quarto, sala e cozinha.

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Falado era Azirafél. Escrito, Aziraphale.
Ajudar, proteger, servir Raphael.
Azi-Raphael.

Naturalmente loiro quase branco. Olhos de um azul imenso e pele branquinha, um pálido que confundia as pessoas.

Será um vampiro?
Está passando mal?

Com um sorriso paciente, negava com a cabeça.

Sempre foi quieto, sempre muito inteligente. Com três anos começou a ser instruído por Ana, sua mãe, com a ajuda de letras grandes enborrachadas e números coloridos. Com paciência, foi ensinado o básico do Maternal, em casa.

Ele entrou na escola adiantado um ano.

O problema é que esse menino especial sempre foi muito propenso à doenças. A imunidade baixa do garoto quieto da turma o massacrava, visto que moravam em Londres, uma cidade que enfrentava baixas temperaturas boa parte da semana, do mês, do ano... A má sorte do bebê e criança Aziraphale incomodava: frequentemente a criança tinha uma gripe, um resfriado e que acarretava uma infecção no ouvido. Infelizmente, a quantidade de vezes que isso ocorria foi maltratando o tímpano e o ouvido médio da criança e, com pouca idade, a audição dele estava altamente prejudicada.

Vida social comprometida, assim como a comunicação. Aziraphale sempre se sentia triste, via as crianças brincando mas não conseguia se sentir acolhido, muito menos incluso.
Via sua esperança de alegria nos livros.
Mentia para a mãe toda vez em que ela perguntava como estava na escola.
Apontava para si e para a escola. Balançava as mãos, subindo-as, com um sorriso bonito no rosto.

"Eu e as crianças somos felizes."

Porém não juntas.

.....

Apesar da boa alfabetização e cuidado com a educação da criança, era um pouco difícil aprender outra língua, ainda mais a LBS, que gerava olhares de menosprezo por parte dos ouvintes.
E pena.
Aziraphale odiava quando sentiam pena dele, sabia que poderia fazer qualquer coisa que um ouvinte faz, oras!
Entretanto, quando tentava, se sentia péssimo. Chorava a cada dia por não saber cantar direito ou tocar um instrumento (violinos eram seus favoritos quando mais novo) ou, simplesmente, entender os outros.

Para cada lágrima, recebia um beijinho da mãe.

....

Miguel era separado de Ana, mas presente na formação do pequeno. Tinha as mesmas feições da criança, porém mais bronzeado. Com ele, tomou um verdadeiro gosto pela leitura, com seus cinco anos. A primeira visita ao local está gravada em uma caixinha de amor especial para o loiro. Apesar de ser um local pequeno, Phale se sentia em um mundo novo, os livros formavam torres aqui e ali e os olhos do pequeno brilhavam enquanto ele andava. Passou a mão em cada título, mas não se atrevia a tirar nenhum livro de seu precioso lugar. O refúgio do pai e do filho foi devorada em questão de três anos. Começou a ganhar livros de presente com oito.

Sempre serão meus melhores amigos.

Escolheu uma profissão que podia o deixar ainda mais próximo deles.

....

A primeira impressão que teve do ruivo alto foi de estranheza, achava que já tinha o visto fora da cidade universitária. Nos livros de romance era dito sobre almas gêmeas e o achar de ter conhecido a pessoa antes, em vidas passadas, em algum lugar.
Algum lugar que só eles sabem.

Besteira, sei nem quem é ele.

Porém, conhecer alguém que estava disposto a entender o seu mundo complicado era animador e Aziraphale estava ansioso para conhecer melhor o ruivo bonito que dormia do seu lado.

.....

capítulos curtos, desculpa.
era pra eu ter feito uma introdução dessa lá no começo mas bem, nunca é tarde, rs.
obrigada por ler.

atualização: coloquei um pouco mais de história. tô lendo a menina que roubava livros e quis fazer uma cena inspirada na de Liesel na biblioteca do prefeito.
ah, e LBS é lingua britânica de sinais.

YOU'RE MY SUNSHINE [Ineffable Husbands]Onde histórias criam vida. Descubra agora