Capítulo 4

806 89 0
                                    

Cap.4

NARRADO POR EDUARDO

"Não" ele respondeu, no papel que eu havia acabado de entregar a ele perguntando se ele namorava.

"E... Você não me disse o seu nome"

"Carlos... Meu nome é Carlos..." Carlos...

Vocês devem estar se perguntando porquê eu estaria querendo saber aquilo dele. Tá, não vou negar. Não vou ser hipócrita de mentir. Eu Achei ele uma pessoa muito bonita. A aparência dele me deixou muito impressionado. Ele era lindo. Branco, um pouco mais baixo que eu, corpo normal, olhos castanhos, cabelos loiros... Não tinha nada de anormal na sua aparência... Mas sei lá, algo nele me chamou atenção. E... Além disso... Ele foi a primeira pessoa numa escola que veio falar comigo. Depois de tudo o que aconteceu, em todas as escolas normais que eu estudei, nunca ninguém se aproximou de mim. Sempre fui um solitário. Mas dessa vez foi diferente. Ele veio até mim. E mesmo não sabendo como se comunicar, deu um jeito e falou comigo. Isso sim é impressionante. Vi ele terminar de escrever e Então guardar as suas coisas. Menos a caneta. Assim que ele terminou, ficou olhando nos meus olhos. Ao mesmo tempo que eu via muitas palavras passarem por aqueles olhos, não conseguia decifrar nenhuma delas. Nenhuma.

- Você é tão bonito... - ele sussurrou aquilo, crente que eu não estava ouvindo. Mas sim, eu ouvi. E senti meu rosto corar - pena que você nunca vai ouvir a minha voz dizendo isso... - ri... Era em momentos como aqueles que continuar escutando me serviam.

"Me dá o seu número de telefone ?" perguntei, entregando a ele o papel logo após ele dizer aquilo.

" Claro..." naquele momento escutei um toque de celular. Logo ele atendeu.

- Alô ? Ah mãe, tá bom, já estou indo ! - e então ele se levantou. Pegou as coisas e acenou, se despedindo. Retribui, e logo ele se foi. Quando peguei no papel, percebi que ele não tinha escrito o número. Ficaria o dia inteiro pensando nele, sem ter como dizer um Oi. Tudo isso porquê ele era bonito. E gentil...

TEMPO MAIS TARDE

Desci do carro, entrei na sala da casa. Me joguei no sofá da sala e começei a tatear o controle da TV. Porém, Não demorou muito e logo meu pensamento estava naquele garoto gentil que eu conheci na escola.

- Oi filho - apenas acenei para minha mãe que apareceu na sala. Afinal eu não tinha o que fazer - fiz um bolo de laranja do jeito que você gosta, deve estar gostoso - depois de tudo o que aconteceu, minha mãe sempre tem feito de tudo para tentar diminuir as minhas limitações. Aprendeu a língua de sinais, tenta de todas as formas diminuir a falta de amigos que eu sofro. Mas, no final, ela acaba triste... Tirei um pedaço do bolo, comecei a comer - e como foi a aula ?

- Bem - falei, com as Mãos - conheci uma pessoa legal.

- Jura ?

- É... Acho que dessa vez não vai ser como das outras vezes...

MINUTOS MAIS TARDE

Me deitei em meu quarto, fiquei olhando para os céus. Eu não podia mentir, me sentia extremamente sozinho. Sentia a falta de amigos. Coisas comuns que adolescentes fazem, como ir a cinemas com amigos, passear, namorar, eu não conseguia fazer. Não tinha ninguém disposto a ajudar. Nem mesmo aqueles de condição semelhante a minha tentavam me tirar da solidão. Eu era como uma formiguinha deserdada do formigueiro. Todos pareciam rir de mim, que ficava sempre de canto, sozinho e isolado. Fechei meus olhos por mais alguns segundos, e por algum motivo a imagem daquele garoto, sorrindo para mim na Biblioteca voltava a mente. Eu normalmente não tinha muitos garotos para espiar e pensar. Mas mesmo entre os poucos que eu tive, nunca tive alguém como ele.

Continua

Amor MudoOnde histórias criam vida. Descubra agora