Capítulo 4

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                         Carolina

Eu e Léo mantínhamos uma amizade de longa data, sempre estudamos juntos, sempre frequentamos a casa um do outro e não sei por que cargas d’água, saber que ele viria até minha casa hoje para estudarmos estava causando tanto reboliço dentro de mim.

Minha mãe trabalharia hoje pelo turno da noite, então pedi que ela fizesse o bolo de chocolate com calda que Léo amava, arrumei a casa sem reclamações e perto da hora dele chegar me vi conferindo meu visual na frente do espelho do meu quarto.

O pequeno aparelho de som do meu quarto tocava When a Man Loves a Woman e nem me dei conta que Leonardo estava encostado ao batente da porta.

− Faz tempo que você está aí? – perguntei sem jeito.

− Um pouco, estava admirando! – sorriu de lado.

− O quê? – inqueri tirando um fio imaginário da minha camiseta.

− A letra da música. – respondeu de imediato.

− Se me lembro bem, quando te fiz assistir esse filme comigo, você disse que era tudo uma tremenda babaquice.

− As coisas mudaram. – falou pegando sua mochila do chão. – E aí vamos ao que interessa? – foi logo perguntando sem me dar chance de continuar a conversa que já me causava um certo frenesi.

− Pede outra cadeira para minha mãe lá na cozinha e vamos ao que interessa, a matemática.

Entre fórmulas e equações passamos a tarde e só vimos que já escurecia quando minha mãe nos chamou para lanchar.

− Crianças venham comer, saco vazio não para em pé! Léo fiz aquele bolo de chocolate que você adora e tem refrigerante e frios na geladeira se quiserem fazer um lanche.

− Obrigado tia Laís, já vamos! – Léo gritou alongando os braços e as costas assim que se levantou.

− Carol, preciso ir trabalhar daqui a pouco, então depois que terminarem, limpe tudo! Ah Léo, se quiser ficar fazendo companhia para Carolzita até mais tarde fique à vontade. Tem uns filmes novos na estante da sala.

Enquanto comíamos, minha mãe se despediu de nós, deixando todas as recomendações possíveis e imagináveis que uma mãe faz.

Assim que ela saiu, entrei no assunto que Léo vinha evitando comigo nos últimos tempos.

− Não vai mesmo para a faculdade? – perguntei.

− Carol já conversamos sobre isso! – respondeu.

− Não conversamos não! Você sempre muda de assunto. – fiz a minha melhor cara de brava.

− Sabia que você fica linda com essa cara de brava? – isso me desarmou e comecei a sorrir. – E mais linda ainda quando sorri! − decretou ele.

− Já tá mudando de assunto de novo!

− Tá bom Carolina, o que você quer que eu diga? – se deu por rendido, mordendo mais um pedaço de bolo. – É só que não me vejo longe daqui, fazendo outra coisa. Não vou para a faculdade porque me inscrevi no curso técnico, eles tem mais a me oferecer do que uma faculdade que faria só para ostentar um título e um diploma que não serão usados. Você sabe que minha paixão é o que eu faço, o que aprendi com o meu pai e que eu quero continuar mesmo depois que ele se aposente.

Meio entristecida, levanto recolhendo os pratos e vou em direção a pia. Começo a lavá-los quando sinto um arrepio em minha nuca, nem preciso olhar para trás para saber que Léo está próximo, muito próximo de mim. Viro e me dou com seus olhos negros me olhando profundamente.

− Não gostou da minha decisão? – pergunta com a voz rouca.

− Por mais amigos que somos, não tenho direito de interferir nas suas escolhas e tenho que me acostumar com o que te faz feliz. – sussurro de cabeça baixa.

− Carol é isso mesmo? – ele dá mais um passo em minha direção, diminuindo a distância entre nós e aumentando o bolo que se forma em minha garganta. Meus olhos ardem, mas teimo em não deixar as lágrimas caírem.

− Se é isso que te fará feliz, então também ficarei feliz! – minha voz teima em falhar.

Me viro novamente para a pia.

− Eu lavo e você enxuga e guarda! – mudo o assunto.

− Nosso cinema ainda está de pé amanhã? – e sem olhar para trás respondo.

− Sempre!

− Carol, olha pra mim! – pede com a voz mansa dessa vez.

