Capítulo 6 - Patrick

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Tudo bem que eu não era um exemplo de pessoa, mas dizer que eu não era confiável já era de mais, tinha muita gente no mundo pior do que eu sem contar que eu só mentia quando era realmente necessário.

- Certo, Princesa, eu não sou confiável. Sou mau e você me odeia,  mas quer saber? Eu posso viver com isso.  Contrataram-me para fazer algo e eu vou fazer independente do que você pensa da minha pessoa, e se para você é tão torturante estar aqui se alegre com a notícia de que ddpois de amanhã, à noite, você nunca mais vai me ver. - falei um pouco irritado.

- Espera, quer dizer que estão te pagando pra fazer isso? Eu te pago o dobro se você me levar de volta.

- Por mais que seja uma oferta tentadora eu vou recusar porque, ao contrário do que possa acreditar, eu tenho palavra e já me comprometi.

Ela se virou outra vez para janela, deu para perceber que estava irritada, mas mesmo assim continuava linda. Talvez se tivessemos nos conhecido de outra forma eu teria uma chance, talvez não.

- O que os seus pais acham do seu "trabalho"? - cheguei a me assustar um pouco com sua voz, pensei que ficaria mais tempo em silêncio, mas entendi o que ela queria,  apelar para o lado emocional. Infelizmente para Chloe, esse tipo de apelo não funciona muito bem comigo, chego a duvidar se em algum dia funcionou. - Ou eles não sabem? Você fugiu de casa e decidiu se tornar um rebelde sem causa?

- Eles não acham nada.

- Hum, então voce fugiu mesmo de casa. Ninguém tentou te encontrar?

- Não fugi de casa, eles não acham nada porque estão mortos. - eu não queria falar sobre isso, fazia um esforço sobre humano todo dia para não ter essas lembranças.

- Eu sinto muito. - sua voz estava baixa e ela ficou séria de repente, olhei rapidamente em sua direção e percebi seu olhar triste e um pouco distante.

- Não sinta.

- Quantos anos você tinha?

Aquela era exatamente o tipo de pergunta que eu queira evitar, perguntas que todos fazem quando descobrem que algo de ruim já aconteceu na vida de outra pessoa, elas me deixavam nervoso e até um pouco irritado.

- Por que as pessoas sempre querem saber esses detalhes? - perguntei sendo um pouco ríspido.

- As pessoas fazem essas perguntas porque querem ajudar. - Choe respondeu na defensiva.

- Não,  elas so querem detalhes pra poder espalhar e ficam te olhando com pena e dizem que querem ajudar mas não fazem nada. Na minha opinião isso não é legal e é definitivamente desnecessário.

Chloe ficou um pouco assustada com minha resposta e meu tom de voz, mas se recuperou rápido e respondeu:

- Eu sei como é. Minha mãe morreu também.  Nós éramos muito próximas e no dia em que ela se foi todos à minha volta me olharam com pena e sem saber o que fazer, como se eu fosse morrer também ou ficar muito doente, foi horrível.  Desculpe por te fazer relembrar.

Ouvir aquilo me acalmou um pouco, perceber que outra pessoa me entendia, mas depois me fez sentir culpado eu também a tinha feito se lembrar.

- Tudo bem. Não é algo que se possa esquecer,  sinto muito pela sua mãe e por te fazer relembrar o dia, eu sei que esse é o tipo de ferida que demora a sarar, se é que sara um dia, e que não é exatamente o tipo de lembrança que as pessoas gostam de ter.

- Sem problemas - ela respondeu simplesmente e o silêncio tomou conta do carro até que alguns minutos depois Chloe voltou a falar. - Bom depois dessa troca de experiências tristes e de conhecer uma parte minima da sua história acho que você não é uma pessoa tão ruim quanto eu pensava e...

- E?

- Talvez passar um tempo com você não seja tão ruim, mesmo que eu não saiba exatamente o motivo de estar aqui.

Antes ela sorria de uma maneira linda e depois que terminou de falar ficou completamente corada e extremamente fofa e eu sorri com sua capacidade de ser tão delicada em um momento como esse, mas algo em sua frase me chamou atenção, nem eu sabia o motivo por trás desse "sequestro".

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Mais uma vez me desculpem a demora.

SequestroOnde histórias criam vida. Descubra agora