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9 de julho de 2017

— Meu Deus, que susto! — praticamente gritei, ainda assustada, porém aliviada, ao me virar e ver Mason.

— Me desculpa, eu te chamei mas você pareceu não ter ouvido. — comentou envergonhado.

— Eu devia estar distraída. — falei enquanto ainda me recuperava do baita susto — Sabe, no meu país você não chega assim nas pessoas do nada.

— Por que?

— Porque podem pensar que é um assalto. — falei séria, mas ri com a expressão de espanto só rapaz — Mas então, o que você queria?

— Você já está liberada? — apenas acenei em confirmação — É que tem umas garrafas de bebida no meu camarim e queria saber se você quer dar uma passada lá — arqueei uma sobrancelha em resposta ao convite — Não me entenda mal! — ele se apressou em dizer — É que como hoje eu meio que te prendi para me ajudar com as falas achei que pudesse retribuir com um momento de distração, mas entendo você não aceitar.

Tá, confesso que achei a atitude fofa, porém um tanto suspeita. Ponderei um pouco a situação até ter um veredicto.

— Tudo bem. — ele sorriu, mas antes que pudesse se animar muito, dei continuidade a minha fala — Mas é apenas uma conversa entre colegas, entendeu? Eu tenho spray de pimenta na bolsa. — na verdade não tinha.

— Acredite, você não vai precisar dele. — Mason sorriu simpático e eu quis acreditar.

Quando adentramos ao seu camarim, ele deixou a porta aberta e eu vi isso como um bom sinal. O local era pequeno, porém bem aconchegante. Me sentei no sofá enquanto meu colega se dirigiu ao mini frigobar e pegou uma Black Label. Naquele momento senti que a noite poderia ser divertida.

Eu já estava no meu segundo copo e até então estávamos apenas conversando sobre coisas banais, até que Mason começou a se aprofundar mais nos assuntos.

— Mas então, me fala mais sobre você. — ele disse me encarando com seus olhos castanhos escuros.

— Por que eu é quem tenho que falar sobre mim?

— Bom ponto. — confessou rendido — O que você quer saber sobre mim?

— Ahn... — pensei um pouco — Você não toma café da manhã? Nunca te vi no restaurante do hotel.

— Eu não fico no hotel. Tenho um apartamento que fica aqui perto. — ele disse e logo após tomou mais um grande gole da forte bebida sem sequer se afetar.

— Uau, então você é uma super estrela? — perguntei irônica.

— Se eu fosse, você já me conheceria antes. — fiquei um tanto constrangida por ter dito aquilo, mas logo percebi que não era um problema para Mason — Diferente de muitas pessoas nesse ramo, eu não tenho o sonho de ser famoso. E não me acho melhor nem pior por isso, só tô de boa, sabe? Já me sinto realizado em conseguir ganhar meu dinheiro trabalhando naquilo que eu gosto, a fama é só uma consequência. — fiquei admirada e inspirada com a simplicidade a qual ele falava — Será que agora posso saber sobre você?

— Bom — enchi mais um copo e dei um gole, me controlando para não fazer nenhuma careta — O que você quer saber sobre mim? — o imitei.

— De qual país você é? — questionou ao apontar para minha camisa — Argentina? Paraguai? Chile?

— Por que as pessoas nunca pensam no Brasil como um país latino? Qual é, estamos na América do Sul também.

— Ah, então você é brasileira... — ele ficou um pouco pensativo — Devo confessar que a sua aparência estava me deixando um pouco confuso, sua aparência tem tantos traços diferentes. — Mason me observava e eu já podia sentir minhas bochechas corarem.

— Se chama miscigenação.

— Eu chamo de beleza. — fiquei tímida e sem reação diante daquele comentário, mas Mason se apressou em não deixar o clima com um ar constrangedor e rapidamente quebrou o gelo — Me desafie.

— Que? — acho que o álcool já estava afetando o pobre coitado.

— Me desafie a virar essa garrafa por 10 segundos.

— Você não conseguiria... — falei incrédula, e então o mesmo virou a garrafa, não me dando outra escolha a não ser contar os benditos 10 segundos. — CA RA LHO!

— Agora é sua vez! — ele disse como se tivesse apenas bebido álcool.

— Você está doido. — ri.

— Qual é ruiva, te desafio.

Todos sabem que não existe incentivo maior para fazer merda do que este. E mesmo sabendo que daria merda, eu aceitei. O líquido desceu queimando pela minha garganta, mas a sensação era ótima.

Quando saímos do camarim, nossa situação era lastimável. Dávamos risadas como hienas escandalosas e mal conseguíamos ficar em pé. As poucas pessoas que ainda estavam no set nos olhavam como se fôssemos loucos.

— Eu vou pedir um táxi. — apesar de ter bebido mais do que eu, Mason conseguia estar um pouco melhor, isso é claro, devido a sua maior experiência com álcool. Ele provavelmente se daria bem com Isabella e Loyanna, minhas amigas mais pinguças do mundo. — Ei? — ele estalou o dedo na frente do meu rosto — Quer que eu vá com você até o hotel? — balancei minha cabeça negativamente como resposta e logo me arrependi quando tudo começou a rodar, parando apenas quando Mason me segurou.

— Eu estou... bem. — falei com enorme dificuldade.

— Não está não, vou com você. — não estava em condições de contrária-lo, e quando me dei conta, já estávamos no táxi.

Depois disso, tudo que me lembro é de um borrão, até o momento de agora, já no dia seguinte, em que estou acordada na cama com uma enorme enxaqueca.

Eu nunca mais vou beber.

That GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora