Minha vida parece um dorama! ;; jjk

0.1

Ouviu seu despertador soar irritantemente pelo quarto, e teve a vontade imensa de quebrá-lo. Só não o fez porque se tratava de uma peça cara do mercado internacional. Abriu os olhos e se ergueu, suspirando profundamente.

O que faria da vida? Já havia se passado uma semana após sua demissão e até agora tinha apenas chorado enquanto via alguns Doramas no notebook. Seu rosto ainda estava molhado de lágrimas, sua maquiagem talvez borrada e sua carreira provavelmente destruída.

E claro, sua esperança lá embaixo. Poderia até chegar no núcleo da Terra.

Se levantou e resolveu ir tomar um banho, sentia um péssimo odor inundar seu quarto. Há quanto tempo não tomava um banho? Não sabia nem que dia era hoje, muito menos quando havia tomado um banho.

Se despiu lentamente e entrou na banheira de porcelana, afundando seu corpo e uma parte do rosto, fazendo bolhas com a boca debaixo da água. Certo, agora só bastava pensar o que seria da sua vida agora adiante.

Não estava animada para ficar muito tempo dentro da água, por isso só permaneceu ali por alguns minutinhos. Enrolou-se no roupão e foi para frente do espelho, vendo seu olhar abatido sobre si mesma.

─ Como ele pôde rejeitar uma estrela como eu? ─ indagou, fazendo bico. Nada iria piorar, daqui a algumas horas muitas empresas ligariam para ela e implorariam para tê-la atuando na frente de suas câmeras, era o que pensava.

Se vestiu elegantemente adequada para aquele dia, com uma calça branca e uma blusa listrada. Era simples e, mesmo não gostando disso, preferiu deixar assim. Pelo menos tinha dinheiro para comprar comida e talvez as suas amadas roupas.

A campainha toca, fazendo Haewon murmurar um xingamento irritado e parar de pentear seus cabelos, não se importando estar descabelada na frente de quem quer que fosse na sua porta à essas horas.

─ O-oi, srta. Kim. ─ o porteiro se curva em respeito, fazendo a garota franzir a testa na hora. O que ele queria? ─ Vim pedir o pagamento que a senhora disse que pagaria acumulado há um mês atrás.

Arregalou os olhos e imediatamente bateu a porta na cara do homem, correndo até sua carteira. Havia uma pequena miséria de dinheiro, seus cartões já estavam todos estourados. Droga! Agora ele batia incessantemente em sua porta, isso a irritava muito.

Suspirou e ajeitou os fios ondulados que teimavam em cair sob sua testa, forjando seu melhor sorriso para abrir a porta e tentar pôr em prática seus talentos com teatro.

─ Ah, me desculpe, tinha um...rato ali no banheiro.

─ Um rato?! ─ ele se espanta. ─ Deixe-me ver.

─ Na-não! Ele já foi embora, não perca seu tempo com isso. ─ o olhar de desespero substitui o sorriso, fazendo-a fechar a passagem do porteiro. ─ O que queria mesmo?

─ O pagamento.

─ Bem...eu...

─ Não posso demorar muito, srta. Kim. Tenho clientes para atender lá embaixo.

─ No momento estou sem dinheiro. ─ resmunga baixinho, mas o homem a sua frente consegue ouvir.

─ Então, mil perdões, mas a senhora terá que dar um jeito. Se em sete dias você estourar seu prazo, iremos colocá-la pra fora a força. ─ ele olha no relógio e dá um sorriso sarcástico. ─ Até mais, sra. Kim.

Quando o homem lhe dá as costas, Haewon coloca a língua pra fora e o pragueja mentalmente, sentindo uma onda de desespero bater em seu corpo. Agora que as coisas tinham piorado, dava para piorar mais?

🌙✨

Enquanto pensava no que fazer, Haewon comia uma barra de chocolate e assistia algo na televisão, no momento de crises a caloria não importa. Estava tão absorta em seus pensamentos, que tomou um susto com o toque de seu telefone.

─ Já estava mais do que na hora. ─ ela atende o telefone, crendo que fosse alguma empresa produtora de Doramas para lhe contratar, mas tudo o que teve foi o silêncio. Uma voz feminina se fez presente e a garota teve certeza que era uma operadora do seu número de telefone.

Encerrou a chamada e lançou o celular para longe, ouvindo mais uma vez o som estridente da campainha. Se fosse aquele porteiro de antes, faria questão de não abrir mais a porta.

─ Haewon! Finalmente consegui um tempo para vê-la. ─ a garota de madeixas loiras e cabelo curto entra em seu apartamento, a abraçando.

─ Momo, que inesperado.

A loira faz questão de fechar a porta atrás de si e caminhar até o sofá do grande apartamento em que sua amiga residia. Momo era a secretária pessoal de seu ex-chefe, criara um laço forte com a Kim, sempre que podiam estavam juntas e sempre tentavam ajudar uma a outra. Mesmo que não demonstrasse, Haewon gostava de tê-la por perto.

─ O que você vai fazer agora?

─ Eu estou esperando alguma empresa me ligar para me dar um emprego.

Momo soltou uma risada baixa; sua amiga não tinha jeito, tinha sempre que esperar para fazer sua parte.

─ Wonnie, você tem que correr atrás. Como vai pagar suas contas, e se nenhuma empresa souber que você está desempregada?

─ Falando em contas, a minha conta acumulada está quase chegando no prazo e eu posso ser expulsa. O que eu faço?

Ambas se mostram pensativas quanto a isso. Não havia nenhum apartamento chique vendendo pela quantia mísera que tinha em sua carteira, sua mãe não a aceitaria debaixo de seu teto, e Momo...bem, ela já tinha preocupações demais.

─ Já sei! Wonnie, eu tenho um amigo que está alugando um apartamento, é baratinho e dá pra você pagar, sobra dinheiro até para comida.

Os olhos de Haewon brilham, tinha a melhor amiga do mundo!

─ Onde fica? Vou ligar para ele agora mesmo!

─ Fica no sul de Seul, aquele bairro lá...Kaewon, acho que é esse. Que tal pesquisarmos?

Momo pega o celular do bolso e digita algumas coisas, arregalando os olhos para a pessoa ansiosa à sua frente.

─ O que houve? ─ a Kim mastigava desleixadamente um pedaço de chocolate, olhando com tédio para o chão.

─ Você não vai gostar disso, mas não tem saída. Tenta não surtar.

Estava impaciente, queria sair logo daquele lugar; por conta da ansiosidade, empurrou levemente o ombro de Momo e começou a falar:

─ Fala logo, Momo, eu não tenho o tempo todo. Tenho que começar a empacotar coisas e...

A loira olha para os lados, para enfim suspirar.

─ Haewon, acontece que... Esse lugar é um dos mais pobres de Seul.