Viro o mais devagar que posso e assim que estamos frente a frente, sinto seu dedo melecado de calda de chocolate em minha bochecha.

− Léo o que você tá fazendo? – tento limpar meu rosto, mas uma de suas mãos me detém enquanto a outra é levada aos meus lábios.

− Xiiii. – ele ordena e eu me calo, não sei se pela ordem implícita em seu gesto, coisa que eu nunca o vi fazer antes, ou se pela expectativa do que está por vir.

Lentamente ele passa sua língua quente sobre minha bochecha, tirando toda a calda de chocolate dela, mas deixando uma bagunça imensa em meus pensamentos.

Tremo com a falta que sinto quando ele termina esse gesto e fecho meus olhos instintivamente, para encontrar os seus queimando quando abro os meus.

Muito próximo à minha boca sinto seu hálito quente e cheirando a chocolate quando me pergunta.

− Você sente o mesmo que eu?

Não sei de onde saiu esse Leonardo atrevido, só sei que estou queimando.

− Me diz o que você sente Léo! – peço de modo atrevido também, meus olhos nos seus, meu coração batendo descompassado.

Seus braços são colocados cada um de um lado do meu corpo, me prendendo.

− Uma enorme vontade de te beijar! – declara.

− Não pense, só me beije!

Sua língua passeia timidamente sobre meus lábios, pedindo passagem. Suspiro profundamente, o que lhe dá a deixa que ele necessitava.

Calmamente minha boca é invadida por sua língua em busca da minha. É ele quem dita o ritmo gostoso de nosso beijo e eu apenas me deixo levar. Levo minhas mãos às suas costas e vou subindo vagarosamente até que uma esteja acariciando sua nuca e a outra seus cabelos macios. Esse simples carinho faz com que um gemido estrangulado brote em sua garganta, fazendo com que seu corpo logo se cole ao meu e o beijo que até agora era calmo, torna-se urgente, necessitado.

Colada ao seu corpo, sinto seu coração bater tão ou mais descompassado que o meu.

O que é isso que estamos sentindo?

O que é isso que estamos fazendo?

E como que ouvindo os meus pensamentos. Leonardo vai cessando o beijo, morde meu lábio inferior e mais uma vez o reboliço dentro de mim vem à tona.

Ao soltar meu lábio, encosta sua testa à minha e pergunta novamente:

− Você sente o mesmo que eu? – fecha seus olhos enquanto espera a resposta.

− Não sei se sentimos o mesmo, mas sinto uma enorme vontade de te prender em meus braços e nunca mais te deixar ir! – ele sorri e a covinha se forma em seu rosto. Me beija novamente.

− Carol, faz tempo que gosto de você e faz tempo também que quero te prender em meus braços e não te deixar sair mais. – declara com suavidade.

− Então fiquemos assim. – peço.

− Sim. – e novamente me beija.

− Isso seria um pedido de namoro? – questiono assim que paramos de nos beijar.

− Isso mesmo. – mas eu solto logo em seguida.

− Mas e quando eu for para a faculdade? – já estou sofrendo por antecipação.

− Daremos um jeito nisso. – fala me soltando. – Vamos terminar isso logo e vermos um filme.

Não sabia exatamente o que ia dentro de mim, só sabia que queria estar com Leonardo o máximo de tempo possível, queria sentir o seu cheiro, queria sentir o gosto de seus beijos, queria poder ficar em seus braços o máximo de tempo que pudesse.

Sendo assim, Léo se despediu de mim no portão de casa já passava da meia noite e antes mesmo que eu fechasse o portão, vi uma sombra do outro lado da rua, entre as árvores, mas não me importei, estava feliz demais para me preocupar com as fofoqueiras de plantão.

	Sendo assim, Léo se despediu de mim no portão de casa já passava da meia noite e antes mesmo que eu fechasse o portão, vi uma sombra do outro lado da rua, entre as árvores, mas não me importei, estava feliz demais para me preocupar com as fofoque...

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BOM DIA MENINAS!

Léo finalmente criou coragem e colocou para fora o sentimento que guarda sentro de si por anos.
Ele está feliz, Carol também. Até quando?

Cenas dos próximos capítulos.

O desafio não foi cumprido por completo então até semana que vem.

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11.07.19

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