Com amor, Taehyung.

Capítulo 2.

Estou sentado no gramado da casa de Sana quando meus amigos tocam no assunto relacionamento. Começo a rir no momento em que todos riem, mesmo fazendo miníma ideia do que falam. Não acompanho o assunto. Minha mente está presa ao número desconhecido que me mandou mensagem a um dia atrás.

Me pergunto quem deve ser e como o anônimo conseguiu meu número. Várias hipóteses passa por minha cabeça. Até chego a desconfiar que seja alguns dos meus amigos, mas eles estão tão relaxados que acredito que não. É um mistério que vai me consumir pelo resto da semana.

Obviamente, estaríamos na escola essa hora. Entretanto é um dia especial. Entramos em nossa sala, fazemos um questionário, e vamos embora. É um questionário para o fundador da nossa escola. Então, é um dia especial somente para a escola.

Consequentemente, para os alunos também. Que agradecem pelo dia de folga extra.

— O quê acha, Taehyung?

Ouço a voz de Mina. Me retirando de meus pensamentos.

Faço uma careta confuso que causa riso em Donghan e Sana. Ergo as sombrancelhas: — Desculpe, o quê?

— Você estava ouvindo o que estávamos falando?

— Depende. — me encolho.

Eu sabia que eles estavam falando sobre relacionamentos, só que não sabia em que parte estavam. Sana finalmente para de rir e toma a iniciativa para me explicar.

— Bobinho, estávamos falando sobre a tal garota que Donghan quer ficar. Você não acha que ela é uma tola por não aceitar um homem desses? — ela diz, colocando sua mão sobre o ombro do Donghan.

Ele sorri tímido. Isso me faz querer dizer a Sana que Donghan está claramente interessado nela e é a ela quem está se xingando a si mesma como tola. Toda essa situação parece um grande filme de comédia, repleto de ironia.

É o karma que o mundo dá.

— Sim. Ela realmente é uma tola.

Mas tarde, Mina me chama para um passeio envolta do quarteirão a sós. Comentamos como estamos ansiosos para o final do ano. Falta 208 dias para nossa formatura. A ficha ainda não me caiu que, a qualquer momento, estaríamos em cima de um palco formados.

Ver como o tempo passou rápido é assustador. Até parece que foi ontem que estava entrando no ensino fundamental I, inventando diversas mentiras para minha mãe apenas para faltar no primeiro dia de aula.

Não me julgue. Aposto que já deve ter feito o mesmo.

— Taehyung, só você que não disse qual seria o tipo de garota ideal.

— Como assim?

Estou confuso. Como assim "garota ideal"?

Ela ri.

— Garota ideal, sabe? O tipo de garota que te faz querer namorar e casar.

Engraçado você comentar isso, mas, para sua surpresa, eu não me interesso por "elas". A realidade é que descobri ser gay aos 7 anos.

Ou quase isso.

Ainda tinha esperança de ser algo momentâneo. Só que as coisas começaram a piorar quando comecei a sonhar com o ator bonitão da novela da minha mãe, a qual eu assistia toda vez com ela. Apenas para presenciar os momentos épicos em que ele tirava a camisa.

Na verdade, acho que era um filme. Crepúsculo. Minha mãe era viciada nesses filmes e eu descobrir ter uma quedinha pelo Jacob.

— Eu não sei. — coloco as mãos dentro do meu bolso da calça, encolhendo meus ombros. — Digo, acho que não ligo muito para isso.

— Mas sempre foi exigente com suas pretendentes. — ela me lembra.

Ah, isso é verdade. Me lembro de namorar uma garota no sétimo ano. Ela era legal, divertida e merecia alguém melhor. Acho que ela tinha ficado irritada depois que eu a abandonei no meio do baile escolar. Iríamos ter ganhado a coroa do rei e rainha do baile caso eu não tivesse amarelado naquela noite.

— Uh, isso não é verdade.

— Então tá.

Por volta das nove horas da noite já estou em casa.

Meus pais estão festejando alguma música antiga da sua época enquanto minha irmã está na cozinha, preparando umas das suas guloseimas. Ofereço ajuda para ela que aceita de boa vontade. Serei seu ajudante e seu degustante oficial.

— Bon appétit.

Kim Marlee força um sotaque francês, me passando um prato com uma substância gelatinosa. Solto uma risada.

— Isso é gelatina, Marlee. Já foi inventado.

— Eu não perguntei. Coma. Agora. Há um agrado bem no finalzinho.

Dou uma garfada na gelatina sobre o olhar da mais nova. Ela me parece ansiosa, brincando com os dedos esperançosa. Quando engulo, finjo uma careta prestes a gorfar vendo seu rosto murchar. Marlee entende que é brincadeira e me dá um tapa.

— Para de ser palhaço.

Rio novamente. Dessa vez, começo a degustar seriamente. Sem brincadeiras.

Sinto o tal "agrado" vir com um gosto de chocolate meio amargo. Arregalo os olhos. Isto está maravilhoso.

— Então?

— Está perfeito, Marlee. Como conseguiu?

Suas bochechas parecem corar. — Prática. Quase mandei papai para o hospital por conta de intoxicação alimentar. Ele foi minha primeira cobaia.

Faço um "toca aqui" com ela antes de levar um prato até meu quarto. Finalmente, uma das comidas doidas da minha irmã deu certo. Imagino que ela esteja feliz e vá fazer o mesmo prato pelo resto da semana.

Depois de comer, vou para minha cama. Deito de bruços. Relaxo.

Mas já em outro segundo, me levanto em outro pulo. Meu celular notifica novas mensagens pertencentes ao número desconhecido.

Desconhecido: Estou surpreendido, você me respondeu!

Desconhecido: Desculpe pela demora.

Desconhecido: Estava fazendo alguns deveres escolares, sabe como é né?

Desconhecido: Física e essas coisas, tsc, odeio.

Taehyung: Entendo você, vida de estudante não é fácil.

Taehyung: E você também não gosta de física, estranho? Temos algo em comum.

Taehyung: Aliás, você não me respondeu. Quem é?

Desconhecido: Acho que podemos ter muitas coisas em comum, haha.

Desconhecido: Pelo visto também nada passa despercebido por você né?

Desconhecido: Bem, eu sou um humano.

Taehyung: Que bom? Agradeço a você não ser um marciano de outro planeta.

Desconhecido: Haha, você tem um humor engraçado.

Desconhecido: Brincadeiras a parte, se pensarmos bem, eu também não te conheço.

Desconhecido: Isso não é um pouco justo?

Taehyung: É estranho, isso sim.

Taehyung: Que ser humano passa mandar mensagens anônimas para uma pessoa anônima?

Desconhecido: Existe loucos para tudo.