Capítulo Cinco

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Capítulo 05



Diogo ainda estava surpreso pelo beijo. Não acreditava que tinha a beijado e ela retribuiu aquilo com o mesmo ímpeto que ele. Sua melhor ideia de todas foi passar na casa de Dona Sandra e comprar o cachorrinho, seria o elo que os ligaria sempre. Assobiando feliz e apaixonado foi para casa, quando entrou seu pai estava na sala fumando um charuto e lendo o jornal como de costume.

— Quanta animação. — Pegou o charuto com a ponta dos dedos e exalou a fumaça. Em seguida o pois sobre o cinzeiro.

— Sim. Estou muito animado. — Sentou-se ao seu lado com um suspiro. — Pai, como é estar amando? Paixão e amor são os mesmos? — Tinha que descobrir se tudo aquilo que vinha sentindo era amor ou uma paixão avassaladora que logo ia passar, mas tinha uma fina ideia de que não, jamais iria se livrar daquele sentimento.

Tavares tomado pelo susto da pergunta dobrou o jornal e lhe encarou.

— Por acaso está apaixonado?

— Talvez. — Sorriu misterioso.

— Quem é a sortuda? Será que posso saber?

— Ainda não, quero ter certeza se sente o mesmo que eu. Ai conto para todo mundo. — Sentado no sofá, descansou as botas suja na mesinha de centro que sua mãe amava. Se ela entrasse ali e visse aquilo, seria capaz de jogar o que visse pela frente em sua cabeça.

— Está certo. E respondendo sua pergunta.  Amor é quando você deseja que a pessoa que se ama seja feliz onde for e como for mesmo que não seja ao seu lado, que só em um sorriso dela de felicidade você sente-se em paz e sempre desejando mais daquele sorriso. Agora a paixão é uma coisa passageira, nos faz cometer loucuras, nos faz sentir o corpo febril por aquela pessoa sempre a querendo como louco. Para mim a paixão e o amor tem que existir na relação, a paixão nos leva a loucura e esta loucura cria o amor. — Sorriu. — São coisas difíceis de explicar meu filho, são sentimentos que se devem apenas sentir.

Diogo sorriu.

— Obrigado papai, vou me apegar a isso. Agora me deixa ir tomar um banho, tô moído e fedido. O trem difícil cuidar de terras.

— Já quer desistir? — Debochou.

— Eita, sou um Tavares, jamais desisto de nada. Isso tá no nosso sangue. — Bateu firme no antebraço e sorriu subindo para o quarto.

Tavares sentiu-se um pouco culpado em nunca dizer a verdade para ele, o mesmo sangue que corria em suas veias não corriam nas dele, mas isso não mudava o fato de ser seu filho de coração, seu menino especial. Nunca foi capaz de esquecer o bebezinho pequeno de mãozinhas minúsculas e grandes pezinhos rosados. O amor que sentiu ali o segurando não se podia por em palavras. Em uma oração silenciosa prometeu que nunca em sua vida ele saberia que não era seu filho de sangue, o amaria, protegeria, educaria, cuidaria e tornaria um bom homem como seu pai lhe fez. E não estava nenhum pouco arrependido disso, ele se tornou um jovem curioso e determinado. Tinha um imenso orgulho de quem Diogo havia se tornado.

— Querido? Está bem? — Cinthia aproximou-se, vendo-o distante em pensamentos.

— Sim, estava aqui pensando. — Apagou o charuto que soltava uma fina fumaça.

— Em quê? Se é que posso saber. — Sentada ao seu lado arregalou os olhos quando viu sua mesinha suja de pedaços de barro. — Mas quê... — Bufou.

— Em quando Diogo nasceu. — Sorriu com as lembranças. — Nunca foi um menino chorão. Nem quando nasceu, o médico lhe deu a palmada e foi um custo para ele abrir o berro. — Riu. — Cê lembra aquela vez que ele caiu da mesa e bateu a cabeça? Quase que desmaiamos quando ele estava no chão imóvel por uns segundos, ai ele levantou passando a mãozinha na cabeça e disse mamãe dói. Mas não chorou?

— Oh eu lembro sim, eu quase que tive minha alma fora do corpo. Não pude correr para segurá-lo antes de bater no chão, pois amamentava Marta.

— Ele sempre curioso e aventureiro. Queria porque queria aprender andar a cavalo com cinco anos.

— Ah, querido! Não venha com este papo porque você sempre o mimou, sempre o deixou fazer tudo que queria, eu dizia não e você ia lá e dizia sim.

— Só queria o ver feliz e não é verdade, apoiei você na decisão de mandá-lo para São Paulo. Por mais que sentisse falta do meu companheiro.

— Você é o homem mais incrível do mundo. — Lhe beijou a bochecha. — Vou tomar banho. Já, já o jantar será servido. Quer um copo de licor?

— Não. O médico me proibiu de tomar licor por uns dias. Tenho que aceitar.

— Tudo bem.

Cinthia subiu para o quarto do casal, ela tinha um grande carinho por Tavares, mas por mais que tentasse não conseguiu esquecer Józef em todos estes anos. Trancando a porta ela seguiu para uma penteadeira onde estavam todas suas maquiagens. Abriu uma gaveta e tirou uma pasta colorida onde dizia “Estilos de maquiagem” assim despistava caso  o marido um dia encontrasse. Sentada na beirada da cama, olhou os recortes de jornal onde haviam diversas fotos e matérias sobre Józef. Lágrimas molhavam sua bochecha vendo aquilo tudo, ainda lhe amava e se odiava por isso, era uma tola por ainda ter este sentimento pelo homem que acabou com sua vida.

Você Para Sempre (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora