Capítulo 5

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Cap.5

No outro dia, assim que eu cheguei na sala, ele já estava lá, sentado no lugar reservado a ele, e guardando o meu lugar. Eu sorri, sentando no lugar que ele havia guardado para mim em seguida.

- Oh meu Deus, precisa de tanto charme assim todo dia - mais uma vez ele sussurrava, crente que eu não escutava. Agora era certeza, ele realmente se atraía por mim. Separei um pedaço de papel e começei a escrever.

"Oi"

"Oi"

NARRADO POR CARLOS

Depois que cheguei em casa naquela noite, não consegui de forma nenhuma esquecer ele. Ficou lá, na minha mente, zanzando, cada gesto que ele fazia. E os sorrisos. Ele era muito lindo. Acho que nunca vi alguém assim na minha vida. Isso era estranho, e ao mesmo tempo bom. Sempre quando via ele se aproximando, era como se uma corrente elétrica passasse pelas minhas veias, me deixando atônito e animado. Ele carregava um charme que eu achava indescritível.

"Como vai ?"

"Bem, e você ?"

"Eu também. Sua noite foi boa ?"

" Foi... Só alguns pensamentos me importunaram"

"Ah, comigo o mesmo"

"É uma pena você não escutar. Não podemos ouvir músicas juntos" sorri

"É, uma pena"

Continuamos conversando enquanto esperávamos a professora chegar.

"Vai ser muito difícil aprender a linguagem de sinais ?"

"Depende da pessoa. Eu imagino que não. Se você quiser a minha ajuda, te ajudo"

"Ajuda ?"

"Humrum" ele olhou para mim, sorrindo. "Podemos marcar um dia e nos juntar, para estudar. Ai eu ajudo você a aprender"

"Eu vou adorar aprender"

"E eu vou adorar ensinar"

TEMPO DEPOIS

A aula começou, seguiu-se da mesma forma que antes. E tão rápido quanto a aula começou, o intervalo começou. Saímos da sala, lado a lado.

"Aonde você quer ir hoje ?"

"Não sei. Que tal, sei lá. Só vasculhar a escola ?

"OK"

Fomos andando lado a lado pela escola. Ele estava bem antenado e queria descobrir aonde ficava cada local.

"Aqui ficam os laboratórios" e ele olhava atentamente. E enquanto ele olhava, seu olhava se alternava para mim. Igual ao meu, que se alternava para ele. Ele era muito bonitinho. Após andar bastante, paramos numa área da escola bem vazia.

"Eu não sabia que a escola era assim tão grande..."

"Nem sempre foi assim. Mas melhorou depois de uns tempos."

"Entendo. E você ? Não tem nada para fazer depois da aula ?"

"Não. Na verdade eu apenas iria para casa, ver TV"

"Não prefere ir comigo conhecer aquele parque que abriu aqui perto ?" sorri

"Claro"

Quando escrevia palavras como aquelas, sentia meu coração palpitar. Assim como quando olhava em seus olhos. Era estranho. Era como se as palavras tivessem sido substituídas pelos olhares. Como se cada olhar dele fosse uma palavra diferente. E cada olhar fizesse eu me desestruturar. Que poder tem esse garoto para fazer algo assim comigo ?

HORAS DEPOIS

A aula enfim terminou, pudemos sair. Na saída, ele apontou o sentido que devíamos ir, em direção a nova praça. O governo tinha inaugurado a pouco tempo então não era muito conhecida. Andamos um pouco mais não muito, afinal a praça ficava perto. Quando chegamos, várias crianças corriam de um lado para outro. Elas começaram a correr entre nós, brincando de pega pega. De alguma forma aquilo nos juntou, e quando eu vi já estávamos de ombros colados. Nos olhamos e acabamos por rir, antes de nos separar novamente. Haviam homens fazendo bolhas estavam divertindo as crianças. Era uma praça família. Pessoas se exercitavam com seus bichinhos, outros comiam pipoca ou tomavam sorvete, enfim.

"Que pracinha legal" escreveu ele.

"É bem legal mesmo." continuamos andando lado a lado. Descobrimos que tinha uma piscina artificial no meio da praça. Fomos olhar, era linda, tinha diversos peixinhos nadando. Ele apontava, alegre em ver os peixinhos.

"Queria ter um aquário"

"Monta um..."

"Mas sozinho eu não tenho muito vontade."

"Eu ajudo você." ele sorriu

"Então estamos quites. Eu te ajudo a aprender os sinais, e você me ajuda a fazer o aquário"

"E, você assiste que tipos de filmes ?"

"Gosto mais de romances e comédias. Sou medroso" ri lendo aquilo.

"Sério ?"

"Sim"

"Eu sou um pouco, mas de vez em quando me obrigam a ver terror"

"Eu não vejo nem obrigado kkkk" mesmo daquela forma, a conversa ficava divertida. E ele era encantador. Mesmo sem pronunciar nem uma palavra.

"Ei ? Você quer sorvete ?"

"Quero, vamos lá comprar..."

SEGUNDOS DEPOIS

Já com o sorvete na mão, continuavamos o nosso passeio.

"E você é sempre assim ?"

"Assim como ?"

"Encantador ?"

Continua

Amor MudoOnde histórias criam vida. Descubra agora