simplesmente sumi.
Ninguém sabia onde eu estava, e como eu estava.

Foi quando senti a pior dor já sentida até então.
Era horrível.

Meu peito apertava e meu coração sangrava.
Comecei a questionar a minha mísera existência.

Entrei em meu quarto e fiquei lá por sete dias.
Eu não saí. Eu não comi. Somente chorei.
Meus olhos mal abriam de tão inchados.

Foi quando percebi que não havia mais motivos para existir, porque eu não estava mais vivendo, e sim, sobrevivendo.

Foi a minha primeira tentativa de suicídio.

Peguei todos os comprimidos que pude, engoli todos até não aguentar mais e deitei.
Eu esperei.
Esperei a morte.
Mas ela não veio.

Estava completamente morta por dentro.

E minha vida foi resumida a isso durante longos e eternos três meses.

Três meses sem contato com a vida e com a sanidade.
Eu me vi louca.

E depois desses três meses, fui embora para São Paulo, e... Deus...
Como uma vida piorasse tanto?

Me questiono até hoje.

Aquele lugar só me traz lembranças ruins.

Não que eu não tenha vivido momentos incríveis no período de um ano que morei lá, pois tive dias maravilhosos e tive experiências magníficas.

Mas foi um ano resumido de dor também, de saudade, antidepressivos, desilusões, humilhações e Deus sabe mais o quê.

Fui viver uma vida nova, mas era a mesma numa versão e intensidade pior.

E agradeço demais por tudo de bom que vivi lá e peço desculpas pelas barbaridades que cometi, mas apesar de ser um lugar fantástico, foi o pior lugar para mim.

A escola foi a pior que um dia estudei, destruindo totalmente a minha auto-estima. O ambiente tinha as pessoas mais tóxicas que um planeta todo poderia suportar.

Eu só queria morrer.

Mas não culpo as pessoas que me acolheram.
Eu teria um mundo melhor se dependesse delas.
Mas se fosse para viver tudo novamente, com certeza não viveria.

Mas para que serve as histórias ruins da vida, se não para aprendizado futuro?

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"Me tratavam como se eu fosse nada, então, em nada eu me transformei".

Pedaços de Uma Paixão (Minha Autobiografia)Onde histórias criam vida. Descubra agora